A Ilha das Especiarias não é apenas um destino com praias de sonho. Relato de uma viagem ao paraíso de qualquer fotógrafo, em busca da verdadeira alma de Zanzibar.

Texto e fotografia de Gabriel Soeiro Mendes

Zan-zi-bar. Três sílabas com uma certa cadência melódica, três sílabas que nos transportam para um destino longínquo e exótico, provando que há nomes de sítios que, só por si, nos conseguem fazer viajar, nomes que nos despertam a vontade incontrolável de partir: Madagáscar, Galápagos, Nicarágua, Zimbabué, Okinawa, Tuvalu, Mississippi… Zanzibar.

Zanzibar, na verdade chamada Unguja (juntamente com Pemba constitui o arquipélago de Zanzibar, uma região semiautónoma da Tânzania), é conhecida pelas praias paradisíacas, daquelas de capa de catálogo de agências de viagem. É, por isso, natural que tenha sido descoberta há alguns anos por muitos portugueses, sobretudo casais em lua-de-mel.

Mas Zanzibar é muito mais do que que um destino de praia. A verdadeira alma deste paraíso tropical está longe dos resorts e das praias turísticas. Está no espírito polepole (com calma) das aldeias do interior, nos pequenos areais quase desertos do lado ocidental da ilha, nas florestas de mangais onde ainda vivem alguns dos últimos macacos red colobus, nas histórias contadas pelo olhar genuíno das pessoas que aqui vivem ou na fusão de influências de Stone Town – por ali passaram os impérios persa, de Omã, britânico e, claro, português. A alma também se sente nas quintas de especiarias onde nos apercebemos que sabemos bem menos do que esperávamos sobre de onde vêm os condimentos que usamos, no sorriso das meninas vestidas com o tradicional bui bui (véu islâmico) e nas curiosas hortas de algas, plantadas nos baixios das praias orientais da ilha.

E, quando nos despedimos já com saudade da ilha, lembramo-nos do lema suaíli que tantas vezes ouvimos nestes dias: hakuna matata, não há problema, o destino encarregar-se-á certamente de nos fazer voltar. Antes de partirmos ouvimos ainda um último safiri salama, o desejo de uma boa viagem. Zanzibar é muito mais do que apenas uma ilha com praias de sonho.


Gabriel Soeiro Mendes, Fotógrafo

Fotógrafo e jornalista, nasceu em 1982, em Tomar, mas passou a infância e a juventude numa ilha, rodeado pelas águas do rio Zêzere, habituando-se desde cedo a paisagens deslumbrantes. Ainda hoje as persegue, à procura das melhores fotografias. Depois de se licenciar em Jornalismo, passou pelo Porto e depressa se fez à estrada.

O primeiro emprego levou-o a cartografar durante dois anos milhares de quilómetros, o que lhe permitiu descobrir e fotografar (quase) todos os cantos e encantos de Portugal. Fez-se à vida e, de 2008 a 2015, período em que esteve no grupo Impresa, fotografou e escreveu sobre os principais monumentos, paisagens, hotéis e restaurantes de Portugal, para brochuras, mapas e sites turísticos. Publicou no Expresso e integrou a equipa do Boa Cama Boa Mesa.

As viagens acompanharam sempre o seu percurso e, em 2013, criou o blogue Uma Foto Uma História, vencendo nesse mesmo ano o prémio de Melhor Blogue de Fotografia de Viagem da BTL, galardão que venceria também nos dois anos seguintes. Dá regularmente workshops de fotografia.

>> Saiba mais sobre o seu trabalho em umafotoumahistoria.com


Veja o vídeo com algumas das imagens de Gabriel Soeiro Mendes em Zanzibar:


Reportagem publicada originalmente na edição de outubro de 2017 da revista Volta ao Mundo, número 276.

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