Ilha do Sal garante ter tudo preparado para começar a receber turistas em massa (Foto: Lusa/Fernando de Pina)

O presidente da Câmara do Sal, a principal ilha turística de Cabo Verde, admite que 2020 foi “de terror”, após meses sem turismo, período que foi aproveitado para preparar a retoma, esperando “uma enchente” de turistas a curto prazo.

Em entrevista à Agência Lusa, na sede da autarquia, em Espargos, Júlio Lopes assegura que nos contactos com os maiores operadores turísticos na ilha, que garantem milhares de camas, como os grupos TUI e RIU, todos se mostram “interessados” e prontos para a “reabertura” do Sal ao turismo, depois da pandemia de covid-19.

“E Cabo Verde, eles sabem, não é um problema. Temos já todas as condições e Cabo Verde é seguro para os turistas”, afirma, referindo-se desde logo aos investimentos em equipamentos de saúde, construídos nos últimos meses e certificados internacionalmente para tratar doentes covid-19.

A retoma turística, recorda Júlio Lopes, só não acontece porque os países emissores de turistas para o Sal – praticamente metade dos 819 mil turistas que Cabo Verde recebeu em 2019 – continuam a tentar debelar a pandemia. Porque, garante o autarca sobre os contactos recebidos, interesse não falta.

“As pessoas querem vir. Neste momento, se as fronteiras fossem abertas, se as viagens fossem livres, de certeza que o Sal estaria cheio de turistas. Os portugueses viriam, os ingleses viriam, os alemães, etc…”, afirma.

De formação dos trabalhadores à aplicação em hotéis, restaurantes e bares de regras de proteção sanitária e de higienização, a preparação é agora visível em toda a ilha.

É por isso que o autarca, reeleito em outubro, não tem falta de confiança no regresso dos turistas, como acontecia antes, a partir deste ano: “Assim que aquela tampinha na Europa se levantar, penso que vamos ter aqui uma enchente de visitantes, o que vai ser bom para a retoma da economia.”

Além de voos de operadores privados, o Aeroporto Internacional Amílcar Cabral, no Sal, o principal de Cabo Verde e que antes da pandemia movimentava anualmente mais de um milhão de viajantes, começou em dezembro a retomar as ligações aéreas regulares, através da portuguesa SATA, depois da suspensão total dos voos internacionais em 19 de março – em todo o país -, para conter a transmissão da pandemia de covid-19.

Para a retoma do turismo, que garante 25% do Produto Interno Bruto (PIB) de Cabo Verde e que representa direta ou indiretamente o emprego em toda a ilha do Sal, o Governo afirmou anteriormente que o país está “em condições e preparado”, após a conclusão da auditoria ao setor da saúde e da certificação de 500 estabelecimentos turísticos.

Foi concluída “com sucesso” a primeira fase da implementação das diretrizes Posi-Check, para instalações médicas regionais, tendo sido certificados e aprovados os centros e unidades de cuidados intensivos de covid-19 no Hotel Sabura e no Hospital Ramiro Figueira, ambos na ilha do Sal.

Igualmente certificados por esta auditoria internacional, conduzida pela consultora Intertek Cristal, foram o novo centro de Saúde de Santa Maria (Sal) e da Clínica de Boa Esperança e delegacia de Saúde, ambas na Boa Vista, sendo estas as duas principais ilhas turísticas de Cabo Verde.

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