Garen Nazarian, embaixador arménio em Portugal, elogia a espiritualidade e tolerância do seu povo e destaca que entre as igrejas cristãs de Yerevan existe a bela Mesquita Azul.

Por Leonídio Paulo Ferreira


Artigo publicado originalmente na edição de outubro de 2020 da revista Volta ao Mundo, número 312.


“A Arménia é um país que vive no passado e no presente em simultâneo, um país que teve um impacto tremen – do na civilização mundial ao ser o primeiro a abraçar o cristianismo como religião oficial do Estado”, afirma Garen Nazarian, embaixador arménio em Portugal, embora não residente (vive em Roma e está acreditado também junto da Santa Sé). Reivindicando mais de 2500 anos como nação – o que a faz contemporânea do Império Romano e da sua grande rival a Oriente a Pártia – a Arménia moderna é muito marcada, de facto, por essa conversão logo no início do século IV ao cristianismo, mas como salienta o diplomata “os nossos monumentos representam diferentes culturas, das eras Urartu, Helénica e Cristã” e mesmo em Erevan, a capital atual, “junto com as mais antigas igrejas cristãs do mundo ali está a magnífica Mesquita Azul a simbolizar a beleza da fé e da tolerância”.

Com uma longa história de “Estado tampão entre impérios”, como o romano e o parto e depois o russo e o otomano, a Arménia sofreu grandes variações de fronteiras e já teve um território bem mais vasto, basta pensar que o Monte Ararate, que surge no escudo nacional, faz parte da paisagem de Erevan, mas fica já na Turquia. Essa longa história pontuada por alguns momentos trágicos, como durante a Primeira Guerra Mundial, explica a existência de uma numerosa diáspora, que produziu nomes tão célebres como cantor francês Charles Aznavour (ian) ou a modelo americana Kim Kardashian, também o magnata do petróleo Calouste Gulbekian, nascido em Istambul, depois cidadão britânico, e que por ter vivido em Lisboa os anos finais da vida acabou por legar a Portugal a fundação batizada com o seu nome.

A Arménia hoje existente como Estado independente é uma antiga república soviética, com o equivalente a um terço do território de Portugal e com um pouco menos também de um terço da população portuguesa, cerca de três milhões de pessoas. “O desenvolvimento da nossa república beneficia muito da nossa diáspora, vibrantemente envolvida”, sublinha o embaixador, que já representou o país em Nova Iorque, junto das Nações Unidas, igualmente em Genebra (outra vez ONU) e também em Teerão, capital desse Irão com o qual as relações são bem mais fáceis do que com o outro grande vizinho muçulmano, a Turquia.

Se a diáspora contribui com o espírito empreendedor, gerando start-up e iniciativas filantrópicas que excedem em muito a dimensão do país, já aos arménios que continuam a viver no Cáucaso compete manter a tradição cultural, sobretudo a hospitalidade, que é marca deste povo. “A multimilenar história deu à Arménia cultura, arquitetura, literatura, arte, música e dança únicas. Visitem-nos”, lança Garen Nazarian, diplomata formado em Erevan e em Moscovo.

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