Chama-se The Wine Hotel e foi oficialmente inaugurado entre as vinhas da Quinta do Paral, na Vidigueira, para oferecer um retiro de “quiet luxury”. E é o único hotel da Europa com avião privado.
Quando vemos o Pilatus PC12 a descer sobre o fim de tarde que banha o novo The Wine Hotel by Quinta do Paral, julgámos que algum mal aventurado falhou a pista de Beja e vai dar espetáculo entre as vinhas velhas da Vidigueira. O espanto coletivo transforma-se num silêncio apenas quebrado pelos motores do aparelho, a dançar sobre a festa. Era um acenar de boas vindas, lançado pelo próprio ideólogo do lugar: Dieter Morszeck, um alemão tresloucadamente apaixonado pelo Alentejo.
Dieter descobriu Portugal e depressa agarrou em fundos para investir naquela que considera ser “a Toscana portuguesa”. Em 2017, adquiriu 85 hectares de terra na Vidigueira para produzir vinho de excelência, algum retirado de vinhas velhas acarinhadas como gente, e azeite. No lugar restavam os alicerces da antiga Quinta do Peral, cujo nome advinha de um ancestral pomar de peras e que se estabeleceu ali no alvor do século XVIII e passou das mãos do Visconde da Esperança, do Conde de Palma e da Condessa de Santar.
Neto do fundador e atual proprietário da marca de malas de luxo Rimowa e fundador da construtora de aviões Junker Aircraft (que devolveu vida aos modelos criados por Hugo Junker no princípio do século XX), Dieter sabe que o luxo está na simplicidade e nos pormenores. Ora, um céu como o do Alentejo e uma vista como a que se perde sobre linhas perfeitas de vinhas que são mães de néctares únicos são a mais perfeita descrição desse luxo. E isso tinha de ser partilhado.
Assim nasceu o The Wine Hotel, que, integrado na rede Leading Hotels of the World, promete uma experiência de “quiet luxury”. Luxo com calma, como só o Alentejo sabe dar, num lugar para desacelerar ao qual se pode “chegar” a toda a brida no dito Pilatus PC12, o avião privado do hotel, deste que é o único hotel da Europa com avião privado.
O transfer aéreo até Beja é um dos serviços exclusivos propostos. Um mordomo, jantares privados com chef, a observação noturna de estrelas a partir de uma cama balinesa escondida no meio das vinhas, ou do rooftop de uma das Signature Terrace Suites, passeios equestres e provas de vinho são outros.
O hotel acolheu os primeiros hóspedes em junho, mas só foi inaugurado em setembro, sob um céu indeciso entre um fascinante laranja e o plúmbeo. O dramatismo perfeito para Dieter explicar o que oferece: simplicidade exterior e luxo interior.
Ali há 22 quartos e suítes, com preços a partir dos 300 euros, alguns na antiga casa senhorial do século XIX, com pormenores que incluem casas de banho escondidas atrás de espelhos fumados, duches ao ar livre, lareira de dupla face, a arte inspirada no vinho de David Reis Pinto, cafés e chás exclusivos. E, claro, vinhos tutelados pelo enólogo e diretor da Quinta do Paral Luís Morgado Leão, cujo desiderato foi preservar a tradição e cultura alentejanos apostando na sustentabilidade e na preservação da biodiversidade.
E porque tanta serenidade abre o apetite, o The Wine Restaurant, sob curadoria do chef – alentejano, claro – José Júlio Vintém, expõe o conforto do Alentejo com a óbvia harmonização vínica. Para algo mais leve, há o The Estate Lounge e o The Grape Rooftop.