Londres é um dos futuros destinos pensados por Miguel, Joana e os filhos (Foto: DR)

Há pouco mais de três anos, as incríveis espetadas madeirenses não souberam bem a Joana Sá Guimarães. Nem ela, nem Miguel perceberam o que ali estava verdadeiramente em causa: aquela era a primeira viagem de Madalena, ainda embrião.

Desde então, a miúda só parou com a pandemia, que lhe trouxe, e sobretudo aos pais tranquilos, o aumento da família. A Madalena, três anos frescos, juntam-se agora Henrique e Lourenço, cinco meses, e a garantia de que a próxima viagem vai ser um inferno logístico. Sem medo. Ainda só não aconteceu porque o coronavírus tornou a coisa algo complicada para tamanha prole.

“Se eu posso ir, ela pode ir”, costumava responder Miguel a quem o interpelava por levar Madalena, bebé, jantar fora todas as sextas-feiras. E os gémeos também poderão, conta o personal trainer de 30 anos, pai babado e despreocupado: tinha Madalena 16 meses e abalou com os pais para uma incursão a Marrocos.

Quando chegou, noite entrada já, o que havia para trincar era kebab nas bancas de rua de Marraquexe. E ela comeu. Com batatas fritas. “Nunca fui para destino nenhum preocupado em levar papas e isto e aquilo. Onde chegasse comia.” E conquistava corações, com o simples passear dos caracóis loiros a enquadrar um olhar intensamente azul.

Miguel, Joana e os filhos, Madalena, Henrique e Lourenço, viajam sempre juntos (Foto: DR)

Cruzou infinitas vezes a medina, dormiu em riades no meio dela, “adorou” e distribuía sorrisos para as fotografias que lhe pediam, até foi ver os curtumes com todo o odor forte que isso significa e a dureza da vida que se faz à volta deles.

“É pesado”, admite Miguel, que tem em Marrocos o destino de eleição e pegava já na mala se lhe dissessem anda, pandemia ou não. Mas antes de Marrocos, Madalena correra Portugal, provara e apaixonara-se por queijo da serra aos 12 meses – terá a quem sair, sorri o pai –, percebera que areia não é “sujo” nos algarvios Salgados e fora mesmo eleita bebé Nestlé do ano 2018 numa visita a Lisboa em que se fartou de pousar para fotografias dela a comer.

Como já comera banana da Madeira no meio do Mercado dos Lavradores, no Funchal. Como já se divertira por Paris, empurrada no “carrinho das viagens, aquele para estragar”, em forma de bengala e que ela já olha com desprezo. Madalena só não foi à Ásia com Miguel e Joana no verão de 2019 porque essa foi a lua de mel dos pais e 20 e tal dias do outro lado do Mundo seria, porventura, aventura excessiva.

Seria compensada com, um périplo pelos mercados de Natal de Basileia, na Suíça, e Mulhouse, Colmar e Estrasburgo, em França. “Só tenha pena de este ano não voltar”, pandemia oblige. Se não fosse isso, teria ousado abalar com os gémeos? “De certeza.” No mínimo, a uma capital europeia, Londres se possível, que Joana, empresária e gestora de eventos de 34 anos, não visita há algum tempo. “Tínhamos falado em ir este ano”. Ou a Paris, que é “uma cidade fácil” e cheia de tudo. Só falta saber se Henrique e Lourenço são como Madalena, “uma bebé muito fácil, que não chora com nada” e tem a sorte de a encherem de chocolates no avião. Parecem ser, para já.

Marraquexe, onde a bebé Madalena comeu kebab e conquistou corações (Foto: DR)

Certa é, de facto, a logística. Uns dias no Fundão provaram-no: espreguiçadeiras, carrinhos, malas, os braços tornam-se poucos e Miguel admite ceder à moda das mochilas porta-bebé. “Felizmente, a Madalena já não precisa de nada” dessas tralhas. Só não consegue ainda transportar a própria mala.

“Vai ser um desafio se formos só nós. Duro. Mas giro.” A garantia é que a preparação da viagem será como sempre, um voo barato atrás do qual se procura um hotel com pequeno-almoço, o mínimo para os pequenos se alimentarem, “e siga”. “Somos muito práticos. Podem não fazer hoje a melhor refeição do mundo, que amanhã compensam.”

Partilhar