Atualmente existem apenas duas espécies de rinocerontes brancos do Sul (Foto: DR/WWF)

Os rinocerontes brancos do Norte, considerados formalmente extintos, vão ser salvos graças a um inovador projeto levado a cabo por cientistas do Biorescue.

Especialistas deste consórcio internacional, formado por elementos de várias nacionalidades, anunciaram a criação com sucesso de três embriões adicionais do rinoceronte branco, o que oferece perspetivas de futuro a esta espécie.

Atualmente existem apenas dois exemplares do animal, a fêmea Fatu e a sua mãe, Najin. Vivem na gigante reserva natural de Ol Pejeta, no Quénia, onde são protegidas durante 24 horas por diligentes e atentos guardas armados.

E foi precisamente Fatu quem forneceu os óvulos que vão agora permitir que os rinocerontes brancos continuem a existir, os quais foram fecundados com esperma de dois machos já falecidos.

Desde 2019, a Biorescue coletou 80 óvulos de Najin e Fatu, mas todos os 12 embriões viáveis ​​pertenciam à rinoceronte mais jovem.

Depois de terem sido recolhidos no início do mês de julho, os óvulos de Fatu foram levados de avião para um laboratório em Itália, onde foram fertilizados, desenvolvidos e preservados.

Como Fatu e Najin não podem ser mães, rinocerontes fêmeas do Sul servirão agora de barriga de aluguer, explicaram os cientistas.

Richard Vigne, diretor do Ol Pejeta, está otimista em relação ao sucesso da audaciosa operação, embora lembre que está em causa um processo delicado. “É vanguarda científica, sem dúvida. Mas trata-se de um desafio grande em que muitas coisas podem correr mal”, referiu cautelosamente à agência AFP.

O Ol Pejeta é um dos parceiros do Biorescue, que integra ainda o instituto alemão Leibniz, o Kenya Wildlife Servie e o laboratório italiano Avantea.

Os rinocerontes, que vivem há 26 milhões de anos, têm poucos predadores naturais, mas têm sido praticamente dizimados pela caça furtiva desde os anos 1970.

Segundo a World Wild Fund (WWF), os rinocerontes brancos são o segundo maior mamífero à face da Terra e caracterizam-se por serem os únicos com lábio superior quadrado e quase sem pelos.

No século XIX, lembra a WWF, os rinocerontes brancos do sul, que se espalham pela África do Sul, Namíbia e Zimbabué, foram considerados extintos. Em 1895, contudo, uma colónia de apenas 100 elementos desta espécie foi descoberta na província sul-africana de Kwazulu-Natal.

Hoje existem entre 19.600 a 21 mil, recolhidos em áreas protegidas e reservas de caça privadas.

Os do norte, esses, foram agora salvos graças à audácia científica do Homem.

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