Schmilka, aldeia totalmente biológica a escassos quilómetros de Dresden, é uma das novas atrações na Alemanha (Foto: Florian Trykowski)

A pandemia mudou o mundo, até na forma como queremos frui-lo. Os inquéritos de opinião são claros: todos pedem ar livre, localidades afastadas das massas, alojamentos rurais, natureza.

Atenta, a Alemanha pôs-se na dianteira e está a apostar todas as fichas no turismo sustentável, que engaveta em cultura local e “feel good”. Sentir-se bem. Que é como quem diz: em segurança. Com a perfeita consciência de que a promoção só trará frutos a prazo num destino que era o nono mundial (com quase 90 milhões de dormidas) antes da pandemia e que já tem a funcionar o passaporte digital que abre o caminho a quem tenha tido covid, esteja a totalmente vacinado ou apresente um teste negativo.

As notificações nos telemóveis avisavam que a Área Metropolitana de Lisboa ia voltar a fechar fronteiras ao fim de semana enquanto Ulrike Bohnet, diretora do Turismo da Alemanha para Portugal e Espanha, explicava o caminho do futuro, ciente de que a recuperação dos 60% de visitantes portugueses à Alemanha que se perderam desde 2019 (ano em que foram mais de 500 mil) está para demorar.

Não obstante, o país tem o trabalho feito para arrancar com a sustentabilidade. Porque, lembrou, sustentabilidade faz parte da vida dos alemães há anos.

A proposta passa pelos programas German.Local.Culture e Feel Good. O primeiro quer dar a conhecer “sítios inesperados”, fora dos circuitos batidos mas carregados de cultura, tradição, gastronomia (e cerveja, claro), natureza intacta e propostas de atividades ao ar livre. Arquitetura preservada longe dos centros, arte de padaria medieval, porcelana artesanal, agricultura biológica, rios, lagos e praias. “Bem, um diferente tipo de praia.”

O segundo é sobretudo um conceito em que cabem lugares. “Depois de todo este tempo de stresse, quem não quer sentir-se bem, relaxar num lugar remoto e exuberante?” Existe um, por exemplo, nos arrabaldes de Berlim. Chama-se Brandenburgo e tem canoas em cursos de água florestais, como nos mangais tropicais.

Existe outro na Saxónia. Chama-se Schmilka e é uma aldeia totalmente biológica a escassos quilómetros de Dresden. Do moinho de 1665 Ainda sai a farinha para a padaria local, as casas são em enxaimel, a gastronomia é com produtos locais e a cerveja é artesanal. E depois há a cidade de Uberlingen, listada no movimento Cittaslow, onde não há fast food… E e há tendas suspensas em árvores com vista para o rio Sarre.

O convite é para desacelerar, como se desacelerou o aniversário do maior legado cultural da Alemanha. Ludwig van Beethoven nasceu em Bona em 1770. A pandemia cancelou a festa em 2020 e as autoridades decretaram que os seus 250 anos durariam dois anos. Até setembro de 2021. Ainda vamos a tempo de ouvir as ruas tocarem a sua ode a Elise, haja passaporte.

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