Mesmo em casa é permitido sonhar com alguns dos lugares mais belos do mundo. Escolhemos 12 parques nacionais na Europa.

Texto Redação Volta ao Mundo

Oulanka – Finlândia

O Parque Nacional de Oulanka é um dos mais famosos deste país do norte da Europa. Entre desfiladeiros, riachos e cascatas, os aventureiros poderão desfrutar de paisagens incríveis neste refúgio natural situado entre a Rússia e a Finlândia. É um lugar de visita obrigatória para os adeptos de desporto e da vida ao ar livre, dispõe de um circuito de ciclismo com aproximadamente 80 quilómetros no meio de pântanos e florestas de pinheiros e de locais para a prática de canoagem. Mesmo no centro do parque, os rápidos do rio Oulankajoki – os kiutaköngäs – são uma atração imperdível. Os amantes de caminhadas podem percorrer os trilhos sinalizados paralelos ao rio e observar os ursos e as aves da região (Karhunkierros).

Como ir

Helsínquia, a capital, fica a cerca de 850 km do parque. Este, por sua vez, está a cerca de 50 km da cidade de Kuusamo e a aproximadamente 40 quilómetros de Salla. Käylä, Juuma e Hautajärvi são as aldeias mais próximas. Há autocarros que partem de Salla e de Kuusamo em direção a este parque finlandês.
Mais informações sobre o parque.

Curiosidade

Este parque localiza-se na Lapónia e fica a poucos quilómetros do Parque Nacional Paanajärvi, na Rússia.

Durmitor – Montenegro

No noroeste de Montenegro, junto à fronteira com a Bósnia e Herzegovina, o Parque Nacional Durmitor é uma das maiores reservas naturais protegidas do país, sendo um dos quatro patrimónios mundiais distinguidos pela UNESCO que aqui pode encontrar. Com uns incríveis 39 mil hectares, foi inaugurado em 1952, declarado património em 1980 e a sua classificação foi extendida em 2005. E os motivos são óbvios. Ao percorrer esta obra da natureza é impossível ficar indiferente às mais de 160 espécies que aqui habitam, entre elas mais de 50 tipos de mamíferos e uma das maiores variedades de borboletas que encontra na Europa. E, claro, os cerca de 50 picos de calcário com mais de dois mil metros de altitude, à exceção do Bobotov Kuk, que atinge os 2523 metros, viciam qualquer um. Durante o verão, é um dos locais no país mais populares para caminhadas, rafting, escalada e outras atividades radicais. Já de dezembro a março, Durmitor torna-se uma autêntica estância de esqui e de snowboard. Mas se quiser descontrair um pouco, este também é um parque ideal. Os 18 lagos glaciais, sendo o lago Corno o mais cobiçado pelos viajantes, fazem as delícias dos mais esquisitos.

Como ir

De Portugal, há várias opções de voos com escalas para a capital de Montenegro, Podgorica. Da capital até Žabljak, uma pequena cidade no centro do parque, são cerca de 125 km e o acesso é muito simples. Pode alugar um carro ou apanhar um autocarro, o comboio não será uma boa opção.
Mais informações.

Curiosidade

Com 82 quilómetros de largura e 1300 metros de profundidade, o desfiladeiro de Tara, uma das áreas do Parque Nacional Durmitor, é considerado a maior formação geológica deste tipo da Europa e a segundo maior no mundo, logo a seguir ao Grand Canyon, no Arizona, EUA.

Plitvice – Croácia

São cerca de 300 km2 onde não faltam bosques e plantas (mais de cem espécies, entre elas 55 orquídeas), cascatas, aves e até ursos, mas os cabeças-de-cartaz são mesmo os 16 lagos (12 superiores e quatro inferiores) que marcam esta paisagem do centro da Croácia. É património da humanidade, distinguido pela UNESCO desde 1979, tem encantos de verão e de inverno e dezenas de quilómetros de caminhos marcados para descobrir a natureza. O parque abrange a região de Lika, nos Alpes Dináricos, uma cordilheira que se estende também por Eslovénia, Bósnia e Herzegovina, Sérvia, Montenegro e Albânia. Em Plitvice existem mais de 80 quedas de água e uma série de lendas relacionadas com criaturas míticas que vivem nas grutas e cavernas da região. É um destino a considerar já na primavera, com possibilidades de passeios diários ou de dois ou três dias.

Como ir

O ideal é voar para a capital, Zagreb, e completar os cerca de 150 km de distância (duas horas e meia) até à entrada do Parque Nacional de autocarro. Há uma paragem praticamente à porta, o mesmo se passando com os autocarros que chegam de Zadar (130 km; duas horas) ou de Split (até seis horas de viagem).
Entrada no parque: 11 euros.

Mais informações.

Curiosidade

É o maior parque nacional da Croácia e recebe mais de 1,1 milhões de visitantes/ano.

Dolomiti Bellunesi – Itália

Itália tem mais de 50 patrimónios mundiais distinguidos pela UNESCO, cada um mais surpreendente do que o anterior, mas o Parque Nacional Dolomiti Bellunesi é um dos mais belos e uma autêntica surpresa para quem gosta de fugir dos locais populosos. Localizado no norte do país, na província de Belluno, em Veneto, foi fundado em 1988 e pertence a uma das partes mais importantes da cadeia montanhosa dos Alpes orientais, as Dolomitas. São 32 km2 de florestas de pinheiros, prados e uma enorme biodiversidade alpina. A presença de espécies raras e a variedade de habitats deve-se, em parte, à localização geográfica do parque, sendo esta reconhecida desde o século XVIII. As montanhas Monti del Sole, com os picos a atingirem cerca de 2000 metros de altitude, são o coração deste parque e uma das suas atrações mais misteriosas – é aqui que encontra a Cascata della Soffia. Há também locais históricos para descobrir, como o antigo complexo de Certosa di Vedana, um dos monumentos mais importantes da província de Belluno.

Como ir

De Lisboa, há voos diretos para Veneza. Daí, a forma mais barata de chegar a Belluno é de autocarro, com várias empresas a realizar este serviço. De Belluno até Dolomiti Bellunesi, há autocarros próprios. A entrada é livre todo o ano.
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Curiosidade

A flor de campânula de Moretti é uma das plantas mais importantes de todas as espécies aqui presentes, a ponto de se ter tornado o símbolo do parque.

Triglav – Eslovénia

No noroeste da Eslovénia, perto da fronteira com a Áustria e a Itália, o Parque Nacional de Triglav é uma das mais prestigiadas e incríveis reservas naturais da Europa. E não é para menos. É o único parque nacional do país, um dos mais antigos do continente (desde 1924) e uma lição valiosa para as gerações futuras – é uma área de preservação da flora, da fauna e da cultura eslovena. Pode ser difícil de imaginar, mas o Parque Nacional de Triglav ocupa cerca de quatro por cento de todo o território esloveno. Sim, é isso mesmo, são cerca 840 km2 de trilhos e lugares para explorar. E quase no meio do parque pode encontrar um dos símbolos do país e a peça central desta reserva natural, o monte Triglav – o pico mais alto dos Alpes Julianos e da Eslovénia, com 2864 metros de altitude. Para além de ser uma fonte de inspiração e um local de devoção para os eslovenos há mais de um milénio, este pico é também uma das principais atrações para os viajantes de hoje. Mas não se deixe enganar, há muitos mais para explorar. Desde os lagos aos rios, passando pelas cascatas e pelos desfiladeiros, a beleza está espalhada por toda a parte.

Como ir

De Lisboa, há voos com escala para Ljubljana, Eslovénia. Da capital, pode apanhar um dos vários autocarros diretos até ao parque ou optar por viajar de comboio até Lesce-Bled e daí apanhar um autocarro.
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Curiosidade

O monte Triglav, em esloveno, significa três cabeças e está representado na bandeira e brasão de armas do país. Os habitantes acreditavam que a montanha era o lar de uma divindade de três cabeças que governava o céu, a terra e o submundo. Só em 1778 é que o cume foi alcançado.

Göreme – Turquia

Se o nome não lhe diz nada à primeira, fique a saber que este parque nacional ocupa mais de 100 km2 na região central da Turquia (Anatólia) e inclui as famosas formações geológicas da Capadócia. Foi distinguido pela UNESCO em 1985 e é composto por diversos planaltos, colinas e vales onde, além da imponência geográfica, podem ser encontrados vestígios dos antigos povos que por aqui viveram. A sua herança está presente nas comunidades esculpidas na rocha, onde podem ser descobertas capelas, armazéns ou dormitórios, alguns deles com vista para as famosas chaminés da Capadócia. Estes milagres da geologia começaram a ser formados há cerca de 30 milhões de anos, com as sucessivas erupções vulcânicas na região. As cinzas solidificaram, transformaram-se em rocha e a erosão provocada pelo vento e pela água acabou por esculpir estes tesouros naturais.

Como ir

Voe de Portugal para Istambul e da maior cidade turca terá várias opções para chegar à Capadócia – avião (2h30 a partir de 70 euros); autocarro (10h a partir de 19 euros); de carro (8h30 desde 85 euros).
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Curiosidade

O passeio de balão pela Capadócia acontece todos os dias ao nascer do sol (mediante as condições climatéricas). Esta viagem de sonho tem a duração de hora e meia e um custo aproximado de 150 euros/pessoa.

Lake District – Inglaterra

É o maior parque nacional do Reino Unido, fica na região de Cumbria, no noroeste de Inglaterra, e foi criado em 1951. Está desde 2017 classificado como património mundial pela UNESCO. Tem uma área de cerca de 235 hectares e deve o seu nome aos cerca de 16 lagos e lagoas que se espalham pelos vales e montanhas. É aqui que está a montanha mais alta do país – Scafell Pike, com 978 metros, e o maior lago natural: Windermere. A região reúne todos os clichés, quando pensamos em algo tipicamente inglês: o verde do campo, as ovelhas, a chuva, as montanhas (que não são muito altas), o chá das cinco, os lagos, as casas senhoriais, os castelos, os pubs, os B&B e os autores famosos que aqui se inspiraram, como o poeta William Wordsworth e a escritora Beatrix Potter. Além de inspirar autores, a região dos lagos é paraíso para quem gosta de atividades como caminhadas, escalada, canoagem, BTT, safaris noturnos, ou para quem gosta de visitar o património.

Como ir

Apesar de ficar um pouco longe de tudo, tem boas acessibilidades. Pode voar diretamente para Manchester e daí alugar um carro para ter mais liberdade ou utilizar a rede de transportes para Oxenholme, Kendal, Staveley e Windermere.
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Curiosidade

Todos os anos realiza-se aqui um concurso para apurar o Maior Mentiroso do Mundo, em memória de Will Ritson, que, no século XIX, ficou famoso pelas histórias que inventava para contar aos visitantes, a fazer lembrar os fenómenos do Entroncamento.

Aigüestortes i Estany de Saint Maurici – Espanha

Os Pirenéus são um lado menos conhecido da Catalunha e este parque nacional, o único com a classificação na Catalunha, é bem diferente do que podemos esperar quando pensamos numa Catalunha mediterrânica, famosa pelas praias. Criado em 1955, o parque guarda uma grande biodiversidade e muitos contrastes, do pico Besiberri Sud, a 3017 metros de altitude, aos quase 200 lagos, e muitas cascatas. Gamos e veados avistam-se com frequência e há notícias de alguns ursos-pardos, mas em zonas muito isoladas do parque. A entrada de veículos tem restrições e apesar de existiram várias opções de transportes públicos, e porque alguns pontos de interesse são distantes uns dos outros, facilita ter um carro. Estes podem chegar até às diferentes entradas do parque onde existe estacionamento autorizado. As entradas principais ficam perto das localidades de Boí e de Espot e daqui podem visitar-se os pontos mais conhecidos do parque: o planalto de Aigüestortes e o lago de Sant Maurici. Uma das opções para aproveitar bem o tempo é utilizar o serviço de táxi 4×4, em Boí y Espot, e assim fazer caminhadas mais no interior do parque. Na zona do vale Fosca, entre julho e setembro, um teleférico faz a ligação entre Sallente e o lago Gento, de onde partem várias excursões.

Como ir

Para Barcelona existem muitas ligações diretas de Portugal com preços que rondam os cem euros. O parque fica a cerca de 300 km e, apesar de as estradas serem boas, demora porque, a partir de certa altura, são estradas de montanhas. Quem costuma ir à neve a Andorra ou Baquera-Beret, que ficam próximas, conhece bem o caminho.
Mais
informações.

Curiosidade

É possível fazer uma rota, durante sete a nove dias, em várias etapas, ficando nos refúgios de montanha. Passar a noite no parque é uma experiência inesquecível. Não é por acaso que o parque está em processo de certificação como Destino Turístico Starlight, que reconhece a qualidade do céu noturno.

Vatnajökull – Islândia

Situado no sul da Islândia, o Parque Nacional de Vatnajökull faz parte da lista de património mundial distinguido pela UNESCO desde julho do ano passado. Foi criado em 2008 e inclui os parques nacionais de Skaftafell e de Jökulsárgljúfur. Abriga o maior glaciar da Europa, que adotou o nome deste enclave natural, e tem paisagens de tirar o fôlego. Os vulcões subglaciais ativos originam magníficos fenómenos, como os géiseres. Com proximadamente 12 mil km2, este é o maior parque natural da Europa (ocupa quase 15 por cento do território deste país insular nórdico). Se gosta de aventura, não deixe de fazer escalada no gelo.

Como ir

A melhor forma de ir para o Parque Nacional de Vatnajökull é de carro – opte por alugar um antes da visita. O parque está a 250 quilómetros da capital e, caso pretenda ir de transportes públicos, saiba que existem autocarros duas vezes ao dia que ligam Reiquejavique e Skaftafell a Vatnajökull.
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Curiosidade

O Parque Nacional de Vatnajökull foi cenário para a famosa série de televisão Game of Thrones. As cavernas e os glaciares deste local serviram de pano de fundo para as cenas que se passam para além da muralha.

Écrins – França

Les Écrins faz parte da lista dos dez parques nacionais franceses, ao lado de Guadalupe, Vanoise ou Port-Cros. Localizado nos Alpes franceses, fica entre Briançon, Grenoble e Gap e tem aproximadamente 300 mil hectares. De glaciares a lagos, passando por mais de uma centena de cumes, há muito para contemplar neste paraíso natural. Este vasto território selvagem, com uma rica fauna e flora, é o destino perfeito para os amantes de natureza. O parque dispõe de cerca de 700 quilómetros de trilhos, perfeitos para os adeptos de caminhadas, e de locais para praticar escalada. Dica: utilize a app do parque para explorar a região.

Como ir

O parque é acessível de carro, de comboio ou de autocarro. Os aeroportos mais perto deste parque natural são o de Grenoble e o de Marselha.
Consulte mais informações.

Curiosidade

Criado no ano de 1973, este parque abriga mais de 1700 espécies de plantas, mamíferos, como marmotas, e mais de duas centenas de espécies de aves.

Timanfaya – Espanha

Visitar a ilha de Lanzarote, no arquipélago espanhol das Canárias, é uma experiência tão diversificada como completa. Além de estar bem presente a memória do Nobel português José Saramago, esta é a terra de Cesar Manrique, um dos mais revolucionários artistas plásticos espanhóis. Há sempre algo para ver pelos caminhos de Lanzarote, sejam as vinhas que crescem no solo vulcânico, os moinhos de vento invulgares criados por Manrique ou os desvios para praias e enseadas. E depois há os cinquenta quilómetros quadrados do Parque Nacional de Timanfaya, resultado de seis anos de erupções violentas de mais de cem vulcões entre 1730 e 1736. Em 1824, decorreram as últimas demonstrações de força vulcânica, expelindo lavas, pedras e sedimentos para criar uma paisagem de outro planeta. O parque vulcânico está localizado nos municípios de Yaiza e de Tinajo, ocupa uma área de mais de 50 km2 no sudoeste da ilha e é o único dos parques nacionais espanhóis eminentemente geológico.

Como ir

Voe de Lisboa para Lanzarote via Madrid. Entrada desde 10 euros/pessoa.
Mais informações.

Curiosidade

Foi por aqui que José Saramago e Pilar del Río se deixaram filmar para um dos documentários de maior sucesso da história do cinema português – José e Pilar, de Miguel Gonçalves Mendes.

Floresta Negra – Alemanha

Apesar de o Parque Nacional da Floresta Negra só ter sido criado em janeiro de 2014, a região, mais alargada do que a zona protegida do parque, é há muito famosa. Em 130 anos de existência, a Schwarzwald Verein, associação da Floresta Negra, assinalou mais de 23 mil quilómetros de trilhos e oito mil de ciclovias que explicam por que razão este é um paraíso para caminheiros e ciclistas. A região, que fica perto da fronteira com a França, deve o seu nome ao tom escuro dos pinheiros que abundam na região, mas parte importante desta paisagem são também as muitas aldeias tradicionais. Vale a pena percorrer os 60 quilómetros da Schwarzwaldhochstraße, que atravessa de Baden-Baden a Freudenstadt, uma das mais bonitas de toda a Alemanha. Uma boa forma de começar a visita é passar pelo centro de informações, onde pode recolher mapas, informações e dicas para aproveitar bem o tempo. Fica junto à estação de esqui de Ruhestein.

Como ir

Estrasburgo em França (via Madrid, Paris, Frankfurt) ou Basileia, na Suíça, são boas opções, dependendo da zona da Floresta Negra que quer visitar. Mais informações.

Curiosidade

Não é por acaso que o famoso bolo de chocolate recheado de frutos do bosque se chama Floresta Negra. A receita original é mesmo daqui. Um dos segredos é o kirsch, bebida destilada à base de frutos – os que existem na floresta negra e que lhe dão características especiais.


Reportagem publicada originalmente na edição de março de 2020 da revista Volta ao Mundo, número 305.

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