Al-Namas, na província de Asir, Arábia Saudita (Rania Sanjar / AFP)

Passaram escassos três anos e uma pandemia sobre a abertura da Arábia Saudita aos turistas. Hoje, a etiqueta de promoção “Visit Saudi” bate o pleno. E até já tem destinos frescos para o infernal verão da Península Arábica.

Numa altura em que a Arábia Saudita abafa sob as temperaturas tórridas do deserto, alguns escapam para “a cidade do nevoeiro”- um oásis de montanha fresco onde é preciso roupa de inverno até no verão.

(Rania Sanjar / AFP)

Sentado com amigos numa toalha de piquenique, debaixo de uma morrinha envergonhada e uma bruma espessa em Al-Namas, Abdullah Al-Enizi veste um casaco de malha sobre a djelaba branca para proteger-se do frio.

A 2800 metros de altitude no sul acidentado da Arábia Saudita, contrasta fortemente com outros lugares do vasto país praticamente todo feito de deserto e onde o calor pode atingir facilmente picos de 50 graus, o retiro é um desafio anual.

(Rania Sanjar / AFP)

Em Al-Namas, o tempo húmido das monsões mantêm as temperaturas abaixo dos 30 graus, descendo aos 15 durante a noite, e o nevoeiro trava o sol sobre as colinas verdejantes.

“Estão 46 graus em Riade e só 20 aqui, são 26 graus a menos!”, explica Al-Enizi, a aproveitar as férias naquele paraíso a 850 quilómetros da capital saudita. “Aqui fugimos ao calor, está fresco e a chuva e o nevoeiro estão quase sempre presentes, diz o homem, que conduziu 12 horas desde Riade.

À roda do grupo de Al.Enizi, famílias aproveitam a brisa enquanto as crianças correm, livres em vez de estar enclausuradas nas casas com ar condicionado da capital. Magotes de veraneantes de impermeável e bonés de lã bebericam café árabe apertados sob guardas-chuvas e papagaios passeiam ao vento.

Nevoeiro aos 2800 metros de altitude no parque de Jabal Marir (Monte Marir) park, em al-Namas. (Saleh Ajjubari / AFP)

“Visit Saudi”

Um estudo publicado em 2020 pela revista “Science Advances” concluía que a região do Golfo tem o clima mais quente e mais húmido do Planeta. E o aquecimento climático deve tornar algumas cidades da região inabitáveis antes do final do século.

A altitude e os ventos fortes de Al-Namas permitem-na escapar ao pior do calor crescente, explica Hassan Abdullah, responsável jordano da empresa de tecnologia meteorológica WASM.

E tornou-se um destino privilegiado numa altura em que as autoridades sauditas, em busca de novos recursos além do petróleo, promovem fortemente o turismo nacional e internacional.

A promoção “Visit Saudi” bate o pleno apenas três anos depois do lançamento de vistos turísticos para estrangeiros, em 2019. E não só de estrangeiros se fazem as contas: o Ministério do Turismo calcula que em 2021 os sauditas tenham gasto 21 mil milhões de euros em viagens internas, ou seja, mais 30% do que antes da pandemia.

Wadi al-Fann, al-Ula (Royal Commission for al-ULA / AFP)

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