Tesouros da Polónia vistos pelo embaixador em Portugal Jacek Junosza Kisielewski.

Texto de Leonídio Paulo Ferreira
Mala diplomática publicada na edição de julho de 2018 da revista Volta ao Mundo, número 285.

Jacek Junosza Kisielewski mostra com orgulho a máquina fotográfica com que costuma ir para o campo, em Portugal como na sua Polónia, fotografar plantas e animais, e diz que os dois países são excelentes para quem, como ele, e um apaixonado por registar o que de mais belo há na natureza. Embaixador em Portugal desde setembro de 2016, este biólogo de formação escolheu como tesouro nacional a abordar nesta conversa os 23 parques nacionais polacos, com localizações desde o mar Báltico, no norte, ate as montanhas Tatra, no sul. «Temos um grande programa de preservação da natureza, parques nacionais com uma grande variedade, que são visitados pelos polacos e também por muitos estrangeiros», realça o diplomata.

Um dos animais que fazem parte da paisagem polaca, destaca Jacek Junosza Kisielewski, e a cegonha-branca. «Sei que e muito emblemática em Portugal. Pois na Polónia também é. Temos cerca de 52 mil casais, a maior população do mundo. E há também a cegonha-preta, uma ave muito bonita, que mora nas florestas e é muito selvagem, mantendo a distância do homem. Temos entre 1500 e 2300 casais, mas na minha infância chegaram a ser apenas quinhentos. Houve uma grande recuperação», acrescenta o embaixador, com formação em biologia, ecologia e zoologia, nascido em 1952 em Poznań e que se doutorou na Universidade Adam Mickiewicz.

O bisonte-europeu de Białowieża é espécie protegida.

«A minha paixão principal e a fotografia da natureza. Gosto de fotografar todos os elementos da natureza, sejam animais ou plantas. E tenho-o feito com grande prazer aqui em Portugal desde que cheguei há dois anos», diz Jacek Junosza Kisielewski, que tal como os seus dois recentes antecessores na embaixada polaca em Lisboa fala português. «Antes de entrar para a carreira diplomática, trabalhei dezassete anos como investigador e professor. Aprendi português no Brasil como professor visitante na Universidade de São Paulo em 1984-1985 e como pesquisador trabalhei não só em São Paulo mas também no Mato Grosso do Sul e na Amazónia. Mais tarde voltei ao Brasil como embaixador e continuei a praticar o meu português. E agora tenho esta oportunidade em Portugal», explica o diplomata em bom português.

Falamos ainda dos ursos e dos lobos, que tem importantes populações na Polónia, mas Jacek Junosza Kisielewski destaca o bisonte-europeu, pois o seu país tem estado muito envolvido na preservação dessa espécie. «Depois da Primeira Guerra Mundial o bisonte-europeu esteve perto da extinção. A população mundial era de 54 animais e foi estabelecido um grande programa de recuperação. Cientistas polacos e de outros países escolheram 12 exemplares para reconstituírem a população selvagem e no início deste milénio já havia três mil no mundo. A recuperação foi um sucesso muito graças as florestas naturais da Polónia. Hoje temos 1400 bisontes, a vasta maioria no estado selvagem», comenta o biólogo, que sublinha que apesar dos quarenta milhões de habitantes a grande área territorial do seu país (a Polónia e o sexto maior pais da União Europeia) permite muitos espaços ainda sem ocupação humana e isso ajuda a natureza.

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