Os mercados de Natal de Budapeste destacam-se pelos cenários onde se desenvolvem. Mas a fórmula comercial tem pouco de tradicional.
Desengane-se quem pensa que, ao chegar a Budapeste, vai lambuzar-se de húngaros. Na capital magiar, os doces que mais êxito têm são os bolos chaminé, uma espécie de doce cónico feito com uma massa de farinha, açúcar e canela que pode ser recheada com vários ingredientes, estando o pistácio no topo das preferências. Chantilly, chocolate e doces de morango estão também entre os mais pedidos nos mercados de Natal da cidade.
O chocolate quente com chantilly, servido em copos e palhinhas riscados, e os bonecos de gengibre também pululam. Muito instagramáveis. Assim como a sensação de engano crescente, ao constatar que não se consegue encontrar os biscoitos vendidos em Portugal como húngaros. “Sim, sabemos o que é, mas isso é comida que as avós fazem em casa, nas aldeias, umas bolachinhas que depois mergulham em chocolate”, diz secamente Ilona, vendedora, perante a pergunta considerada picaresca.
O mercado da praça Szent István, com a imponente Catedral de Santo Estêvão como pano de fundo, parece ser das poucas garantias de que estamos efetivamente na Hungria.
A praça é um dos locais mais emblemáticos de Budapeste, dominada pela maior basílica (Szent István Bazilika) da Hungria. Batizada em homenagem ao primeiro rei húngaro, tem na catedral um marco arquitetónico, cuja impressionante cúpula oferece vistas panorâmicas da cidade.
Mas, cá em baixo, o repertório musical é todo feito de êxitos norte-americanos. Há uma gigantesca árvore de Natal, com trono, comboio, luzinhas e casinhas de madeira a vender produtos artesanais como os tradicionais bordados e marionetas, mas a preços muito inflacionados. Uma marioneta de dedo pode custar cerca de 45 euros.
Outro mercado ergue-se na praça Vörösmarty, no coração de Budapeste, cercada por edifícios históricos como o famoso Café Gerbeaud. O largo marca o início da movimentada rua comercial Váci utca e tem no seu centro a estátua do poeta Mihály Vörösmarty, (1800-1855) um dos maiores da Hungria e figura central do movimento romântico húngaro. A sua obra mais famosa é o poema “Szózat” (“Convocação”), um símbolo nacional frequentemente considerado o segundo hino do país.
Além da poesia, se procura algo tradicional, encontrará iguarias típicas como couve recheada com carne, goulash, polenta, pernil e uns cachorros quentes padecentes de gigantismo. Há também langos, uma massa de pão frito amassado, cruzamento entre massa de fartura e pizza que serve como prato e tanto vem recheada de iguarias doces como salgadas. Acompanhe-se com o vinho quente com especiarias, herança romana da celebração do Solstício de Inverno.