Philippe Lopez / AFP

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A sete quilómetros de qualquer margem, uma torre guarda há quatro séculos a tranquilidade do estuário da Gironde, o maior da Europa. Em julho, foi classificado na lista do Património Mundial da UNESCO. É a casa de dois homens. Sejam bem-vindos ao Farol de Cordouan, a “Versalhes do mar”.

Chamam-lhe assim porque é “o farol dos reis”.

Plantado em 1611 nas águas misturadas dos rios Dordogne e Garonne, na boca do estuário que conduz à cidade de Bordéus, é dos mais velhos faróis da Europa.

Nasceu da imaginação de Louis de Foix, arquiteto real, no ano de 1584, inspirado na mística da Alexandria.

E culmina desde então a 67,5 metros de altura, com um vaticínio inscrito na sua capela – sim, tem até uma capela (e um “Quarto do Rei”). É um poema que louva de Foix, como uma inscrição também clamaria o nome do arquiteto no Farol da Alexandria, e que prevê, apocalíptico, que o Mundo desaparecerá quando Cordouan desaparecer.

Encomendado por Henrique III para substituir a pequena “Torre dos Ingleses” que velava sobre o estuário, ficaria pronto sob Henrique IV, que lhe somou o templo e sumptuosidade.

Chegar a ele leva 45 minutos de lancha, mais 15 numa barcaça anfíbia que conduz à zona entremarés, areias entre rochas, mais uma caminhada no curto pontão empedrado e escorregadio que a maré deixa aparecer, até à velha porta de madeira.

E ali, à espera de quem vem, estão os dois faroleiros que o habitam, isolados num mar que lhes molha os pés quando se enche. São seis ao todo, os últimos seis de França, os únicos que resistiram à automatização das luzes. São homens que descobriram uma vocação extinta respondendo a anúncios de vagas em Cordouan. E que se revezam, 15 dias em terra, 15 no mar, uma semana em terra, uma no mar, e por aí adiante.

Como escreveu o jornal “Le Monde” na altura da classificação mundial, “eles têm de inventar a profissão, porque ela já não existe”. E inventam: fazem a manutenção dos geradores, a limpeza do monumento e a visita guiada aos 24 mil turistas que todos os anos procuram o farol.

E o monumento é isto: uma torre com 301 degraus rodeada por uma coroa de aposentos de luxo que é um palácio do Renascimento, com chãos encerrados proibidos a galochas, azulejos em xadrez brilhante, cozinha completa e casa de banho alimentadas a água da chuva. No espaço infinito de um farol no meio do mar…

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