Embaixador Mounir Ben Rjiba destaca região montanhosa pouco visitada por quem visita sobretudo as praias tunisinas.

Texto de Leonídio Paulo Ferreira


Artigo publicado originalmente na edição de agosto de 2020 da revista Volta ao Mundo, número 310.

O Noroeste da Tunísia é conhecido como “o país verde”, quatro províncias – Béja, Kef, Jendouba e Siliana – situadas numa região montanhosa que se distingue pela abundância de água, daí o nome de mui – tas das aldeias e vilas começarem por Aín, que em árabe quer dizer nascente, ou Hamam, que significa banhos. “Outra característica do Noroeste é a neve que ali cai no inverno e que noutras partes da Tunísia é muito rara”, acrescenta o embaixador Mounir Ben Rjiba.

O diplomata, oriundo de Hammamet, parte desse litoral cheio de charme (soma do casario branco, da praia dourada e das águas azuis turquesa) que atrai milhões de turistas todos os anos, optou por destacar o Noroeste por ser uma região “cheia de potencial mas esquecida e que merece ser descoberta e desenvolvida”.

Entre as muitas atrações do Noroeste estão as ruínas de Dougga, cidade romana com 2500 anos. Fica a cerca de uma centena de quilómetros de Tunes, a capital, e também da antiga Cartago, cidade fundada pelos fenícios e que chegou a desafiar o Império Romano.

“Nós tunisinos orgulhamo-nos muito da nossa herança de múltiplas civilizações e nisso o Nordeste é como o resto do país, cheio de vestígios dos povos que por aqui se instalaram”, nota o embaixador, que representa em Lisboa país onde começou ainda em dezembro de 2010 a Primavera Árabe e que é a democracia mais vibrante do Norte de África.

Para cada uma das quatro províncias do Noroeste, o embaixador tunisino escolheu sugestões de visita: assim, em Béja, não perder Téboursouk, com a mesquita a ostentar um minarete de arquitetura andalusa, Testour, curiosa pelo relógio no minarete cujos ponteiros rodam em sentido inverso, e claro Dougga, Património da Humanidade segundo a UNESCO; no distrito de Kef, vale a pena a cidade que lhe dá nome, com a sua muralha da era otomana. Imperdível é a Mesa de Jugurtha, montanha com topo plano que se ergue a mais de 1200 metros e que é uma fortaleza natural (Jugurtha, príncipe berbere, tentou aí resistir aos romanos); em Jendouba visitar a vila costeira de Tabraka, que acumula vestígios de várias civilizações incluindo uma fortaleza genovesa, Ain Draham, cuja floresta se cobre de neve no inverno, e Bulla Regia, plena de monumentos romanos; no distrito de Siliana o destaque vai para Makthar, com o seu fórum romano e um arco do triunfo que datam da época de Trajano.

O Noroeste tunisino também tem tradição de produzir bom azeite e bom vinho (legado romano, que coexiste com um islão tolerante). E, além disso, sublinha o embaixador Mounir Ben Rjiba, é terra de cortiça e a empresa portuguesa Amorim está ali presente há muito tempo, “criando laços de amizade entre os dois países”.

Imagem de destaque: iStock

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