“Temos de reinventar o turismo do amanhã”, eis uma das frases que retive nas declarações Thierry Breton, comissário europeu do Mercado Interior, ao abordar a crise no turismo como consequência da covid-19, enquanto apontou o debate sobre a recuperação deste setor para o final deste mês e insistiu num conceito de viajar sustentável em consonância com o pacto ecológico europeu. A verdade é que o lado positivo – e provavelmente único – do confinamento foi uma redução de 9,3% na pegada ecológica da humanidade. Mesmo sendo curto, houve uma redução efetiva na utilização recursos naturais, o que levou a que o Dia de Sobrecarga da Terra fosse alcançado três semanas mais tarde do que em 2019, por exemplo. Há muito que refletir sobre isto. E há que aproveitar esta ‘imposição viral’ que obrigou tudo a parar para passarmos, definitivamente, a agir de maneira mais sustentável. Não podemos esperar que as comunidades de ecologistas façam tudo sozinhas, nem que o excelente conceito de Friburgo se ‘propague’ a várias outras cidades. Eles já dão o exemplo. Falta um esforço de todos para que, com pequenos gestos diários, se pare de maltratar o planeta.

Capa da edição de setembro de 2020 da revista Volta ao Mundo.

Este repto verde é igualmente um desafio para a Volta ao Mundo. Não nos podemos isolar deste apelo ao setor do turismo. Queremos estar na parte da solução. Queremos muito voltar a fazer o que nos deixa felizes e, perdoem-me a modéstia, aquilo que somos bons e nos distingue. Contar histórias únicas, levar-vos a conhecer o mundo nas nossas palavras e fotografias e nunca abdicar de vos proporcionar experiências marcantes quando fazem uma viagem que vos recomendámos. Portanto, se é preciso reinventar o turismo, a Volta ao Mundo também se ajusta. Se a nível macro pouco podemos fazer, a um nível micro, quase que de influência editorial, não abdicaremos de vos incentivar a optarem por lugares mais verdes, a apostarem na proximidade, a adotarem hábitos de viagem mais sustentáveis. E começamos já nesta edição. Vamos aos Açores, que foram o primeiro arquipélago do mundo a ser certificado como destino sustentável da EarthCheck e a dez cidades europeias de inspiração verde, mas também passamos por Melgaço e por perto de 100 ilhas e ilhéus no nosso Portugal. É um começo ‘ainda verde’, mas é um primeiro passo para irmos além das palavras escritas. Daremos mais. Comprometemo-nos com mais. E você?

Percorra a fotogaleria acima para conhecer alguns dos destaques desta edição.

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