Santo Domingo, Cabarete, Puerto Plata e Samaná. A Volta ao Mundo foi à República Dominicana e encantou-se por quatro locais onde não faltam sol, cultura, surf, história, gastronomia, natureza e o fator «uau!». Um roteiro com o que não pode perder por lá, basta que saia do hotel e descubra um país surpreendente. E com banda sonora de Juan Luis Guerra.

Texto de Rita Aleixo
Fotografias de Leonel de Castro

Areia branca, água azul-turquesa, vegetação verde-esmeralda e casas com telhados em chapa de zinco. A paisagem não engana: chegámos à República Dominicana. À saída do Aeroporto Internacional Las Américas, os pulmões enchem-se de ar quente. A humidade dificulta a respiração e o corpo começa a adaptar-se ao clima tropical. Situado no coração do Caribe, este país, banhado também pelas águas do Atlântico, foi descoberto por Cristóvão Colombo em 1492 durante a sua primeira viagem ao Novo Mundo. A República Dominicana compartilha o território insular – a ilha Hispaniola – com o Haiti, a oeste, e é «rainha» do turismo mundial. Do rum aos resorts, passando pelos ritmos latinos e pelas praias, os viajantes voam até cá em busca de um paraíso – e não podiam estar mais certos. Esta ilha das Caraíbas tem de tudo um pouco: montanhas, savanas, florestas tropicais, areais a perder de vista e cidades surpreendentes para descobrir.

Santo Domingo, a capital, é uma das cidades mais antigas do Caribe. História, cultura, gastronomia e muito mais para explorar nesta cidade «em forma de tabuleiro de damas», uma expressão utilizada pelo guia do pequeno comboio turístico, o Chu Chu Colonial, que nos leva num tour pelo bairro histórico da cidade: a zona colonial. Com casas de diferentes épocas e estilos arquitetónicos, foi declarada Património Mundial pela UNESCO no ano de 1990 e é um local de passagem obrigatória para quem visita a capital. De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, em Santo Domingo foram construídas a primeira catedral, a primeira universidade e o primeiro hospital da América. Percorrer as ruas da Cidade Colonial a pé é – provavelmente – a melhor maneira de conhecer os tesouros deste lugar com mais de 500 anos de história. Não faltam pontos de interesse para visitar no centro histórico, outrora rodeado por muralhas e fortes. A Catedral Primada de América (ou Catedral de Santa María la Menor), a mais antiga catedral do continente, do século XVI, mistura os estilos plateresco e gótico. Localizada no Parque Colón, a praça central da zona histórica, onde se encontra a estátua de Cristóvão Colombo, é um dos monumentos mais importantes da Cidade Colonial.

O tempo húmido e abafado não nos deixa caminhar por longos períodos. É hora de ganhar novo fôlego com um sumo fresco – a papaia é sempre uma boa recomendação. Os cafés antigos e vendedores ambulantes, espalhados por todas as praças, oferecem desde sumos de frutos tropicais a bebidas alcoólicas tipicamente dominicanas, como a MamaJuana, que junta rum, vinho tinto e mel com ervas e casca de árvore – dizem-na afrodisíaca, fica a dica. Qualquer que seja a bebida escolhida, tenha atenção ao gelo – não vai querer passar as férias dentro do hotel.

Depois da pausa, regressamos ao passeio. A Plaza de España, o Palácio Alcázar de Colón, o Museo de Las Casa Reales, a Calle Las Damas, o Museo Memorial de la Resistencia Dominicana e as ruínas do Hospital San Nicolás de Bari são outros locais de passagem obrigatória nesta zona histórica, que serviu de cenário para rodar algumas das cenas do filme O Padrinho II (1974), de Francis Ford Coppola. A Calle El Conde é uma rua pedestre onde se situa a maior parte do comércio da zona colonial. Estende-se por dez quarteirões e está repleta de lojas de souvenirs (onde pode encontrar a famosa pedra azul-celeste de origem vulcânica oriunda da República Dominicana: a Larimar), restaurantes, mercearias, tabacarias, e de artistas que exibem as suas obras de arte ao ar livre.

De bicicleta, comboio ou a pé, é impreterível conhecer Santo Domingo, uma cidade que alia a história à modernidade e que acolheu Mildred González, membro do departamento de relações internacionais do Ministério de Turismo na capital dominicana e nossa guia durante a viagem. Mildred nasceu perto do destino campeão do turismo do país, Punta Cana, e veio para Santo Domingo à procura de oportunidades: «Vim para estudar na universidade, uma vez que na minha terra natal não havia», conta. Os roteiros não fazem jus à diversidade e à riqueza de Santo Domingo. Há muito mais para explorar, mas está na altura de rumar a norte, em direção a outro destino.

Da capital da República Dominicana até à próxima paragem, Cabarete, são aproximadamente quatro horas de carro. Situada na província de Puerto Plata, a cerca de vinte quilómetros do aeroporto, esta cidade é famosa pelas praias e é o destino perfeito para os amantes de desportos de água. Ainda que longa, a viagem não é entediante. Os ritmos quentes que passam na rádio fazem mexer o corpo e põem-nos um sorriso no rosto. Voltamos a cair em nós: «Estamos mesmo na República Dominicana.»

Localizada a norte do país, a pouco mais de 200 quilómetros de Santo Domingo, Cabarete promete não desiludir quem gosta de surf, kitesurf ou windsurf. Um dos melhores spots para praticar este tipo de modalidades desportivas é a praia Encuentro. Depois das indicações dadas pelos instrutores da escola 321 Takeoff, o grupo entrou no mar sem medos, com as pranchas de surf debaixo do braço, para enfrentar as ondas. Esta praia situada entre Sosúa e Cabarete é um local de eleição para surfistas locais e não só. É descrita como «perfeita» pelos apaixonados por desporto aquático e tem as melhores escolas de surf da região. Aqui, reúnem-se as condições perfeitas: há ondas apetecíveis durante quase o ano todo e há sempre muito vento (ideal para quem pratica windsurf). Não é por acaso que alguns dos campeões mundiais deste tipo de modalidades são dominicanos. O campeonato Master of the Ocean terá lugar nesta mítica praia entre os dias 23 e 28 de fevereiro deste ano. «Quatro desportos aquáticos, um campeão» é o lema do torneio que abrange quatro modalidades: surf, windsurf, kitesurf e stand up surf. Uns quantos mergulhos depois (em água quente, é claro), é tempo de voltar à estrada e mudar o destino no GPS.

Puerto Plata, na costa norte da República Dominicana, é o berço do turismo no país. Acolheu, inclusive, mais uma edição da Feria Internacional de Turismo y Aventura Discover POP, em setembro do ano passado. Puerto Plata, conhecida como La novia del Atlántico («A namorada do Atlântico», em português) tem de tudo um pouco: montanhas, praias, plantações de cacaueiros e de café, história e cultura. O nome da cidade, a nona maior da República Dominicana, foi dado pelo explorador Cristóvão Colombo. Tem um dos portos mais importantes do país, que pode ser visto desde a Fortaleza San Felipe, e um centro histórico que vale a pena conhecer.

O Parque Central de Puerto Plata é ponto de encontro para os habitantes locais. Neste lugar, conhecido também como Plaza de la Independencia, encontra-se a Catedral de San Felipe Apóstol e inúmeros cafés e geladarias instalados em edifícios históricos. Também as casas vitorianas, as instalações modernas e as lojas de artesanato fazem deste um local emblemático – e de visita obrigatória. Os viajantes que pretendam ter uma perspetiva diferente da cidade, podem andar no teleférico de Puerto Plata, único nas Caraíbas. Do alto da montanha, a quase 800 metros de altitude, podem desfrutar de uma vista panorâmica de Puerto Plata – imperdível. Neste local, os visitantes encontram a estátua do Cristo Redentor e ainda um jardim tropical, com uma vasta variedade de espécies de plantas.

Das alturas, vamos até à mais famosa fábrica de rum do país, a Casa Ron Brugal, para provar um dos produtos mais exportados da República Dominicana. O rum Brugal é o mais conhecido (e vendido) neste país caribenho. Foi criado em Puerto Plata, por Don Andres Brugal Montaner, há quase 130 anos. Desde então, cinco gerações da família Brugal têm conservado a tradição para manter vivo este rum, conhecido internacionalmente. «Nesta fábrica, são produzidos mais de 90 mil litros de rum todos os dias», explica o guia durante a visita à fábrica. Os interessados poderão reservar uma excursão para desvendar todos os segredos desta bebida.

Para além do rum, Puerto Plata é também conhecido pelo turismo de aventura. Os amantes de adrenalina não vão querer perder uma das principais atrações turísticas desta região do país: os Saltos de Damajagua. Trata-se de um trilho de cascatas – 27 Charcos de Damajagua – entre densas florestas e colinas rochosas. As excursões levam os grupos a visitar somente sete das cascatas, uma vez que a chegada à 27ª está reservada para os aventureiros mais audazes e fisicamente preparados. À entrada do parque, localizado a aproximadamente uma hora do centro de Puerto Plata, os guias locais explicam os procedimentos e fornecem capacetes, coletes e sapatos de borracha próprios para a água. A caminhada até à primeira cascata dura cerca de trinta minutos. Um conselho: leve água, repelente e protetor solar. Os participantes podem nadar, saltar ou deslizar por rampas (os chamados tobogãs) para as piscinas naturais de água límpida. A experiência é aliciante para quem gosta de praticar desporto e estar no meio da natureza.

A República Dominicana é o país com maior biodiversidade das Caraíbas, sendo, por isso, um destino de eleição para os adeptos de ecoturismo. Entre parques nacionais, santuários naturais e reservas não faltam tesouros para descobrir. A província de Samaná, situada no nordeste da República Dominicana, é o destino ideal no país para os apaixonados por praias e beleza natural. A cerca de 220 quilómetros do destino anterior, oferece paisagens exóticas de cortar a respiração.

Localizado na península de Samaná, o Salto del Limón é um lugar incontornável. Esta «joia natural» recebe milhares de turistas todos os anos, principalmente oriundos do Canadá. «Aqui, o turismo faz toda a economia», explica Jéssica, a nossa guia da Runners Adventures. Para visitar esta cascata de quarenta metros de altura, encaixada numa idílica paisagem, os viajantes podem optar por ir numa excursão de safari até um determinado local e, depois, a pé ou a cavalo até à queda d’água. O percurso é acidentado, mas vale (muito) a pena percorrê-lo. São cerca de três quilómetros de densas florestas tropicais deslumbrantes. Pode optar também por ir de caiaque pelo rio El Limón até à cascata. «Uau!» – esta é a expressão quando nos deparamos com aquela pérola natural, situada na serra de Samaná. Depois de um trajeto acidentado, só apetece refrescar na piscina de água doce em tons verde-esmeralda sob a catarata.

«Lámpara pa’ mis pies (Lámpara pa’ mis pies)/ La luz de tu mirada es (Lámpara pa’ mis pies)/ El meneguito de mi fe (Lámpara pa’ mis pies)/ Ay, mira que/ Lámpara pa’ mis pies.» A voz de Juan Luis Guerra, a figura mais famosa da música dominicana, acompanha-nos até à próxima – e última – paragem desta aventura. O grupo canta alto e bom som os versos da canção que se tornou o hino da nossa jornada por este fascinante país. Saímos da carrinha e apanhamos uma lancha que nos leva ao destino seguinte: o Parque Nacional Los Haitises. Com 1600 quilómetros quadrados, esta área protegida é epopeica. Entre formações rochosas milenares, extensos mangais, ilhotas com espécies raras de aves ou grutas com petróglifos e pictogramas, este é um lugar mágico, que faz arrepiar até os mais insensíveis. Los Haitises (que significa «terra montanhosa», na língua dos tainos) serviram de pano de fundo para algumas das mais célebres produções cinematográficas do mundo, como Parque Jurássico ou Piratas das Caraíbas. A melhor forma de explorar os refúgios do parque é de barco. No final da visita, Filipe e Raúl, os nossos guias durante a excursão, levam-nos de volta ao porto. Depois da viagem de cerca de meia hora, já com os pés em solo firme, tivemos a certeza de que este país insular é muito mais do que turismo, bachata e rum. É terra de gente generosa e de natureza em estado puro. O slogan do turismo do país não poderia ser mais certeiro: «República Dominicana lo tiene todo» (tem tudo).


Guia de viagem

Moeda
Peso dominicano
1 € = 59 DOP

Fuso horário
GMT -4

Idioma
Castelhano (língua oficial)

Ir
A Iberia tem voos para Santo Domingo com escala em Madrid, Espanha. Saiba mais em iberia.com/pt/.

Quando ir
Na República Dominicana o clima é tropical. A época de chuvas ocorre entre julho e novembro e a estação seca (temperaturas mais amenas, menos chuva e humidade) entre dezembro e abril. Fevereiro e março são os meses mais baratos.

Ficar
SANTO DOMINGO
El Embajador
Inaugurado na década de 1950, e entretanto remodelado, este hotel de luxo é considerado como um dos mais icónicos da América Latina. Com vista para o mar e para a capital do país, recebe regularmente eventos importantes e figuras mundialmente conhecidas. Tem seis categorias de quartos e suites e dispõe de spa, jardins, piscina e outras comodidades dignas de um hotel de cinco estrelas. A decoração é elegante e moderna.
Av Sarasota 65, Bella Vista, 10110 Santo Domingo
Tel.: (809) 221-2131
Reservas: [email protected]
Site: barcelo.com
Instagram: @hotelelembajador

CABARETE
Hotel Cabarete Viva Wyndham Tangerine
Localizado a cerca de cinco minutos do centro de Cabarete, o resort tem mais de 300 quartos. Serviços disponíveis: discoteca, teatro, três restaurantes, dois bares, kids club, piscina, ginásio, spa, desportos aquáticos, entre outros. A decoração de certas zonas do resort é alusiva ao surf.
Carretera Sosua Cabarete Sosúa 57000
Site: wyndhamhotels.com
Instagram: @vivaresorts

PUERTO PLATA
Hotel Puerto Plata Viva Wyndham V Heavens
Inserido no complexo Playa Dorada, este é um resort com serviço de tudo incluído. Tem cerca de 200 quartos de diferentes categorias, spa, piscina, ginásio, bar de praia, vários restaurantes, campo de golfe e ainda discoteca. Este é um hotel só para adultos.
Playa Dorada Complex, 05700
Site: wyndhamhotels.com
Instagram: @vivaresorts

SAMANÁ/TERRENAS
Hotel Viva Wyndham V Samaná
Este resort tem serviço de tudo incluído, piscina, spa, discoteca, teatro, espetáculos de músic ao vivo, quatro restaurantes e ainda bares de praia. Os amantes de desporto podem desfrutar também de várias atividades, como yoga ou ténis. O hotel perfeito para encher o feed de Instagram com fotografias no paraíso. Desfrute também da praia do resort.
Las Terrenas 32000
Site: wyndhamhotels.com
Instagram: @vivaresorts

Comer
SANTO DOMINGO
Casa Gastronómica S. XVII
Este restaurante, situado na Cidade Colonial, pertence ao famoso chef Leandro Díaz, que foi jurado do programa de televisão MasterChef da República Dominicana. Neste local, degustámos diversos pratos e sabores tradicionais, como chivo (carne de cabra) ou empanadas. Sugestão: acompanhe a rica experiência gastronómica com uma cerveja artesanal. Este espaço acolhedor e com uma decoração original recebe muitos dominicanos que vivem fora do país.
Calle 19 de Marzo 203 Santo Domingo 10210
Tel.: +1 829-642-1576
Site: chefleandrodiaz.com/
Instagram: @casagastronomicasxvii

Visitar
SAMANÁ/TERRENAS
Las Ballenas
Situada em El Limón, esta é uma famosa fábrica de charutos. Aqui, os visitantes poderão ver de perto o processo de produção manual dos charutos da região. Se quiser levar um souvenir para oferecer, esta é uma boa opção. Para além do natural, há tabacos com vários sabores, como manga ou baunilha.

MAIS INFORMAÇÕES
Turismo da República Dominicana
Site: godominicanrepublic.com
Facebook: Turismo da República Dominicana
Instagram: @godomrep


Reportagem publicada originalmente na edição de janeiro de 2020 da revista Volta ao Mundo (número 303).

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