Fernando de Noronha, o arquipélago brasileiro ao largo do nordeste brasileiro, é formado por 21 ilhas e ilhéus de origem vulcânica. Está a cerca de 550 km de Recife (Pernambuco) e a 360 km de Natal (Rio Grande do Norte) e é considerado um dos últimos santuários naturais do planeta.

Estas ilhas terão sido avistadas pela primeira vez pelo explorador português Fernão de Loronha (entre 1500 e 1502, mas há versões contraditórias), tendo sido posteriormente invadidas por ingleses, holandês e franceses até ao século XVIII, quando passou a presídio Em 1942, com a Guerra Mundial, serviu também de base militar e hoje é um destino ecosustentável que depende do governo estadual de Pernambuco. Ganhou estatuto de Parque Nacional brasileiro no final da década de 1990, cobrindo cerca de 70% do território do arquipélago. O objetivo foi proteger as espécies ali residentes, como os golfinhos rotadores, cabeças-de-cartaz do espetáculo que é este destino. Em 2001, a UNESCO distinguiu-o como Património Natural da Humanidade.

Já em 1972, quando abriu a primeira pousada para turistas, se percebia que este era um destino especial. Hoje, estas ilhas recebem cerca de 100 mil pessoas ao ano, o que é uma preocupação para quem quer controlar os riscos da pegada humana neste ecossistema protegido. Essa é a principal razão para o elevado custo da taxa de preservação ambiental, cobrada a cada visitante de acordo com os dias que planeia lá passar.
Saiba mais em: ilhadenoronha.com.br e noronha.pe.gov.br

Alojamento
Primeiro conselho: escolha com antecedência porque a oferta é limitada. As opções de pousadas mais em conta (a rondar os 65 euros/noite) esgotam, normalmente, com três meses de antecedência. E o valor das mais sofisticadas pode facilmente atingir os 600 euros por noite. Segundo conselho: escolha uma pousada com pequeno-almoço incluído porque o nível de vida na ilha principal (onde tudo acontece e onde estão localizados os principais serviços) é caro. Quanto à melhor localização, aconselhamos em Vila dos Remédios (a principal localidade) ou nas redondezas.

Gastronomia
É também em Vila dos Remédios que vai encontrar a maior oferta de restaurantes. E há para todos os gostos: a peso, de peixe, pizzarias, hamburgarias, crepes, vegetariano, sushi, tradicional, etc… Tenha em consideração que, sendo a maior parte dos ingredientes provenientes do continente, os preços tendem a ser altos. Aponte para uma média de 15 euros por pessoa.

Praia
As praias de Fernando de Noronha estão divididas em duas áreas: Mar de Dentro e Mar de Fora, isto é, as viradas para a costa brasileira e as voltadas para o Atlântico. E o maior problema é escolher.
Baía do Sancho é a mais famosa e também é considerada a melhor do arquipélago (e até do Brasil). A vista desde o topo é magnífica, depois fica apenas a faltar a descida pela encosta para aproveitar ao máximo o areal branco e o mar verde esmeralda. Baía dos Porcos é a segunda mais procurada e tem a vantagem de ser um bom local para snorkelling. O miradouro próximo permite a tal vista de capa de revista. Atalaia fica numa área de proteção ambiental, logo é mais difícil lá chegar, com limite diário de visitantes, mas vale bem a pena. Só não pode usar protetor solar para não contaminar a água e as espécies que ali vivem. A Praia do Cachorro é, provavelmente, a mais popular porque se situa na Vila dos Remédios. Nas proximidades estão algumas pousadas e bares. É por aqui que não vai querer perder o mais famoso forró de Fernando de Noronha.

Surf
Este é um dos melhores locais do Brasil para surfar e não faltam praias onde escolher tubos e fugir às rochas. A praia Cacimba do Padre é o paraíso dos surfistas, sendo a mais extensa do Mar de Dentro. É de lá que poderá ver os Dois Irmãos, a formação rochosa que é a imagem de marca de Fernando de Noronha. Outras opções são a praia de Boldró e da Conceição. Nesta, entre novembro e fevereiro, as condições são quase perfeitas, sendo que a melhor época para o surf (e bodyboard) é nos meses de janeiro e fevereiro. Além do surf, outras atividades são praticadas por aqui, como vólei e futebol de praia, canoagem e stand up paddle.

Mergulho
A água aqui é tão apetecível, graças às correntes que trazem as águas quentes de África, que é possível mergulhar até 30 ou 40 metros de profundidade sem precisar de fatos de neoprene.
E a visibilidade chega facilmente aos 50 metros. Ao largo da ilha principal, a 62 metros de fundo, está a corveta Ipiranga e todo um ecossistema subaquático à sua espera. Há três empresas principais de mergulho em Fernando de Noronha e há locais de mergulho livre como a piscina natural da praia da Atalaia. Entre os vários animais que poderá encontrar destaque para os golfinhos, tartarugas e, eventualmente, tubarões. Para os mergulhadores menos experientes recomenda-se a Baía do Sueste, bastante mais protegida e com diversa oferta a cerca de 5 metros de profundidade. Os piores meses para mergulhar por aqui são os de março a maio.

Taxa de Preservação Ambiental e Sustentabilidade
Esta taxa é cobrada de acordo com os dias de permanência na ilha. Se sair antes do período programado, haverá lugar a reembolso. Se a estada for prolongada, o valor excedente será
cobrado no dia do embarque para o continente. E pode ser pago em espécie, cheque, dólares, reais ou cartão de crédito.
E agora os valores… Por dia, é cobrada a cada pessoa o valor de 76 reais (cerca de 16 euros), sendo que por um período de 5 dias o valor fica em 80 euros, 138 euros por dez dias até um máximo de 1144 euros por um mês em Fernando de Noronha. Acresce a taxa de preservação para uso dos caminhos na natureza (cerca de 2 euros por pessoa). Fica a indicação de Outra entrada a considerar é no Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha, válido por 10 dias e que inclui acesso a algumas das praias e percursos mais procurados do arquipélago, como a Praia do Sancho, da Atalaia ou a Baía dos Porcos. Tem um valor de 222 reais (47,50 euros) por visitante estrangeiro. Este é um ecossistema ameaçado. Os recursos naturais da ilha estão praticamente esgotados e o turismo tem provocado danos irreversíveis (lixo, excesso de população, falta de água). Daí a necessidade de controlar a entrada de visitantes e os preços das taxas.

Visitar
O Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha é o principal ponto de interesse, sendo administrado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. Até ver… É na sua área que irá encontrar os principais destaques naturais deste arquipélago. Entre os outros motivos de interesse estão as fortificações de N. Sra dos Remédios e da Praia da Atalaia, a igreja de N. Sra. Dos Remédios, o palácio de São Miguel ou diversas ruínas de edifícios religiosos.

Caminhadas
Este é um destino para quem gosta de andar a pé. E na natureza. São muitas as possibilidades de trekking no Parque Marino, com rotas específicas pensadas e fiscalizadas pelas autoridades locais. Além das vistas de filme, é por estes trilhos que se descobrem as muitas espécies que vivem em Fernando de Noronha, de fauna e de flora. Pedra Alta, Mirante dos Golfinhos, Pontinha, Praia do Leão (desova de tartarugas) ou Caminhada Histórica são algumas das opções, mas nunca se esqueça de agendar atempadamente. Algumas destas trilhas têm limite de participantes e deverá informar-se no Centro de Visitantes ICMBio sobre as vagas. Recordamos que o agendamento é feito presencialmente e não online, por isso, mal aterre neste paraíso marque o percurso que deseja completar. As senhas são distribuídas a partir das 15h30.

Custo de Vida
Este não é um destino barato. Além das várias taxas de proteção e sustentabilidade, há que contar com o preço da insularidade. Tudo é trazido de avião ou de barco, sendo o preço dos produtos, normalmente, um terço (ou até o dobro) mais caros do que nas cidades do continente brasileiro. Fica o conselho de tentar levar consigo os produtos de que não pode abdicar, como medicamentos e produtos de beleza e higiene pessoal (os hotéis e pousadas não fornecem). Outra dica é relacionada com o equipamento de mergulho e snorkelling. Tudo pode ser alugado em Fernando de Noronha, mas economiza se os levar de casa. Ter dinheiro vivo é fundamental, para pagar hotéis, restaurantes ou passeios. Há duas agências bancárias e uma caixa automática, por isso o melhor é levantar antes de chegar às ilhas.


Reportagem publicada originalmente na edição de março de 2020 da revista Volta ao Mundo, número 305.

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