Tesouros da Colômbia vistos pela embaixadora em Portugal Carmenza Jaramillo.

Texto de Leonídio Paulo Ferreira

Artigo publicado originalmente na edição de outubro de 2018 da revista Volta ao Mundo, número 288.

«Temos das mais importantes biodiversidades. Destaco que 53 por cento do território são bosques naturais. Existe uma diversidade enorme de mamíferos, de répteis e de aves. E são imensos os microclimas. Somos também um dos pulmões do mundo. Temos a Amazónia, uma parte mais pequena, claro, do que a do Brasil, mas que é muito protegida», afirma Carmenza Jaramillo, desde setembro de 2016 embaixadora da Colômbia em Portugal.

É sob o mote da diversidade que decorre a conversa com a diplomata, que já foi embaixadora na Índia e na China. Uma diversidade que é natural, mas também cultural e até nos tipos físicos dos colombianos, que, como nota Carmenza Jaramillo, «tanto podem ser ruivos de olhos azuis como negros com olhos muito negros». É que se os indígenas constituem a população original, e depois vieram os espanhóis com a colonização, ao longo dos séculos chegaram africanos e já depois da independência imigrantes diversos, como os árabes. Basta relembrar que Shakira, a famosa cantora, tem raízes libanesas e espanholas. «Soubemos misturar-nos», reclama, com orgulho, a embaixadora. E são hoje cinquenta milhões os colombianos, o que faz do país o segundo maior de língua espanhola.

Carmenza Jaramillo é casada com um francês apaixonado por Portugal e tem uma filha. [Imagem: Adelino Meireles/GI]

Nestes dois séculos de independência, primeiro como Grande Colômbia durante o período de unidade com a Venezuela, depois como República de Nova Granada (do nome do antigo vice-reino com capital em Bogotá) e finalmente como República da Colômbia, o país não só se tornou uma potência económica, entre as trinta maiores, como uma potência cultural. «A nossa música é muito rica, o cinema, a literatura. Temos toda a obra de Gabriel García Márquez. Ele conta a história do país, de forma figurada mas real. Basta pensar em Cem Anos de Solidão, salienta Carmenza Jaramillo, que preside à associação das mulheres embaixadoras em Portugal, cerca de duas dezenas, de países tão diferentes como a Índia ou a Nigéria.

Ajuda também à diversidade colombiana o país ser banhado tanto pelo Pacífico como pelo mar das Caraíbas. E a embaixadora relembra mesmo que no extremo norte está a península de La Guajira, que tem uma espécie de deserto, mas cujas montanhas próximas incluem o glaciar de Santa Marta. Claro que toda esta variedade geográfica se reflete também numa grande riqueza gastronómica, que «falta ainda saber promover».

Muito marcada pelo catolicismo, a Colômbia, diz a diplomata, «é um país de igrejas lindíssimas, de procissões e festas religiosas». Mas é também um país de carnavais, como o do Diabo, que se celebra em Riosucio, cidade onde nasceu em 1958 Carmenza Jaramillo. E se elogia muito o carnaval da sua terra, também não lhe faltam elogios ao de Barranquilla, que a UNESCO reconheceu como património da humanidade. Desafia os portugueses a visitar a Colômbia, agora pacificada depois de décadas de guerrilhas na selva. «Devem descobrir as praias de água quente, as cidades pequenas, muito autênticas, mas também Bogotá, Medellín, Cartagena e Cali», salienta a embaixadora.

Imagem de destaque: O teleférico para Monserrate, em Bogotá, está na lista de «A Não Perder» © Adelino Meireles/GI

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