Fernão de Magalhães morreu em Mactan, hoje parte da cidade de Cebu. Quinhentos anos depois, o navegador português tem ruas, avenidas e monumentos com o seu nome. A praia onde desembarcou é um dos pontos turísticos mais visitados da cidade e há uma cruz polémica que leva o seu nome e se tornou objeto de culto.

Texto de Ricardo Santos | Foografias de Reinaldo Rodrigues /GI


Artigo publicado originalmente na edição de novembro de 2014 da revista Volta ao Mundo (número 241).

Cebu tem história, praia, gastronomia e aposta cada vez mais no turismo. O que não deixa de ser interessante, se pensarmos que o primeiro «turista» europeu a lá chegar foi assassinado. Magalhães foi um pobre coitado, doente e ferido que morreu na praia enquanto os companheiros fugiam, carregados com as suas armaduras. Lapu-Lapu não foi um herói, como dizem. Aquilo foi demasiado fácil.» Gene Gonzalez não é historiador. Tão-pouco esteve presente quando o navegador português ao serviço de Espanha, Fernão de Magalhães, desembarcou na praia de Mactan, em Cebu. Nem poderia ter estado, foi a 27 de abril de 1521. Gene é chef de cozinha, um dos mais antigos e reputados de Manila, e fala do que aprendeu na escola – do que se recorda –, daquilo que é transmitido de geração em geração nas Filipinas. A meio da tarde de um dia de semana recebe a Volta ao Mundo no restaurante Café Ysabel, projeto pessoal inaugurado há mais de trinta anos. Gene já passou os 50, o filho segue-lhe os passos, o neto ainda é criança de colo. Gene tem preparada uma ementa especial para os convidados portugueses. Quer mostrar-nos aquilo que pode ter sido oferecido a Fernão de Magalhães pelos chefes tribais há quase 500 anos.

«São receitas tradicionais filipinas que ainda hoje são preparadas da mesma forma como quando não se podia preservar os alimentos», informa. E os pratos começam a chegar à mesa. Há peixe-papagaio grelhado com anchovas fermentadas, nacos de porco fermentado, carne seca com vinagre de suco de folha de palma e uma mistura de peixe, sal e arroz, também eles fermentados – «É o sushi original», brinca o chef enquanto nos convida a experimentar. O primeiro impacte não é o melhor, afinal trata-se de peixe que está mergulhado em sal e água há pelo menos cinco a oito dias e que já tem a consistência de uma papa. O odor não ajuda, o preconceito também não, mas a possibilidade de se estar a provar o prato que um dos maiores navegadores da história da humanidade terá comido faz desaparecer quaisquer dúvidas.Magalhães não esteve na terra que é hoje Manila, mas o seu nome faz parte da toponímia da cidade que se transformou em Metro Manila, um conjunto de 16 localidades que albergam quase 12 milhões de pessoas. O caos no trânsito é diário. Nas horas de ponta é infernal, nas restantes é limitativo para as mais simples deslocações. De táxi, uma distância de oito quilómetros pode levar mais de uma hora a ser percorrida. No metro de superfície a sensação pode ser asfixiante e em triciclo a motor é aconselhada a utilização de máscara para evitar apanhar com todo o potencial dos escapes dos automóveis, motos e jeepneys – o cruzamento feliz entre jipes inspirados nos da Segunda Guerra Mundial deixados pelos norte-americanos e pequenos autocarros turísticos.

Manila é mais do que bairros (cidades) pouco homogéneos. Se em Makati o luxo, as novas tecnologias e os arranha-céus dão uma imagem de progresso, em Tondo não faltam bairros de lata onde os habitantes vivem em condições deploráveis. E no meio-termo está, por exemplo, Quiapo, onde a Basílica do Nazareno Negro chama a atenção de milhares de fiéis. É nestas ruas que nos perdemos com Greg Dorris, norte-americano de San Diego, Califórnia, que vive há 27 anos na capital filipina. Há telefones de última geração à venda (oficiais e cópias), máquinas de karaoke, pedras que são desodorizantes naturais, amuletos religiosos e pagãos, documentos falsos e muita gente em cada uma das apertadas ruas. Os fios elétricos ligam postes e edifícios numa teia de linhas emaranhadas sem início nem fim. É uma capital asiática no seu esplendor de cheiros a comida, com humidade relativa a mais de 85 por cento, temperaturas a rondar os 30 graus e gente. Muita gente.

Não foi nada disto que Fernão de Magalhães encontrou. O navegador português não chegou ao que hoje se conhece por Manila. Ficou mais a sul, em Mactan, surpreendido e atacado, entregue ao seu destino trágico. E é para lá que vamos, pensando ainda nas palavras de Greg: «Manila não é uma cidade para turistas, é para exploradores.»

Hora e um quarto de viagem de avião – de ferryboat dura 23 horas – para percorrer os 570 quilómetros até à Cidade-Rainha do Sul, como lhe chamam os cebuanos. Antes da chegada da expedição magalhânica, já a região de Cebu era o centro comercial de uma série de rotas por onde andavam mercadores da China, Malásia, Índia ou Japão. A sociedade local já estava organizada por grupos – ou tribos – que interagiam através do comércio ou da conquista violenta de território. Cada tribo teria entre trinta e cem famílias e um chefe a comandá-la. O rajá Humabon era um deles e serviu de anfitrião à frota de cinco navios de Fernão de Magalhães. O português e os espanhóis terão sido bem recebidos, com direito a banquete, ao estilo do que o chef Gene Gonzalez preparou. Era uma pausa merecida numa viagem extenuante que começara em Sanlúcar de Barrameda, no Sul de Espanha. Magalhães tinha a certeza de que poderia circum-navegar o planeta viajando para oeste e a chegada a Cebu era uma das provas de que necessitava para confirmar a sua teoria. Nesses dias finais de abril, Humabon terá falado a Magalhães dos problemas que tinha com o chefe rival Lapu-Lapu, na ilha vizinha de Mactan.

Jobers Reynes Bersales está à frente do departamento de Arqueologia da Universidade de San Carlos. É um dos mais acérrimos defensores da herança cultural e do património da região e é ele quem nos conta os pormenores menos conhecidos da chegada e morte de Magalhães: «Penso que haveria uma disputa familiar e territorial entre Humabon e Lapu-Lapu. Quando Fernão de Magalhães chegou, terá querido mostrar o seu poder ao anfitrião. Tomou as suas dores e partiu para Mactan ao encontro do chefe inimigo. E tudo correu mal. Os espanhóis chegaram com a maré baixa, com armaduras, sob um calor intenso e humidade, enterraram-se na lama e não tiveram grandes hipóteses de sobrevivência.»

A maré volta a estar baixa quando chegamos ao Santuário de Mactan, o local onde terá ocorrido a batalha entre os homens de Lapu-Lapu e de Magalhães. O mar aberto fica longe, mas ao alcance da vista. Há um estrado palafítico sobre a lama e meia dúzia de pequenas embarcações encalhadas, à espera de que a água volte. Virado para a entrada que leva ao mar, está Lapu-Lapu – ou melhor, a sua estátua de bronze. Está de escudo retangular num braço e catana na mão. Quatro turistas filipinos posam em frente ao monumento, sob o olhar de uma dezena de crianças e adolescentes, com camisolas de clubes de futebol e basquetebol (o desporto nacional), sentados à sombra das árvores. O sol do fim da manhã é forte. «Este foi o primeiro herói e o primeiro criminoso das Filipinas», diz um dos rapazes enquanto brinca com a bola. É uma graça comum entre os habitantes da região. O arqueólogo Bersales também já tinha feito uma piada sobre o assunto: «Foi o homem que matou o primeiro turista europeu.»

Passando a estátua de Lapu-Lapu, chega-se ao monumento erigido durante o período espanhol (que durou da chegada de Magalhães até 1898) em memória do navegador português. Mais uma família local tira fotografias de costas para este género de obelisco neoclássico de meados do século xix. São muçulmanos, uma minoria de 5 por cento num país com 80 por cento de católicos. É por essa história religiosa que grande parte dos filipinos têm uma opinião dúbia sobre Fernão de Magalhães: por um lado era o invasor, por outro o rosto da evangelização.

No centro de Cebu, às três da tarde de um dia de semana, a catedral está repleta de fiéis. É uma missa perfeitamente normal, como acontece todos os dias às horas certas. A curta distância está a Basílica Menor de Santo Niño, a criança sagrada, razão principal do festival Sinulog. É um festival religioso que dura nove dias e termina com procissões e desfiles, no mar e em terra, em honra da imagem alegadamente trazida da Europa por Magalhães ou pelo conquistador espanhol Miguel López de Legazpi, o homem que, 44 anos depois do navegador português, voltou às Filipinas para estabelecer a primeira colónia espanhola. Todos os anos, no terceiro domingo de janeiro, cerca de três milhões de pessoas fazem parte desta manifestação religiosa. E mesmo em frente à adorada basílica está a Cruz de Magalhães, um dos monumentos mais visitados de Cebu. E provavelmente o mais controverso.

Apesar de a inscrição junto à cruz informar que a mesma foi ali colocada em 1521 por Magalhães, a verdade parece ser outra. Tudo terá sido obra, em 1967, de um grupo de operadores turísticos interessados em rentabilizar a herança mundial do português ao serviço de Espanha. Quem o diz é Jobers Bersales, numa entrevista tão polémica quanto esclarecedora. Isso não impede que os fiéis rezem, acendam velas, cantem ou se mantenham em silêncio frente à cruz de madeira. É uma questão de fé, numa cidade conhecida por isso mesmo: pela fé.

Cebu tem outros encantos. A comida é uma delas. A simpatia dos seus habitantes outra. E quando as duas se juntam, prova-se que, apesar de o primeiro cidadão nacional português ter sido assassinado à chegada, os dois da Volta ao Mundo dificilmente poderiam ter tido uma melhor receção. Margette, Deena e Marie são três avós filipinas com quem acabámos por partilhar uma carrinha e um avião para chegar a Cebu, depois do voo cancelado às contas de um tufão que passava pelo arquipélago. Numa viagem pelas estradas da ilha de Panay até ao aeroporto de Kalibo, as senhoras perguntaram se podíamos parar à beira da estrada para comprar marisco. Sem objeções, começaram a comprar dúzias de camarão-tigre a oito euros o quilo. E caranguejos do tamanho de sapateiras. Como cozinhá-los foi a dúvida seguinte. E daí até nos desafiarem para prepará-los à moda portuguesa, para elas e os seus maridos, foi um passo rápido. Ficou marcado para a noite seguinte, com o ponto de encontro a ser uma das saídas do centro comercial Ayala Mall, em Cebu, por volta das 17h00.

Depois de um atraso de meia hora, chega um carro topo de gama com o motorista e o mordomo de Margette Sarms. Nenhuma das amigas podia ir ao nosso encontro e enviaram substitutos. Ao chegar a um bairro de casas baixas e humildes, curva e contracurva até um beco. Macoy, o mordomo quase sósia do ator chinês Jet Li, sai do carro, entra numa vivenda e volta poucos minutos depois com um embrulho branco onde parecia estar enrolado um corpo. «Ainda não é aqui, só viemos buscar o leitão.»

E seguimos viagem. Além do local onde Magalhães perdeu a vida, Cebu é conhecida por outros motivos, como ter uma grande indústria de produção de guitarras e por ser a capital filipina do leitão assado. Não é assim tão diferente da Bairrada. O leitão é assado e comido praticamente da mesma forma. As grandes diferenças são o recheio da barriga do dito (com erva-limão, cebolinho ou malaguetas, conforme o gosto) e o quase não aproveitamento dos sucos resultantes da confeção. A avaliar pelo odor que vem da bagageira, a fasquia está alta. Os camarões-tigre no forno e a massada de peixe à moda de Setúbal têm de estar à altura dos acontecimentos – afinal, em 1521 a coisa não correu bem.

O palacete da primeira metade do século xx tem as divisões dos quatro pisos iluminadas. Está numa encosta atrás do capitólio de Cebu, virado para o centro financeiro e para o mar. É a casa de festas de Marie Villalon, pertencente a uma das famílias mais tradicionais e bem-sucedidas de Cebu. «Não fazíamos aqui nada há cerca de um ano», confessa Deena Pages. «Há muita gente que gostaria de alguma vez entrar nesta casa», ironiza Margette. Marie leva-nos à cozinha onde uma equipa de quatro funcionários aguarda ordens. Na sala, duas empregadas preparam bebidas para os convidados. A noite está quente, as conversas sucedem-se e os maridos das anfitriãs são tão ou mais simpáticos do que elas.

O leitão é divinal, os camarões no forno são aprovados por maioria qualificada e a massada de peixe causa surpresa no palacete. Empregados e patrões querem saber como se faz a instituição nacional portuguesa que é o refogado de azeite, alho e tomate. Jefren Pages, que poderia ser a versão filipina de Benicio del Toro com mais dez anos em cima, é um caso sério de boa disposição. Tem sempre uma piada pronta, refere-se a Magalhães como «um bom tipo» e fala da sua morte como o tal «assassinato do primeiro turista». Querem saber mais sobre Portugal, o que a Volta ao Mundo faz ali, porquê o interesse nas Filipinas e no navegador. Dizemos-lhe que é para esta edição especial de 20 anos. Fazem-nos prometer que enviamos a revista. Está prometido. Já é o dia seguinte quando decidimos voltar a Mactan e ao hotel Shangri-La. Na viagem digere-se o dia, as emoções, as descobertas, as ligações tão fáceis de encontrar entre dois países separados por dois oceanos e um continente.

A maré volta a estar baixa quando chegamos ao santuário de Mactan, o local onde terá ocorrido a batalha entre os homens de Lapu-Lapu e de magalhães, ambos lembrados por uma estátua e por um memorial.

Abrir a janela do quarto e ter vista para um santuário marinho onde se pode fazer snorkeling é uma tentação a que não se deve resistir. De barbatanas, máscara e tubo descobrem-se centenas de espécies de peixes e corais das mais diversas formas. A água está a 28 graus, o ar a 32. Este é um resort de praia numa das regiões mais ricas em fauna e flora subaquáticas. Mergulhar é um privilégio e é desse mesmo mar que os habitantes locais tiram uma das suas maiores riquezas: as algas. E são essas que chegam às mesas dos restaurantes e casas de Cebu e das restantes ilhas do arquipélago, inicialmente batizado de São Lázaro. Maricris Encarnacion é jornalista e escritora na área da gastronomia e vai neste momento no banco da frente do automóvel, a explicar a importância e a tradição da comida na sociedade cebuana.

São sete da manhã e estamos a caminho do mercado de peixe para tomar o pequeno-almoço. Esmen’s Carenderia é o nome da barraca/restaurante com mesas corridas e toalhas de plástico coloridas. À entrada, três enormes woks fervilham com sopas de peixe. Há de tubarão, de peixe-papagaio e tinola, sopa de vários peixes com legumes. Cada tigela custa aproximadamente um euro e acompanha com arroz (de milho, tradicional ou embrulhado e pendurado em folhas de bananeira) e uma mistura de calamansi (pequena lima agridoce) com molho de soja e malaguetas. Esmen, o proprietário – sempre a sorrir – junta gengibre e água a outra enorme panela para preparar mais uma sopa. Quer dar-nos o melhor e escolhe a cabeça de cada um dos peixes para sobressair na tigela. Os sabores são tão subtis que poderiam estar a ser servidos num qualquer restaurante de classe mundial. Longe disso, as motos passam a menos de cinco metros, há mesas no meio da estrada e as paredes do espaço são em chapa de alumínio. Maricris encaminha-nos agora para o mercado de peixe seco, onde os cheiros são mais fortes. Ao lado há peixe fresco, legumes e baldes com anchovas fermentadas – o prato continua a ter saída.

Numa das esquinas do centro, uma paragem para conhecer uma fábrica, uma metalurgia. «Vocês vão gostar disto», acicata a foodie filipina. No meio do enorme armazém, rodeada por estruturas metálicas, barras de ferro, caixilhos, cabos e madeiras, está uma casa jesuíta do século xviii impecavelmente preservada. É o museu de Jaime Sy, o proprietário da fábrica que descobriu a importância do achado, nos anos 1980, num livro de História. «Começou como uma paixão e agora é uma obsessão.» Está aberta ao público e conta a história de uma cidade onde ela não passa ao lado. A visita é curta, mas proveitosa.

Maricris tem mais um restaurante de peixe assado para nos mostrar antes do almoço com um dos homens mais conhecidos de Cebu. Rico, assim se chama, já foi Cristo, mas essa identidade tinha pouco de religiosa. É o nome dado ao homem que recolhe as apostas dos participantes nos combates de galos. Fê-lo durante muito anos até chegar à conclusão de que precisava de encontrar uma atividade menos stressante.

E começou a assar leitões. Hoje faz o mais famoso leitão da cidade, envia para Manila e para a China e a Coreia, e nas épocas mais concorridas vende seiscentos por dia. Recebe-nos na quinta onde os cria e assa, onde é raro levar alguém para almoçar. É homem de poucas conversas, mas sempre simpático. Quase que parece tímido até que vai ganhando confiança nos estrangeiros. Está orgulhoso por nos dar a provar a sua especialidade. É tirar do fogo e rasgar a pele com uma faca para sacar pedaços. Rico afasta as moscas com um espanador e manda vir água e refrigerantes. Quer mostrar-nos a sua «invenção» para vencer o desnível entre o local onde chegam os camiões com os porcos (mais alto) e as pocilgas onde eles vão ficar (mais baixo). Cimentou e alargou um rego de água por onde faz escorrer água com sabão. Depois vão os pequenos bácoros, de escorrega. (As associações de defesa dos animais não vão gostar desta parte…).

No regresso ao centro da cidade, há tempo para passar pela Rua Colon, a mais antiga das Filipinas. O trânsito não é como o de Manila, mas já começa a ser preocupante. O hotel fica em Mactan, tal como o aeroporto. Há que cruzar a ponte e passar ao lado do santuário dedicado a Lapu-Lapu e Magalhães, heróis ou vilões, qualquer que seja o lado da história que aprendemos. A maré está, uma vez mais, vazia. E uma vez mais custa imaginar um punhado de homens doentes e mal preparados, sem conhecimento do inimigo ou do terreno, a afundar-se na lama sob golpes certeiros. «Se os norte-americanos tivessem estudado a história de Fernão de Magalhães, não teria acontecido o fiasco do Vietname», conclui Jobers Bersales. Sobre o corpo do navegador português, o arqueólogo não tem dúvidas: «Foi esquartejado, cortado em quatro partes e espetado em paus ao longo da costa para servir de aviso aos espanhóis. Apesar disso os filipinos não o veem como um inimigo. Afinal, foi ele quem trouxe o catolicismo.»

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