O Comboio Histórico do Vouga vestiu-se de Natal e regressou aos carris para iluminar os sábados desta época natalícia na única linha estreita ainda em uso em Portugal.
As carruagens e a locomotiva construídas no início do século XX já são, por si só, um atrativo que merece o desvio para uma viagem ao passado ferroviário de Portugal.
Iluminadas com o Natal e animadas com um Pai Natal, duendes, renas e doçaria regional tornam-no imperdível nos próximos sete sábados do calendário, de 23 de novembro a 4 de janeiro.
A edição de Natal do Comboio Histórico do Vouga tem, pela primeira vez, iluminação a preceito, traçando um raio de luz ao longo dos bosques e dos campos que separam a cidade de Aveiro de Macinhata do Vouga.
A viagem de 37 Km, feita ao ritmo de uma locomotiva que serviu pela última vez o serviço regular até Guimarães, arranca ao princípio da tarde na linha 1 da estação de Aveiro, a única de bitola estreita ainda em serviço no país, com comboios regionais a circular até Sernada do Vouga.
A composição histórica – que sai também nos sábados dos meses de julho e agosto – segue até Macinhata do Vouga, onde os passageiros podem fazer uma visita guiada ao núcleo local do Museu Ferroviário e descobrir relíquias de um rico passado sobre carris.
No regresso, pára em Águeda para uma visita guiada à Cidade Natal, em que se descobrem as ruas cobertas, as animações natalícias, o maior Pai Natal de Portugal (cerca de 21 metros de altura e mais de 250 mil leds) e o seu homónimo menor, uma nano-estrutura do artista Willard Wigan só visível ao microscópio.
A viagem leva uma tarde inteira e custa 39 euros para adultos e 24 para crianças.
“É uma forma de a CP valorizar o turismo ferroviário, mas também a cultura local, a região e o turismo e é um contributo para a coesão territorial”, explicou o presidente da empresa pública, Pedro Moreira, à margem da apresentação da iniciativa, no sábado passado, em Macinhata do Vouga.
A iniciativa insere-se na revitalização mais alargada de comboios históricos, que a CP tem feito em parceria com as câmaras municipais e as comunidades ribeirinhas das linhas onde circulam.
“Os comboios históricos têm dado resultado. Para além de terem agora mais atrativos, temos intensificado o número de viagens e temos otimizado a operação. Neste momento são rentáveis, sendo que nós não temos procurado o negócio em si – temos a preocupação de não darem prejuízo, que é importante”, diz Pedro Moreira.
Trata-se de “conseguir a melhor experiência possível e o melhor contributo que esses comboios podem dar ao nível do turismo e da valorização das regiões”.
As viagens limitadas devem-se a vários factos, a começar pela necessidade de manutenção “ainda muito manual” de material circulante muito antigo, “que não pode ser utilizado de forma muito intensiva” e que exige muitos cuidados de conservação.
Além disso, estas composições – há comboios históricos a circular no Douro no verão, no Vouga no verão e no Natal e entre o Porto e Ermesinde no Natal – implicam trabalho extra.
“Temos um problema de dimensionamento das próprias tripulações. Há um esforço muito grande das nossas equipas que quero reconhecer e a que quero dar destaque. É pico de trabalho sazonal que resulta muito bem, mas para o qual não estamos dimensionados”, justifica o dirigente.
“Já criámos uma unidade especifica ao nível da manutenção e restauro do material circulante, queremos crescer, mas temos que conseguir ganhar capacidade para fazê-lo de forma mais regular.”