Há cada vez mais turistas a optarem por viajar dentro do próprio país de residência (Foto: Pixabay)

O turismo doméstico está em alta e pode moldar o futuro das viagens internacionais, que levarão mais tempo do que o esperado para recuperar os números do passado pré-pandemia.

Esta é a análise de diversos especialistas internacionais, escudada em números recentes apresentados pela Organização Mundial do Turismo (OMT) e nos dados de países como os Estados Unidos ou a China, onde viajar internamente tem sido a tendência.

A OMT revelou que as chegadas de turistas internacionais caíram globalmente 83% no primeiro trimestre de 2021, devido à manutenção das restrições generalizadas às viagens.

Impossibilitados de viajar para países estrangeiros, os turistas, procuraram soluções mais próximas dentro de portas.

“Na China, as gerações jovens há muito que se reapropriaram da cultura chinesa e e há uma disposição do Governo em repatriar dinheiro do turismo”, explica à agência AFP Cécile Poignant, especialista em tendências socioculturais.

Com a pandemia, os chineses percorreram o seu extenso território e exploraram paragens como o Tibete, Hainan ou Sishuan.

Nos Estados Unidos, os turistas locais representaram 95% da receita do turismo em 2020, 10% mais do que em 2019, de acordo com o World Trade and Tourism Council (WTTC), que reúne as principais operadoras de turismo.

Na Europa, as autoridades também incentivam as viagens locais, como em França, onde o Governo apelou a um “verão azul, branco e vermelho [cores da bandeira do país]”, ou no Luxemburgo, onde são distribuídos à população vales de compras para utilizar dentro das fronteiras.

“O movimento real que observamos e que ainda vamos observar neste verão é a soma dos turismos domésticos. É um fenómeno duradouro”, garante à AFP Sébastien Manceau, especialista em turismo da consultora Roland Berger.

Em geral, 60% dos especialistas esperam um aumento do turismo internacional em 2022, de acordo com a OMT. Metade deles estima que não retornará aos níveis de 2019 antes de 2024.

“Esta crise favoreceu muito o turismo doméstico”, confirma Didier Arino, da consultora Protourisme. “Não se pode querer reduzir o impacto do turismo no meio ambiente e não ficar contente com o desenvolvimento do turismo local. A chegada de clientes estrangeiros é responsável por 70% das emissões de CO2 do turismo”, lembra.

Uma tendência que veio para ficar. E com reflexos positivos no meio ambiente.

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