É a mais recente medida para combater o “sobreturismo”: a cidade de Florença vai proibir as caixas de chave com código que facilitam o acesso aos alojamentos locais.
O plano “Turismo sustentável e cidade habitável” foi aprovado no Conselho Municipal de Florença no passado dia 12 de novembro e visa contrariar a tendência de excesso de turismo que tem afetado várias cidades europeias.
Além das caixas de chaves, anuncia a definição de limites à abertura de alojamentos locais e de comércios vocacionados para o turismo (lojas e restaurantes) e ataca os carrinhos de golfe que transportam turistas nas ruelas do centro histórico proibidas ao trânsito normal.
As caixas de segurança com código e chaves permitem aos turistas aceder aos alojamentos sem a presença do proprietário e são vistas pela população local como um sintoma do excesso de turismo e símbolo do despovoamento das zonas históricas e da crise da habitação.
A cidade-museu renascentista registou no ano passado perto de nove milhões de presenças turísticas, a somar de cerca de 1,5 milhões de visitantes diurnos, 95% dos quais se concentram “em cinco quilómetros quadrados”, explicou a autarca de Florença, Sara Funaro. E 2024 somou, até setembro, mais mais de 7,8 milhões de presenças.
O centro histórico “já não é capaz de suportar, sem enfraquecer o seu valor patrimonial e ver comprometida a sua habitabilidade global, uma presença tão maciça de atividades e veículos para uso exclusivo dos turistas”.
O objetivo da autarquia da capital toscana é preservar as atividades históricas, garante da sobrevivência da cultura florentina.
A resolução refere ainda que é necessário “reforçar uma reflexão ampla e aprofundada sobre as possíveis medidas a adotar, a fim de garantir o justo equilíbrio entre o acolhimento turístico e a proteção da cidade e da residência, numa governação que deve partir da análise do contexto e cujo objetivo último é a proteção da cidade de Florença, entendida como património histórico e cultural da humanidade (UNESCO), mas também como um organismo vivo, constituído pelos habitantes que nela residem permanentemente”.
A decisão entra em vigor em 2025 e segue-se a um protesto dos habitantes, que cobriram centenas de caixas de chave com adesivos vermelhos para dificultar o seu uso.