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Depois da pausa provocada pela pandemia, o Carnaval voltou em força às ruas da capital da ilha canária.

A festa foi de arromba. Santa Cruz de Tenerife esperava-a há três anos, desde que a pandemia mandara toda a gente para casa e impediu os foliões de sair à rua para festejar o Carnaval. Em 2022, fizeram-no em junho, mas não foi a mesma coisa.

Durante todo o fim de semana a cidade de Santa Cruz transforma-se, dando a sensação de que todos, sem exceção, estão ali para viver o Carnaval.

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A folia começa logo pela tarde nas muitas ruas pedonais com as murgas a ensaiarem para o desfile da noite, onde todos os holofotes se dirigem a Adriana Fumero, a rainha desta edição.

Mas não foram só os atributos da jovem a contribuir para a eleição: o carro em que desfilou duas noites seguidas pelas ruas da capital da ilha Canária, em vez de lantejoulas, estava profusamente decorado com azulejos azuis e brancos a lembrar a capital portuguesa.

“Uma homenagem a Lisboa” – foi assim que Santi Castro, o designer responsável pela decoração do carro que deu o prémio à rainha do Carnaval de Tenerife em 2023, classificou a obra.

Várias horas antes do desfile noturno, na marginal junto ao porto e ao edifício da ópera projetado por Santiago Calatrava, ainda a tarde ia a meio e Rosário Galindo envergava um traje de um branco imaculado, feito por si com máscaras cirúrgicas, como que a lembrar que este ano estes objetos assumem o seu verdadeiro papel.

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Mais à noite, a festa atravessou a cidade com a Cabalgata Anunciadora, a cerimónia de arranque dos festejos que se vão prolongar até 26 de fevereiro.

É tempo de os foliões desfilarem ao longo de várias horas pelas ruas da cidade. São mais de nove mil participantes que há meses se vêm preparando para a grande noite.

Nova Iorque, o tema escolhido para este ano, foi pretexto para nas ruas surgirem os tradicionais táxis amarelos, o skyline nova-iorquino, mas também Freddie Mercury, Charlie Chaplin e Michael Jackson.

O tema, no entanto, não inibe os amantes do Carnaval de fazerem as suas próprias escolhas. Nos desfiles surgem padres padres e bispos, palhaços, arlequins, sereias e piratas, ovnis e até tropas SS, sempre sob o aplauso da multidão que desde o fim da tarde se posiciona nos passeios para ver passar as murgas e as comparsas – as primeiras com um caráter mais popular e satírico, as segundas a lembrar as escolas de samba brasileiras.

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Cristo Paz e Acerina Ramos estão na rua a dar os últimos retoques para começarem a bailar durante pelo menos três horas. Fazem-no com paixão, este ano recompensada. Os Joroperos, a comparsa que integram com mais 147 elementos, ganhou ganha o primeiro prémio para a melhor atuação do Carnaval.

Começaram os ensaios há seis meses e depois das festas seguem-se atuações em casamentos, batizados e festivais. “É uma forma de vida”, dizem as bailarinas, funcionárias administrativas no resto do tempo. Fernando Hernadez, diretor da companhia, confirma – “Passo mais tempo com estes companheiros que com a minha família”, diz com orgulho a alma da comparsa que este ano completa 50 anos.

Depois dos desfiles a festa continua nas ruas, com os velhos e novos, devidamente mascarados. Nem a chuva os demove. Aliás, ouve-se por Santa Cruz, onde esta semana eram esperados 140 mil turistas, que chuva e Carnaval andam sempre juntos.

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