O ravenmaster Michael Barney Chandler (Benjamin Cremel / AFP)

São corvos, seis simples corvos, e na sua sobrevivência reside a do próprio Reino Unido. E por isso há um Beefeater (um guarda, não um gin) a velar para que sejam sempre seis a habitar a Torre de Londres.

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Michael Chandler está habituado a missões quase impossíveis – serviu como marine no Iraque e no Afeganistão. Agora tem a mais difícil das missões em mãos: garantir a sobrevivência do Reino Unido.

Não, Londres não entrou em nenhuma guerra, a Escócia não está para se separar de Inglaterra, muito menos estará o País de Gales (da Irlanda do Norte, nunca fiando). É apenas uma profecia.

Se não houver pelo menos seis corvos a viver na Torre de Londres, a antiga prisão-fortaleza erguida nas margens do Tamisa esboroar-se-á e arrastará consigo o Reino Unido.

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A missão de velar para que assim seja foi definida pelo rei Charles II, que reinou entre 1660 e 1685.

Desde então, elementos dos Yeomen Warders – os guardas cerimoniais da Torre de Londres e dos seus tesouros, (entre eles as joias da Coroa) conhecidos como Beefeaters – têm tomado conta dos pássaros.

E, desde 1960, são liderados por um “ravenmaster”, um mestre dos corvos.

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Aos 57 anos, o antigo marine Michael “Barney” Chandler é o sexto homem a assumir o cargo. Missão: garantir que estão sempre seis corvos nas instalações.

Gere uma equipa de quatro pessoas a quem compete alimentar, cuidar e monitorizar os animais.

Atualmente, são sete, mais um do que o necessário para evitar o desastre.

Edgar, Harris, Poppy, Rex, Georgie, Jubilee e Branwen dividem o tempo entre deglutir animais ou entreter os três milhões de turistas que visitam anualmente a Torre de Londres, muitas vezes assustando-os com a proximidade.

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“São pássaros territoriais. Mesmo que os deixemos andar durante o dia, não vão a lado nenhum”, explica o ravenmaster, que, ainda assim, trata de encurtar as penas de um das asas de cada animal para evitar que se estiquem na liberdade.

A esperança de vida de um corvo da Torre de Londres ronda os 20 anos, contra os dez a 15 dos que vivem em modo selvagem. O recordista da Torre chegou aos 44 anos.

“Servem Sua Majestade tanto quanto nós servimos”, explica Michael Chandler, que admite ter-se apaixonado pelos bichos. “São indivíduos, têm caráter, como nós.”

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