Foto: Gonçalo Figueiredo

É a diferença entre atravessar uma rua a correr sem ver nada ou percorrê-la devagar, parando e olhando para as pessoas e para as montras? “É uma comparação perfeita”, responde Gonçalo Figueiredo, quando lhe perguntamos as diferenças entre fazer uma longa viagem num carro elétrico ou a gasóleo ou gasolina.

Gonçalo, de 48 anos, e a namorada Gisela Ferreira, de 39, exploraram o ano passado 12 países da Europa em 23 dias. E contaram os momentos na Caetano Auto, em Aveiro, onde residem.

“Foi uma experiência imersiva, mas de janela aberta, a sentir a viagem, a ouvir os barulhos da natureza, sem o ruído do motor”, recorda Gonçalo, fotógrafo, videógrafo comercial e organizador de viagens de aventura.

No verão do ano passado, em agosto, foram até à Áustria e vieram, passando por Espanha, França, Bélgica, Luxemburgo, Alemanha, Liechtenstein, Suíça, Itália, Mónaco e Andorra. Ao volante do elétrico Lexus RZ 450e fizeram 7800 quilómetros, gastando cerca de 1000 euros em carregamentos. “Teríamos gasto metade se não tivéssemos recorrido aos carregamentos lentos, e não aos rápidos, mas teve que ser porque só tínhamos 23 dias”, explica Gonçalo.

A questão dos carregamentos, mesmo num carro com autonomia para 450 quilómetros, era o que mais preocupava o casal, sem experiência neste tipo de veículos. E foi no início, no primeiro dia, na viagem para Espanha que tiveram o maior stress da viagem, quando se depararam com vários postos de carregamento avariados ao longo do percursos pelas estradas nacionais, chegando a ficar apenas com autonomia para 30 quilómetros. “Um dos objetivos desta viagem era alertar para as questões ambientais e a ideia era sempre que possível fugir das auto-estradas, mas por avarias consecutivas ou inexperiência nossa, quase ficamos a pé”, lembra Gonçalo.

“Só relaxamos quando entramos em França e depois nos outros países, onde há muito mais carregadores”, diz Gisela, médica hematologista no hospital de Aveiro. “Em matéria de oferta de carregamento, Portugal e Espanha estão bem mais atrasados comparativamente às outras nações onde andamos”, diz Gonçalo, admitindo que o quadro possa ter melhorado no último ano na Península Ibérica.

Foto: Gonçalo Figueiredo

É por isso que quando pedimos aos dois um conselho para quem está a pensar viajar pela Europa num carro elétrico, Gisela pede “resiliência”, para enfrentar este tipo de imponderáveis. Complementada com “planeamento”, defende Gonçalo. “Programar a viagem com pontos de carregamento previamente definidos, mas com plano B e C”, acrescenta com base nesta experiência.

“Nem sempre as indicações para os telemóveis das empresas que carregam os carros estão corretas, chegamos a um sítio e não funciona e temos que andar mais 20 ou 30 quilómetros para encontrar outro”. Mas, por outro lado, são estas aventuras que levam aos descobrimentos. “Passamos por locais maravilhosos, onde nunca iríamos, se não fossemos à procura de um carregador”, afirma Gisele, que dá o exemplo de Menton, um localidade francesa nos Alpes Marítimos que os encantou.

É um “três em um”. Enquanto o carro está a carregar, “temos tempo para visitar o lugar e comer descansadamente, para além do estacionamento”, graceja a médica.

Terminam com a ideia inicial. Circular num carro elétrico “é uma nova forma de viajar porque as experiências que se vivem no caminho sobrepõem-se ao objetivo de chegar ao destino o mais depressa possível”, aconselha Gonçalo.

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