Cinque Terra, a bela mão cheia de aldeias rurais italianas penduradas como presépios coloridos sobre o mar, viu finalmente reabrir os seu “trilho do amor” ao cabo de 12 anos de obras.
A UNESCO decidiu proteger Cinque Terre em 1997, atribuindo-lhe a classificação de património mundial. É um pequeno território de cinco aldeias, como o nome indica, penduradas sobre as águas cristalinas do Mediterrâneo, não muito longe da cidade portuária de La Spezia.
Feito de perto de 3800 hectares de terra, 130 quilómetros de trilhos e 4500 hectares de área marinha protegida para escassos 4000 habitantes, o Parque Nacional de Cinque Terre acolheu no ano passado quatro milhões de turistas. Mais um milhão do que no ano anterior.
A reabertura da famosa “Via del’Amore”, um caminho que é hoje sobretudo de uso turístico a ligar as aldeias medievais de Riomaggiore e Manarola, 12 anos e 22 milhões de euros depois de ter sido encerrado para obras e fortalecimento da escarpa, pode muito bem voltar a estoirar os recordes de visitas.
Em setembro de 2012, uma derrocada feriu gravemente quatro turistas australianos e alertou para o estado calamitoso do trilho, que olha há 104 anos para a profundeza azul do mar da Ligúria
Mas não, não foi um caminho pensado para ser do amor. Até o governo italiano iniciar a construção do caminho de ferro entre La Spezia e Génova, a norte, no século XIX, não existia. A ligar as duas aldeias de camponeses havia um trilho na margem do precipício, tão duro que pouco era usado e afastava ainda mais Manarola e Riomaggiore, já de si tão distantes uma da outra (800 metros de escarpa) que até falavam dialetos diferentes.
Com as obras da ferrovia, dois troços de caminho empedrado foram construídos a meia encosta para servir os trabalhadores e animais de carga. E um punhado de visionários percebeu que ligá-los seria oferecer proximidade entre as duas aldeias.
A construção arrancou em 1920 e levou 11 anos a completar-se e a tornar-se no lugar perfeito para os aldeões namorar. E um deles esculpiu na parede de rocha o famoso título que hoje tem. Via del’Amore.
Reabriu no dia 27 de julho e tem um limite de 400 transeuntes – com bilhete pago – por dia.