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Na margem norte do Liffey, na capital irlandesa, nasceram dois novos hotéis-irmãos, seguindo o legado de uma icónica discoteca e das palavras de Samuel Beckett. Juntos, somam quatro centenas de estúdios e apartamentos com cozinha e sala.

Pintada de branco e construída em ferro, a bicentenária Ponte Ha’penny tornou-se na primeira ponte pedestre a ligar as margens norte e sul do rio Liffey, que banha Dublin e a Irlanda ao longo de 130 quilómetros.

Batizada com o pagamento feito na altura para a atravessar – abreviado de “half a penny”, ou meio centavo –, é desde então um dos símbolos identitários da capital irlandesa.

É junto a ela que nasceu o recente Zanzibar Locke, primeira unidade do grupo Locke fora do Reino Unido, e sexta no total. Num ano difícil como o de 2020, quando abriu portas, tornou-se num de apenas dois novos hotéis na cidade.

O próprio edifício onde o quatro estrelas está inserido, num complexo de quatro casas de estilo georgiano, já foi a morada da Zanzibar, uma das mais populares discotecas de Dublin, mas estava devoluto há mais de uma década.

“É um local icónico para a população. Todos temos memórias criadas aqui. Fez parte de Dublin nos anos 1990 e volta a fazer”, diz Osgur O’Ciardha, gerente do hotel, que soma 160 estúdios e apartamentos até quatro pessoas (equipados com cozinha e sala de estar), alguns com varanda generosa sobre o rio.

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Para envolver o legado da morada, algumas paredes em pedra ainda são mantidas, mas elegância e conforto são palavras de ordem nos aposentos, onde imperam tons neutros como o rosa-salmão, talvez para equilibrar o frenesim do centro histórico em redor. Mesmo estando o hotel na margem norte do rio, “a mais divertida”, acrescenta Osgur.

Além de ginásio, pátio descontraído com plantas e mesas, e zonas de coworking, outro dos destaques do hotel recai no Baraza, onde há espaço para pão pita e húmus, abóbora assada com queijo feta e tomate, espetadas de vaca irlandesa com molho de malagueta ou coxa de frango irlandês com morcela local.

A localização é, naturalmente, uma das mais-valias, estando próximo das principais atrações da capital, como a Igreja de St. Paul, o castelo, o St. Stephen’s Green Park, pubs emblemáticos como o Temple Bar e o The Brazen Head, este último o mais antigo da cidade, com 900 anos.

Ainda assim, quem prefira uma zona mais afastada e calma tem outra novidade na frente ribeirinha, a dois quilómetros de distância. Junto às águas do Liffey, agora na zona industrial de Dublin, nasceu há um ano o Beckett Locke, irmão mais novo do Zanzibar, pet-friendly e ainda maior, com 241 estúdios e apartamentos que chegam aos 53 metros quadrados.

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Está localizado junto à 3Arena, a principal sala de espetáculos de Dublin, e a arte está no seu ADN, a começar pelo próprio nome, em homenagem ao escritor e argumentista Samuel Beckett, irlandês que dá nome à ponte mais próxima deste hotel.

A decoração, a cargo de designers locais, exprime o bairro em redor, vestindo os quartos de colunas em cimento, com outros elementos mais descontraídos, como cabeceiras de cama aveludadas e madeiras claras. As altas janelas com vista rio permitem a entrada de bastante luz natural.

A variedade de quartos e apartamentos traz diferentes dinâmicas de reservas. “Temos hóspedes que ficam só uma noite, outros que decidem ficar seis meses, a trabalhar à distância”, diz Romy Farrelly, gerente da unidade.

No piso térreo, há espaços para aproveitar os vários momentos do dia, desde a cafetaria artesanal aberta de manhã e de tarde, aos espaços de coworking, ao restaurante The Belis para almoços e jantares, ao ginásio onde se pode treinar a solo ou participar em aulas de ioga, e ao intimista bar para dar seguimento aos fins de tarde e noites, onde se realizam atividades como workshops e masterclasses sobre cocktails e uísque, esse ex-líbris e motivo de orgulho do povo irlandês.

Zanzibar Locke
Ormond Quay Lower, 34
Quartos desde 125 euros/noite

Beckett Locke
N Wall Avenue, Point Square Village, North Dock
Quartos desde 110 euros/noite

A “Volta ao Mundo” viajou a convite da Locke Hotels.

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