A catedral Notre-Dame de Paris vai finalmente reabrir portas ao Mundo, cinco anos e meio depois de destruída por um incêndio. A festa arranca no dia 8 de dezembro, cumprindo-se a promessa feita em 2019 pelo chefe de Estado francês.
No dia 15 de abril de 2019, a notícia caía como uma bomba ao final da tarde. A catedral Notre-Dame de Paris estava a arder. As imagens começaram apenas tristes, com fumo a sair dos telhados de uma das maiores catedrais do mundo ocidental.
Mas rapidamente se tornaram trágicas, quando as chamas envolveram a “flecha”, que pouco depois caía, perante o olhar estarrecido de França, ferida num dos seu maiores símbolos, a par da Torre Eiffel. O presidente francês, Emmanuel Macron, prometeu de imediato esforços e investimentos no sentido de reabrir a catedral no prazo de cinco anos.
O templo, cuja construção arrancou em 1163 e se prolongou por dois séculos, ficou parcialmente destruído, tendo inclusive visto o campanário da torre norte severamente afetado. A instabilidade resultante do incêndio levou dois anos a resolver, para os artesãos e restauradores poderem entregar-se à árdua tarefa de recuperação da catedral. E só quatro anos depois do drama se iniciou a reconstrução da flecha de 96 metros introduzida na reabilitação concebida no século XIX pelo arquiteto Viollet-Le-Duc.
Na semana passada, foi a vez de se testarem os oito sinos do campanário norte, reinstalados em setembro último. Poderão, enfim, anunciar a primeira missa no dia 8 de dezembro, primeiro de vários dias de festividades.
Os últimos retoques estão atualmente a ser dados no interior, com a limpeza de paredes, vitrais, abóbadas e dos 8000 tubos do órgão, enquanto decorre a restauração do chão. As obras não ficarão completas a tempo da reabertura, mas já não impedirão as visitas e os serviços religiosos.
O restauro da abside e da sacristia só deve ficar concluída em 2025, prevendo-se a instalação de vitrais contemporâneos em 2026. A fachada e a reformulação da esplanada (com árvores e uma promenade coberta) ficarão prontas em 2028.
Esperam-se 12 a 15 visitantes anuais, mais do que dez a 12 anteriores ao fogo, devendo os interessados inscrever-se na página da catedral online. Quanto a grupos, só poderão regressar a partir da primavera 2025.
A entrada mantém-se gratuita, apesar da intenção do governo francês de impor uma taxa de 5 euros aos visitantes (não aos fiéis) para ajudar a financiar a recuperação do património religioso francês – haverá 5000 igrejas a precisar de obras por todo o país.
A oposição da hierarquia católica, alegando uma lei de 1905 que assegura a gratuitidade do acesso a locais de culto e o sentido de comunhão que preside à catedral, travou a ambição governamental.