Tailândia quer dar a conhecer as suas maravilhas, entre as quais os locais com marca portuguesa (Foto: Justin Vidamo/Wikimedia)

A Tailândia prepara a liberalização da entrada de turistas com vacinação completa contra a covid-19. E tem um passado português para mostrar.

Foi dos países que mais se fechou no combate à pandemia e que foi reabrindo com restrições rigorosas. Mas estará perto de deixar cair a exigência de teste PCR à chegada e quarentena até receber o resultado.

Agora, com presença na Bolsa de Turismo de Lisboa, garante: é seguro voltar à Tailândia, um destino com paisagens de sonho, do mar ao verde, da cultura à tradição, incluindo a portuguesa.

Malinee Nitikasetsunthorn, diretora do Turismo da Tailândia para o mercado mediterrânico, fala-nos na aposta no turismo português. Antes de mais porque caiu de mais de 56 mil visitas em 2019 para menos de mil desde a reabertura, em julho de 2021. Depois, porque Portugal está no coração dos tailandeses.

Era 1511 e andava Vasco da Gama a fazer-se de primeiro turista internacional na Ásia. Decidiu enviar uma delegação ao Reino de Sião, que sabia existir e ser civilizado e, portanto, putativo parceiro comercial.

Tinha esse reino capital em Ayutthaya, uns 80 quilómetros a norte da atual sede da liderança do país, Banguecoque.

Depois de um primeiro contacto frio, a segunda delegação portuguesa, já do tempo de Afonso de Albuquerque, deparou-se com um acolhimento inesperado.

Sião, budista, abriu os braços às trocas comerciais, à instalação de portugueses nas suas terras e à liberdade religiosa para os novos imigrantes. Porque Portugal fora o primeiro contacto com o Ocidente e fora sempre cordial.

Trezentas famílias mudaram-se para Ayutthaya e construíram um bairro português com uma igreja católica, dedicada a São Domingos e entretanto convertida a São Pedro.

Era o início da influência saudável de Portugal no Reino de Sião. Cresceu de tal modo que, no séc. XVIII, uma portuguesa ida de Goa, Maria Guiomar de Pina, acabou chefe de gastronomia da Casa Real de Sião em Ayutthaya. E precursora de uma das sobremesas de excelência que os tailandeses só comem em dias especiais: a doçaria conventual portuguesa, na sua versão fios de ovos.

As investidas dos vizinhos birmaneses acabaram a destruir Ayutthaya e a expulsar a população para sul, em direção a Banguecoque.

Os portugueses, homens de luta, foram os últimos a sair. Como prémio pela valentia, receberam um quinhão de terra à beira rio Chao Phraya, em Banguecoque.

É território português até hoje, chão da Embaixada de Portugal e de parte do Hotel Sheraton que, por isso, paga renda a Portugal… E não é um chão qualquer: fica junto do Hotel Oriental, o mais famoso da Tailândia e um dos mais famosos do Mundo.

Na extensão da população portuguesa, um pequeno núcleo do outro lado do rio cresceu como bairro de Santa Cruz, do nome da igreja que ainda ali se ergue, hoje numa zona com o nome de Kudichin, não muito longe de um museu onde se fala de pastéis de bacalhau, cozido e feijoada e onde não será de estranhar que alguém se abrace a um português quando o descobrir.

Foto: Uwe Aranas/Wikimedia

De Ayutthaya sobra uma profusão de templos e a igreja católica, ruínas de um passado glorioso protegido por um parque classificado pela UNESCO. Chega-se lá por estrada e regressa-se por rio, numa viagem que passa em frente a esse Portugal de Banguecoque.

Voando para o paralelo das praias paradisíacas, Portugal reaparece em Phuket, através da arquitetura sino-portuguesa que constrói o centro histórico. É um dos destinos que a Tailândia quer promover junto dos turistas portugueses. Mas não o único.

Krabi, localidade em frente a Phuket é uma das novas apostas como porta de entrada para o sul da Tailândia, porque tem um aeroporto internacional à espera.

Khao Sok, ligeiramente a norte de Phuket, é outro destino na calha. Porque é diferente do que esperaríamos daquela região do antigo Reino de Sião: é feita de lagos e montanhas envoltas em nevoeiro ao nascer do sol, alojamentos comunhão com a Natureza e atividades várias focadas numa cor: o verde, afastado do azul das praias.

Ko Samui, ilha paradisíaca do sul, mas também a região de Chiang Mai, no norte do país, querem também construir-se como faróis do romantismo e do turismo de lua de mel.

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