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Atravessar a pé a mais alta cordilheira europeia passando pelos oito países que ela abarca ao longo de 110 dias. É o desafio para o qual arranca esta sexta-feira o português Nuno Gomes.

A ideia tem um pouco a ver com a Volta ao Mundo. Há dois anos, em plena pandemia, Nuno recordava para nós a travessia dos Pirenéus, 820 km em 47 dias, de Higuer, no Atlântico, a Creus, no Mediterrâneo. Queria contar a aventura de uma vida para “pôr o povo a mexer”.

A procura de mapas, a seleção de fotografias e a recordação da preparação deixaram nele o bichinho da aventura, a ideia amadureceu, precisava de meter pés a caminho de uma travessia grande. Até para escapar a uns tempos negros.

Estudou várias hipóteses, até os Estados Unidos, difíceis por questões de visto, ou a Europa de Norte a Sul, a que faltava montanha. Até tropeçar nos Alpes, que já conhece em parte das viagens que lidera para uma agência de viagens de aventura.

“Tentei encontrar o meu próprio caminho, compilei caderninhos com altimetrias e trajetos”, conta Nuno, que com o tempo aprendeu a poupar no peso da mochila. A decisão foi firmada em janeiro e a viagem marcada para hoje, dia em que voou para Trieste, em Itália.

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Daqui para a frente são cerca de 110 dias (a certeza só será dada no dia em que descalçar as botas) para mais ou menos 2000 km e um desnível acumulado de 110 mil metros até estacar no quilómetro final.

Pelo caminho, vai meter os pés por Itália, Eslovénia, Áustria, Alemanha, Liechtenstein, Suíça, França e Mónaco. A andar todos os dias, acredita, nem que seja pouco, e a dormir quase sempre numa tenda que só pesa meio quilo dos 11,5 que carregará às costas, mais água e comida.

“Não tenho tido tempo para uma preparação física como para os Pirenéus, fiz corrida e bicicleta estática. Aqui é mais a cabeça que tem de estar preparada, mais do que a parte física”, diz Nuno, que já sabe que o mais duro se concentrará na primeira semana. “Depois o corpo entra no ritmo.”

Quanto à alimentação, conta ir comprando pelo caminho para poder cozinhar. Já água é algo que abunda nos Alpes, pelo que só precisa de passar pelo filtro que também leva.

Um painel solar para carregar o telemóvel, um localizador gps para a família saber por onde anda (cujo link estará partilhado nas redes de Nuno) e dois kg de roupa de verão e de meia estação – “se estiver frio visto tudo e fico com o equivalente a roupa de inverno” – compõem a mochila.

Com alguns patrocínios em termos de material e o apoio da equipa com que trabalha na consultadoria imobiliária para manter os negócios a andar, Nuno parte apenas com uma mágoa: Ana, a namorada que o acompanhou pela GR11 dos Pirenéus, não pode fazer esta viagem, por questões profissionais. Nuno vai estar sozinho e sabe que isso é mesmo o mais duro quando a única coisa que se tem são dois pés e um objetivo longínquo.

A história deste desafio será contada diariamente nas páginas de Facebook e Instagram que criou para o efeito e a que chamou Nuno Hiking.

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