Sustentabilidade, progresso, ecoturismo, gastronomia e personagens inesquecíveis. São Tomé e Príncipe é um projeto para o futuro. E está a acontecer hoje. Para ler e ver nos programas de televisão da Volta ao Mundo na RTP 3.

Texto de Ricardo Santos
Fotografias de Nuno Mota Gomes e Fernando Marques

Ilha do Príncipe

É Reserva da Biosfera e um exemplo para o mundo quanto a sustentabilidade ambiental e desenvolvimento das populações locais. Além disso, é um pequeno paraíso.

De quatro a doze horas é o tempo que leva a viagem de barco entre São Tomé e o Príncipe. Tudo depende do estado da embarcação, se é de carga ou de passageiros, se o mar está bravo ou calmo como um espelho. Optamos pelo avião e por 35 minutos de voo para cumprir cerca de 140 quilómetros de distância entre as duas ilhas. Nem dá tempo para uma soneca depois do pequeno‑almoço. A tripulação é da Europa de Leste, nota‑se pelo sotaque das comunicações. Os passageiros são cerca de trinta, metade são‑tomenses. Há um casal de alemães que não sabem bem o que esperar do destino para onde voam. Uma espanhola e um asiático leem com gula um guia sobre a ilha do Príncipe.

O avião vai perdendo altitude de forma rápida, furando o capacete de nuvens que já é uma imagem de marca deste arquipélago africano, um dos mais pequenos países do mundo. E é a bater as dez da manhã que os tons de verde e azul do mar começam a ser elogiados desde a janela do avião. Estamos a chegar ao Príncipe. E depressa vamos perceber por que razão a ilha foi declarada Reserva da Biosfera pela UNESCO em 2012.

Marina Pereira está à espera para nos levar à Roça Sundy. É uma das muitas funcionárias do grupo HBD, criado pelo sul‑africano Mark Shuttleworth. Diz a lenda local que o empresário (e milionário) terá sobrevoado a ilha no seu avião particular e que a beleza e a imponência da natureza lhe terão chamado a atenção. Informou‑se, visitou o território e resolveu investir no turismo, mas não só. Hoje a empresa é a principal entidade privada na ilha a apoiar o desenvolvimento sustentável, sem nunca esquecer o crescimento económico e social. Não é disso que falamos na curta viagem até à Roça Sundy. Estamos mais entretidos a tentar orientar‑nos nesta jangada verde de dezasseis quilómetros de comprimento por oito de largura.

Marina é açoriana, já viveu em Angola e o Príncipe está a ser «uma experiência única e positiva». É ela quem o diz enquanto conduz a pick-up pelas estradas que passam depressa a picadas. Chegamos ao paralelepípedo que indica a proximidade à antiga roça colonial, a primeira do arquipélago a receber um pé de cacau. Foi em 1822 e história não falta por aqui. Caminhamos pelo meio da relva alta. Há jovens e adultos a jogar à bola no relvado natural. Da creche – a funcionar num rés‑de‑chão de um dos edifícios – saem as gargalhadas e cantilenas normais das crianças. Somos convidados a entrar e a participar na cantoria. Impossível resistir.

Foi na Sundy que, em maio de 1919, o astrónomo inglês Sir Arthur Eddington comprovou a Teoria Geral da Relatividade de Albert Einstein. Aconteceu durante um eclipse solar, que permitiu analisar a deflexão da luz. Trocando por miúdos – e está tudo explicado numa placa alusiva ao acontecimento histórico –, provou‑se que o espaço e o tempo não eram absolutos. Foi uma das descobertas científicas mais importantes da ciência e pouca gente sabe que ocorreu aqui, na Sundy, a forma simplificada com que foi batizado o primeiro proprietário da roça. De senhor Dias a Sundy foi um passo de língua e de tempo.

A roça está dividida em dois espaços: a casa principal e os antigos secadores e as sanzalas e as cavalariças. Cerca de quinhentas pessoas vivem nas proximidades e o ponto de encontro é o terreiro central, aquele dos jogos de futebol improvisados. O antigo hospital, junto ao principal acesso, é só uma sombra do que já foi, mas tem o encanto e o potencial de uma construção que a selva está a encarregar-se de cobrir. Marina leva‑nos agora para a casa principal, onde serão distribuídos os quartos e feitas as apresentações. Manuel Barbosa é o diretor da Roça Sundy. Já correu mundo em trabalho e em prazer e encontrou na ilha um refúgio perfeito. «É um lugar especial, cheio de história e onde se sente a tranquilidade em cada canto.» Sim, Manuel. Ainda agora chegámos e já estamos a senti-la.

É tempo para uma bruschetta com tomate assado, presunto do Príncipe e micocó – uma das mais utilizadas ervas da ilha, presente nos principais pratos. Dizem que o seu chá é afrodisíaco. Os próximos dias o dirão. Ou não. Segue‑se polvo, coco e pudim de pão.

As baterias estão carregadas e agora é Ofreu Aurora, nascido e criado por aqui, que serve de cicerone. É um experiente guia no que diz respeito à flora e à fauna. Ainda não tem carta de condução, por isso oferecemo‑nos para conduzir pela estrada sinuosa e lamacenta. Ofreu tem o cabelo com rastas e estas encontram‑se no cocuruto, presas por um elástico. Podia ser Éder ou Salvador Sobral, mas nenhum desses saberá tão bem identificar espécies comestíveis à beira de um caminho tão encharcado como este. Não para de chover há bem mais de duas horas. «Chuva mulher», ri‑se Ofreu. É o nome dado por cá – pelos homens – à água que cai do céu de forma persistente e aborrecida. «Chuva homem é outra coisa», diz‑nos. «É mais bruta e rápida.»

E nisto chegamos à praia, daquelas com vegetação quase até ao mar. Escondido na floresta já está o esqueleto daquilo que vai ser, nos próximos meses, o Sundy Praia, a nova unidade do grupo HBD – um resort de luxo com os pés na areia. [atualização: o resort já está a funcionar]

Voltamos à roça para uma prova de cacau. Afinal, foi aqui que tudo começou. Há fresco, em vinagre, como muesli, sob a forma de creme ou torrado. A noite caiu depressa como sempre acontece nas imediações da linha do equador. Hoje vamos sair para jantar na capital da ilha, Santo António. É uma cidade que provoca sentimentos contraditórios. Por um lado, pobre, mal cuidada, quase a roçar o abandono. Por outro, cheia de crianças e jovens, movimentada para os seus cinco mil habitantes, com uma loja de cada ramo para os servir – padaria, mercearia, de recordações ou de venda de tecidos.

Paramos no Mira Rio, o café com vista de rio, ponto principal para os estrangeiros que cá vivem – a internet é um fator convidativo. Tem máquina de café de cápsula e cerveja nacional, sempre sem rótulo, bem como portuguesa. Próxima paragem: a associação cultural e restaurante Rosa Pão. A mesa está posta no alpendre. Já lá está sentada uma família de quatro pessoas e mais três documentaristas que andam a filmar pelo Príncipe. Todos franceses. Portugueses, além de nós, há mais. Uns trabalham para o HBD, outros para a Reserva da Biosfera.

A comida começa a chegar, as conversas cruzam‑se e três são-tomenses aproximam‑se. «Boa noite, sejam bem‑vindos à ilha do Príncipe.» Um está de galochas sujas pela lama, outro de havaianas e o terceiro de ténis. Trazem três violas e uma harmónica. «Somos a Banda Unida.» Os sons de África acompanham agora a barracuda, um dos muitos peixes desta costa. «Ter uma vida boa nesta terra não é fácil não», canta a Banda Unida. «São Tomé e Príncipe, terra linda», diz o refrão. E é assim que vamos embalados de regresso à Sundy. No dia seguinte há muito para fazer.

Começamos com uma visita ao Precipício, tem de ser. É deste miradouro que se tem a melhor vista sobre a praia Banana, um dos cartões‑postais da ilha. Seguimos selva dentro para a Roça Paciência, outra das estruturas deixadas pelos portugueses. Tem o mesmo aspeto deteriorado pelo tempo, mas coisas novas estão a surgir por aqui. Geraldo Cravid tem o sorriso de quem gosta de receber gente. É o responsável pela área agrícola, a nova vida da Paciência. Daqui saem legumes, frutos, ervas aromáticas, café e cacau, além das compotas servidas aos pequenos‑almoços nos principais hotéis do Príncipe.

Ainda antes do almoço temos encontro marcado com Yodi, um dos mais experientes guias do país. Cortamos por estradas de terra, avistamos o Boné do Jóquei, um ilhéu ao largo que tem o formato do nome, e paramos no início do T7, um dos oito que constituem os Trilhos da Biosfera marcados na ilha. São 45 minutos de caminhada sobre pedras, terra e lama. É acessível para toda a gente com mobilidade, não sendo aconselhável a crianças pequenas nem adultos de idade avançada.

Pelo caminho, Yodi vai falando das espécies, da história da cascata para onde caminhamos – a Oquêpipi. «Antigamente, os donos da roça vinham passar o fim de semana para aqui, até construíram um caminho. Com o tempo, ficou coberto e só muito recentemente voltámos a descobri‑lo.» A humidade é elevada e o som da cascata está cada vez mais perto. A queda de água tem mais de setenta metros de altura, segundo Yodi, de 36 anos, com quatro filhos. Com a catana corta um ramo e dá‑nos a provar. A água que de lá sai está filtrada pela natureza.

A lagoa que se forma pela cascata pede um mergulho, apesar da água fria. Ficam dois conselhos: não mergulhar sem ver o fundo e não beber a água que ali chega. É tempo de fazer o caminho inverso até ao jipe. E deste até Santo António onde nos espera Dona Zinha. É a típica matriarca africana e tudo se desenvolve em seu redor. Aquilo que já foi uma barraca sem condições é hoje um modesto restaurante com tábuas corridas a servir de mesas e bancos. Banana assada, peixe e caranguejo são os reis da festa, apesar do atraso de quase duas horas com que chegámos. «Já está tudo frio…», lamenta Dona Zinha, naquela espécie de raspanete de que nos lembramos quando éramos crianças e ficávamos na rua a brincar até mais tarde.

Há um passadiço de madeira que já é mítico no Príncipe. Liga a ilha ao mais famoso dos ilhéus da região – o Bom Bom. Faz parte de um resort que não precisa de publicidade nem de pruridos quanto a elogios. É um pequeno paraíso e basta ali chegar para se perceber. Sérgio Duarte, diretor‑geral, fala‑nos da pesca ao marlim que tornou conhecida a enseada, refere o ecoturismo como motor da ilha, apresenta as novidades do Bom Bom e salienta a experiência vivida por cada pessoa que chega: «Há quem venha passar dois ou três dias e marque logo para o ano seguinte. E entende‑se porquê.» Além do insuperável trinómio bungalow‑praia-palmeira, há mergulho, pesca, caminhadas e passeios de barco para fazer.

Afinal, esta é a ilha onde mais de cinquenta por cento do território é área protegida. É aqui que se trocam garrafas de plástico por outras amigas do ambiente, que se incentiva a reciclagem desde a escola primária, que se combate o turismo de massas com o turismo de consciência. Estrela Matilde fala de tudo isto com paixão. Portuguesa de Sines, já é sãotomense por mérito. Trabalha para a Reserva da Biosfera e é uma das pessoas que dão a cara em defesa do Príncipe. Elogia o trabalho feito pelo governo da ilha e pelas empresas estrangeiras que têm apostado no território, mas acima de tudo gosta de realçar a maior riqueza que encontrou: «É óbvio que esta é uma reserva única da biosfera, com uma diversidade que chega a ser maior do que a das ilhas Galápagos. Isso é impressionante, mas não tenho dúvidas de que são as pessoas quem mais faz a diferença aqui.»

Uma dessas pessoas é o senhor Pimpa. Cabo-verdiano de nascença, são-tomense por antiguidade, recebe‑nos na sua quinta com a camisola do SL Benfica vestida. O português que fala parece saído de um compêndio de boas maneiras, dicção cuidada e nobreza palaciana. É produtor de ananases, os melhores da ilha, dizem‑nos. Vai buscar um e corta‑o às rodelas com a faca afiada. Dá‑nos a provar. O adocicado com o ácido estão na medida certa. Tal como a ilha do Príncipe.

São Tomé

A principal ilha do país perdeu a inocência de outros anos, mas continua a ser um refúgio para quem a visita.

Chegamos a São Tomé já com saudades do Príncipe e da paz que por lá se vive. Paz que veio a ser afetada pela notícia da noite anterior – um dos navios de carga de pequeno porte que faz a ligação entre as duas ilhas está desaparecido. Dias mais tarde, chegará a confirmação de oito mortos e da perda da grande maioria da carga. «Já aconteceu mais vezes», diz‑nos o motorista que nos leva ao Omali Lodge, hotel entre o aeroporto e a capital São Tomé. «É um problema, um dos problemas, que tem de ser resolvido.» Nem tudo é luz no paraíso.

Passamos o Morro da Trindade, residência oficial do presidente do país, e o monumento às vítimas do massacre de Batepá (3 de fevereiro de 1953), quando um grupo de proprietários e militares portugueses atacou habitantes locais com a acusação de uma tentativa de conspiração. Parecem resolvidas as divergências coloniais e as vias estão abertas entre os dois países. Prova disso é a Casa‑Museu Almada Negreiros. Joaquim Vítor era um dos meninos que vendiam flores aos turistas na estrada para a cascata São Nicolau. Nunca tinha ouvido falar do pioneiro do modernismo português quando brincava nas ruínas da casa onde morou a sua família – e onde terá nascido, em abril de 1893, o pequeno José Sobral de Almada Negreiros.

Joaquim comprou as ruínas da casa e é lá que funciona hoje o pequeno museu e um restaurante que está a dar que falar na ilha. Produtos locais como os búzios, o atum, a banana‑pão, erva‑mosquito e o micocó não faltam. Mas Joaquim quer mais. Gostaria que os governos português e são-tomense ajudassem na preservação da casa e da memória deste «produto» comum às duas nações. E está a fazer por isso. Sentado num dos cantos do jardim, no avental ainda posto pode ler‑se uma das frases do mestre Almada: «A alegria é a coisa mais séria da vida.»

A caminho de São João dos Angolares, passamos por Caridade. A placa está à beira da estrada, rodeada de vegetação. O nome dá que pensar, há demasiadas crianças nas roças e nas pequenas localidades a pedir doces ou material escolar. Os anos de turismo criaram o hábito de distribuir guloseimas e canetas pelos mais pequenos. A tarefa agora é a de mudar a mentalidade e fazer que os visitantes entreguem material didático e médico nos locais apropriados: escolas, hospitais, associações.

Deixámos já para trás Santana, a capital do surf em São Tomé. É lá que vive Jejé Vidal, 18 anos e estrela da terra. Já participou numa etapa do mundial da modalidade nos Açores, e debate‑se com o problema dos patrocínios para seguir uma carreira profissional. Começou com uma tábua de madeira e hoje faz parte da primeira geração de promissores surfistas são-tomenses. Traz um chapéu da Federação Portuguesa e olha para o mar com vontade. «Todos os dias entro na água. Às vezes, até de noite vou.» Nesse dia, já com o escuro a chegar, no regresso do Sul, do Parque Natural Ôbo e do pico do Cão Grande (a elevação de origem vulcânica com trezentos metros de altura), Jejé estará a sair da água, com um sorriso de criança. Foi mais um dia de treinos.

Esta é uma terra de histórias bem reais, mas também das imaginadas. Como a do barão de Água Izé, João Maria de Sousa e Almeida. Viveu entre 1816 e 1869, foi poeta e agricultor, responsável pela introdução da árvore da fruta‑pão e da cultura de cacau em São Tomé. Esta é a parte real. A parte de lenda é que o barão teria por hábito entrar na água a cavalo, num local chamado Boca do Inferno, junto à roça de Água Izé – onde as rochas rebentam com violência num canal natural – e sairia minutos mais tarde em Cascais, no local com o mesmo nome dantesco. Nunca ninguém repetiu o feito, mas algumas pessoas já perderam a vida nesta armadilha natural.

Diz a lenda que a Boca do Inferno tem ligação direta à de Cascais, em Portugal.

No Norte da ilha, as lendas dão lugar à dureza de cada dia. Vamos agora a caminho da cidade de Neves, conhecida pela sua artesanal frota pesqueira e pelas praias dos Tamarindos e da Lagoa Azul (boa opção para snorkelling e mergulho). Vamos fisgados no Santola, um restaurante aberto há cerca de quarenta anos, cuja especialidade não deixa dúvidas. Subimos ao primeiro andar da casa de madeira, como todas as outras – muitas – em seu redor. Os caminhos são de terra batida, há gente por todo o lado.

A curta distância, à beira do mar, as mulheres amanham o peixe que chegou de manhã. Vai ser aberto e posto a secar, para ser vendido no mercado principal de São Tomé, também ele uma experiência. Vitorino Pinto, tem cerca de 40 anos e está sentado na sombra, em cima dos barcos virados ao contrário. «Tenho cinco filhos, quatro morreram de doença», diz‑nos a meio de uma conversa reveladora. No olhar triste estão outras dores, como a da falta de condições do povo são-tomense em geral, a debilidade dos cuidados de saúde, a corrupção, a falta de oportunidades e de emprego. Já nos falou da fiabilidade da madeira de ocá para construir as canoas, antes da lição de política nacional: «O povo tem de dar a resposta nas urnas, são muitos anos de sacrifício.»

É de reflexão – e digestão – o regresso à capital. Volta o barulho das motorizadas e dos automóveis, o clarão amarelo dos táxis, as centenas de vendedores nas imediações do mercado e da Praça da Independência. É sexta‑feira, é noite de Pirata.

Terminamos a viagem na grande atração que é a principal discoteca/bar da ilha. Não são apenas todos os caminhos que vão lá dar, é toda a gente. À saída da cidade, à beira do mar, com espaço coberto e ao ar livre, com a água das ondas a respingar nos corpos suados pela dança, as vários tribos de São Tomé encontram‑se. Estão lá o agricultor e o pescador, a funcionária pública e a professora portuguesa, o turista italiano e o casal em lua‑de‑mel, o motorista e o político, o diretor de hotel e o empregado de mesa. Não há horas para acabar.


A música certa na visita a São Tomé e Príncipe

Ao ritmo do general João Seria
A lenda diz que foi em 1974 que começaram a tocar em espetáculos mais ou menos improvisados, que foi a emigração que os levou à Europa e a Portugal onde editaram o primeiro disco em 1981, sempre em tom de festa, o mesmo que usaram nas sessões de gravação nos jardins da Rádio de Nacional de São Tomé, já nessa altura rodeados de amigos e fãs. Duraram pouco, mas até hoje são os África Negra quem aparece no topo da hierarquia da música são‑tomense.

Entre o lançamento do disco e o desmembramento da formação original passaram apenas seis anos. Depois, dos onze músicos originais ficaram seis e hoje apenas dois dos fundadores continuam esporadicamente a subir a palcos, o guitarrista Leonildo Barros e o vocalista João Seria. Mas mesmo que longe do estrelato da segunda metade da década de 1980, dúvidas restassem quanto ao estatuto especial que têm na música são‑tomense, foi Seria, conhecido como General, quem no ano passado a norte‑americana Joss Stone chamou para em dueto cantar um dos seus sucessos.

Mas se Aninha, Maia Muê, Alice e Não Senhor já fazem parte da cultura nacional, a música de São Tomé não se esgota nos sucessos dos África Negra. No ano passado, nas comemorações do vigésimo aniversário da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, foi Tonecas Prazeres quem trocou abraços com Marcelo Rebelo de Sousa, a quem entregou o seu último disco, Tonecas Prazeres & AfroVungo Project. Bem mais novos, os Calemba, que misturam os ritmos africanos com as batidas pop, contam por milhões as visualizações dos vídeos no YouTube. E com um sonoridade mais próxima de reggae e hip hop, Quixote One lançou‑se no ano passado com o primeiro EP.

Seja ao ritmo do General João Seria, dos Calemba ou de Quixote One, não será por falta de oferta que não ouve a música certa na visita a São Tomé.

Crónica musical por Filipe Garcia

Guia de Viagem

Moeda: dobra (STD). 1 euro – 24,5 STD
Fuso horário: GMT ‑1 hora
Idioma: português

Ir
A TAP voa diariamente para São Tomé a partir de 483 euros por pessoa ida e volta. De São Tomé para a ilha do Príncipe há um voo diário às primeiras horas da manhã com custo aproximado de 90 euros por pessoa e trajeto.

Ficar

PRÍNCIPE
Roça Sundy
São 12 quartos em edifícios coloniais adaptados à comodidade dos nossos dias. Vistas espetaculares de natureza no coração de uma antiga roça. Serviço de topo a dar os primeiros passos, oferta gastronómica de qualidade. Ambiente descontraído e possibilidade de marcação de diversas atividades.
Quarto duplo com pequeno‑almoço e jantar a partir de 175 euros
hotelrocasundy.com

Bom Bom Resort
O hotel‑fetiche da ilha, à beira do mar com ligação ao ilhéu que lhe dá nome e onde funciona o restaurante. Aí são servidos os pequenos‑almoços e os jantares, ao som das ondas e da natureza em redor. Cada bungalow tem vistas diferenciadas de mar e de natureza. Os localizados na praia são os mais requisitados.
Quarto duplo a partir de 270 euros por pessoa com pequeno‑almoço e jantar.
bombomprincipe.com

SÃO TOMÉ
Omali Lodge
À beira da praia do Lagarto, nas imediações da capital e perto do aeroporto. Basta atravessar a estrada para estar com os pés na água. Aos domingos tem churrasco de peixe e de carnes e noites temáticas no restaurante. Quartos práticos e funcionais em redor da piscina.
Quarto duplo a partir de 135 euros por pessoa com pequeno‑almoço.
omalilodge.com

Comer

PRÍNCIPE
Associação Rosa Pão
Comida e música tradicionais, ambiente familiar, bom ponto de encontro para as tranquilas noites do Príncipe.
Preço médio: 15 euros

Dona Zinha
Construção em madeira que melhora a cada ano. O tempero e a qualidade de uma das matriarcas da ilha. Banana e caranguejo são as sugestões mais consensuais.
Preço médio: 8 euros

SÃO TOMÉ
Casa-Museu Almada Negreiros
Nasceu da vontade das pessoas da Roça Saudade e Joaquim Vítor é o principal impulsionador. O restaurante é a fonte de receitas e o menu de
produtos locais vale bem a pena. Tal como a vista para a selva.
Preço médio: 15 euros
[email protected]

Restaurante Mionga
Em São João dos Angolares, junto ao mar, há um restaurante que é miradouro. Ou vice‑versa. Peixe, sopas, ervas aromáticas, fruta e uma paz difícil de igualar.
Preço médio: 15 euros
Tel.: +2392261141

Papa-Figos
Instituição nacional em São Tomé, próximo do centro. Ambiente descontraído, comida caseira, bons grelhados e bom peixe. Os mais esquisitos podem sempre pedir uma bela omeleta.
Preço médio: 15 euros

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