Embaixador Daulet Batrashev destaca a beleza das montanhas que rodeiam a antiga capital.

Por Leonídio Paulo Ferreira

Mala diplomática publicada na edição de março de 2020 da revista Volta ao Mundo, número 305.

As macieiras surgiram no território do Cazaquistão e por isso a antiga capital do país chama-se Almati, «que quer dizer Cidade das Maçãs», sublinha Daulet Batrashev. «Os investigadores dizem que a maçã surgiu naturalmente nas montanhas cazaques, nessas enormes montanhas que rodeiam Almati», explica o embaixador, que se identifica com a cidade, pois cresceu lá.

No tempo da União Soviética a cidade era chamada Alma Ata, o que quer dizer «Avô das Maçãs», mas ficou Almati assim que o Cazaquistão conquistou a independência em 1991. Já nos tempos medievais ali existia uma aldeia, mas a cidade foi fundada por cossacos ao serviço do czar no século XIX. «Os russos chegaram a chamar à cidade Verniy, que significa “leal”, e esta de início era uma fortificação do império junto à fronteira com a China», sublinha Daulet Batrashev. Hoje a língua russa continua a ser a mais falada e Almati, que conta com muitas das 130 nacionalidades que vivem no nono maior país do mundo.

Daulet Batrashev [Fotografia de Orlando Almeida/Global Imagens]
«O Cazaquistão promove o cazaque como língua nacional, também o russo como língua de comunicação internacional e ainda o inglês», diz o embaixador, acrescentando que hoje o turista encontra muita gente que fala inglês nas grandes cidades.

Até 1997, Almati foi a capital, mas o pai da independência do Cazaquistão, Nursultan Nazarbayev, decidiu construir uma nova capital na parte norte do país. E assim surgiu Astana, desde 2019 rebatizada de Nursultan em homenagem ao ex-presidente.

«A transferência da capital teve que ver com a impossibilidade de expandir Almati, cercada por montanhas. E se no passado estas eram de grande importância estratégica, hoje são talvez a maior das atrações. Em poucos minutos, de carro, pode sair-se do centro histórico com igrejas ortodoxas, mesquitas e sinagogas e chegar-se a uma pista de esqui», diz o embaixador.

Daulet Batrashev foi antes embaixador na Roménia. Foi nesse país que o filho mais novo (tem uma rapariga e dois rapazes) se apaixonou pelo futebol, e agora que vive na pátria de Cristiano Ronaldo o adolescente quer cada vez mais aperfeiçoar-se.

Como embaixador, Daulet Batrashev ambiciona desenvolver as relações bilaterais. Também o turismo pode ter um papel, pois além de Almati e da modernista Nursultan, o Cazaquistão tem para oferecer desde as paisagens de estepe, para os mais aventureiros, até aos monumentos do Turquistão, para os viajantes interessados na história deste povo turco seguidor do islão mas liberal nos costumes. «É muito seguro viajar. Os cazaques são respeitadores dos estrangeiros.»

Almati tem restaurantes de todo o tipo, dos coreanos do Cazaquistão (sim, são uma das 130 nacionalidades) aos italianos, mas o embaixador convida a que se prove o prato nacional, o besbarmak, que pode ser de carne de vaca, borrego ou cavalo, acompanhado com massa. O cavalo, aliás, tem grande força na cultura deste povo que já foi nómada e uma bebida de leite de égua, o kumis, é muito valorizada, até pelo uso medicinal.

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