O navio de cruzeiro alemão MS Amadea com cerca de 500 turistas de vários países europeus à chegada a El Guamache, na Ilha Margarita (foto: Gustavo Granado / AFP)

Não acontecia há 15 anos: um cruzeiro com europeus acostou na Venezuela. E foi uma festa.

O navio de cruzeiro alemão MS Amadea com cerca de 500 turistas de vários países europeus à chegada a El Guamache, na Ilha Margarita (foto: Gustavo Granado / AFP)

O porto de El Guamache, na antigamente cobiçada ilha venezuelana Margarita, no estado de Nueva Esparta, acolheu no dia 3 de janeiro, com pompa, os quase 500 turistas europeus que viajavam a bordo do MS Amadea, um navio alemão com bandeira das Bahamas.

Os europeus tinham-se afastados deste destino com receio de um país enterrado em crises económicas subsequentes, geradas pelas pesadas sanções internacionais impostas ao regime venezuelano.

Uma inflação galopante, o controlo de câmbio, a dramática escassez de produtos e a falta de garantia de serviços básicos como a água e a eletricidade juntou-se à insegurança, num país com elevadas taxas de violência, para manter os navios ao largo, levando ao encerramento das agências de viagens.

A Venezuela “tornou-se um destino muito inseguro e de alto risco”, admitiu à AFP Reinaldo Pulido, vice-presidente do Conseturismo, a autoridade de turismo venezuelana.

Cerca de 500 turistas de vários países europeus desembarcaram em El Guamache, na Ilha Margarita (foto: Gustavo Granado / AFP)

E, por isso, “durante muitos anos, a Venezuela esteve fora dos radares dos navios de cruzeiro”, acrescentou o ministro do Turismo, Ali Padron, que se deslocou à ilha para acolher esta acostagem histórica. Havia 15 anos que nenhum navio europeu parava na Venezuela.

Mas depois de anos de hiperinflação e da queda livre da moeda que atiraram os venezuelanos para a miséria e levaram milhões a fugir do país, a economia (e o turismo) têm dado tímidos sinais de recuperação.

A dolarização da economia e um controlo de preço menos apertado impulsionaram as importações, permitindo uma maior variedade de produtos nos supermercados e a abertura de comércio.

A esta recuperação soma-se o fluxo de turistas russos a optar pela Venezuela, depois de verem vedados outros destinos na sequência da invasão russa da Ucrânia.

Cerca de 500 turistas de vários países europeus desembarcaram em El Guamache, na Ilha Margarita (foto: Gustavo Granado / AFP)

Para o presidente do Conseturismo, Leudo Gonzalez, a chegada do MS Amadea “abre a possibilidade de o país regressar ao radar das maiores companhias de cruzeiro”. E tudo o que “traga novos turistas internacionais é um ganho”, admite. “Para nós é maravilhoso, uma celebração.”

A maioria dos passageiros do MS Amadea eram provenientes de Espanha, França, Alemanha, Itália e Suíça.

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