Embaixador Rodolfo Gil relembra que capital argentina tem mais teatros do que Nova Iorque ou Londres.

Por Leonídio Paulo Ferreira


Artigo publicado originalmente na edição de setembro de 2020 da revista Volta ao Mundo, número 311.

“A Argentina é um país onde é muito importante a educação, a cultura, a ciência e a tecnologia. E o sistema universitário é muito desenvolvido. Temos várias universidades de primeira linha: a Universidade de Buenos Aires, que deu ao país quatro prémios Nobel – dois de Medicina, um de Química e outro de defesa da Paz -, a Universidade de La Plata, que nos deu outro Nobel da Paz, a Universidade de Córdoba, a Universidade Del Litoral e a Universidade de Tucumán, mas isto só para citar algumas, pois em cada província temos um centro de desenvolvimento das ciências, das tecnologias e das humanidades”, afirma Rodolfo Gil, embaixador em Portugal.

Rodolfo Gil, embaixador da Argentina [Fotografia: PAULO ALEXANDRINO]
Nomeado para Lisboa já este ano, o embaixador quer realçar o melhor que há no país além de grandes futebolistas como Messi e Marado – na: “Não é uma coincidência que a Argentina continue a ser muito forte na cultura. Temos escritores como Júlio Cortazar, como Jorge Luis Borges, de origem portuguesa, como Leopoldo Marechal. Esta força cultural faz com que Buenos Aires seja uma cidade com mais teatros do que Nova Iorque, que Paris, que Londres. Temos uma indústria cultural muito importante também. Os filmes argentinos ganharam Óscares de melhor filme estrangeiro e têm sucessos em muitos países”.

Rodolfo Gil, que foi antes embaixador junto da OEA (Organização de Estados Americanos), afirma que “este aspecto da Argentina potência cultural merece ser conhecido. Queremos que além daquilo que sai nos jornais sobre a Argentina, como a crise económica ou a forma como felizmente se derrotou a ditadura militar e reconquistou a democracia, saibam que temos muito mais que oferecer. Temos de destacar a qualidade da nossa gente. Também queremos que descubram a nossa natureza, a beleza do pais. Que venham mais turistas. Por exemplo, todo o sul da Argentina permite aproveitar o inverno austral para vir à América do Sul durante o verão europeu desfrutar dos desportos de neve. Venham descobrir a Patagónia ou essa maravilha que partilhamos com o Brasil e que são as Quedas de Água de Iguaçu”.

O embaixador, nascido em 1946 e formado em Direito e em Ciências Políticas e Relações Internacionais, sublinha que o desenvolvimento do país vai precisar muito daqueles que as universidades preparam: “As grandes universidades públicas argentinas, além de um altíssimo nível académico, promovem um espírito solidário. Podem vir estudar nelas alunos de qualquer parte do mundo e, e destaco isto, não pagar um centavo pela sua educação. Para os argentinos é uma forma de abertura a um sistema de mobilidade social. Eu por exemplo sou filho da educação pública. E sou neto de imigrantes espanhóis muito, muito pobres. E tive o privilégio de poder ir para um colégio que nasceu antes da pátria, o colégio nacional de Buenos Aires, criado ainda antes da independência de há dois séculos e hoje ligado à Universidade de Buenos Aires”.

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