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Paris está a restaurar o seu monumento mais antigo

JOEL SAGET / AFP

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JULIEN DE ROSA / AFP

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O Obelisco de Luxor instalado em Paris está a ser alvo de minuciosos trabalhos de restauro para assinalar com todo o esplendor recuperado os 200 anos da decifragem dos hieróglifos egípcios.

Monumento mais antigo da capital francesa, o obelisco foi oferecido a França pelo Egito em 1829, em jeito de agradecimento pelo feito do francês Jean-François Champollion, especialista em línguas antigas que decifrara hieróglifos na pedra de Roseta sete anos antes.

O monólito de granito rosa esculpido vigia assim Paris do alto dos seus 23 metros na Praça da Concórdia desde 1836.

Este ano, porque faz 200 anos que o Mundo conseguiu finalmente compreender a escrita egípcia, a Direção Regional de Arte e Cultura da Île-de-France associou-se a um mecenas, o fornecedor de tecnologia de limpeza Kärcher, para restaurar o monumento.

O obelisco pontua o eixo histórico de Paris, uma espécie de linha aberta que vai do Palácio do Louvre ao Arco da Defesa, atravessando o Jardin des Tuileries, os Campos Elíseos e o Arco de Triunfo.

Datado do séc. XIII a.C, pesa 222 toneladas de granito rosa pobre em quartzo (proveniente da atual região de Assuão), a que se somam as 240 toneladas do pedestal de granito da Bretanha.

Antes de ser erguido na Concórdia, fazia par com o outro obelisco, ainda de pé, à entrada do Templo de Luxor, nas margens do Nilo.

Na verdade, o vice-rei do Egito Mehemet Ali oferecera ao rei Carlos X e à França os dois obeliscos, mas acabaria por vir para a Europa apenas o direito, escolhido por Champollion por ser mais interesse do ponto de vista das inscrições.

Em 1981, o então presidente francês, François Mitterrand, anunciava oficialmente que a França renunciava à posse do segundo obelisco, restituindo a sua propriedade ao Egito.

Nas suas quatro faces, tem hieróglidos e cenas de oferendas à glória de Ramses II.

No seu topo, uma pirâmide de 3,60 metros de altura brilha no firmamento, revestida de bronze de uma tonalidade que se aproxima do eletro, a liga de ouro e prata que era usada no Antigo Egito.

O revestimento de bronze foi instalado em 1998, para repor o ornamento que fora roubado durante invasões do Egito, no séc. VI.

Já a história do transporte (num veleiro construído para o efeito) e da montagem do obelisco em Paris consta de duas das faces de pedestal.

O monólito foi erguido no lugar de um monumento em honra a Luís XVI, decapitado ali mesmo aquando da Revolução Francesa, para que se evitassem querelas de memória e tentativas de apropriação do sítio por diferentes fações.

Ficou de pé no dia 25 de outubro de 1836, perante os aplausos de 200 mil pessoas.

Os trabalhos de restauro arrancaram este mês e devem estender-se até a junho. Mas a montagem dos andaimes que vemos nas fotografias desta galeria já arrancou em novembro, transformando radicalmente a paisagem.

À volta do obelisco estão agora painéis da autoria de um estudante das Belas Artes de Paris, Jonathan Sobel.

Pretendem representar um monólito amarelo (sol egípcio) e cinzento (ceu parisiense) com as efígies de Ramses II (1304-1213 a.C.), Mehemet Ali (1769-1849), Carlos X (1757-1836) e Jean-François Champollion (1790-1832).