A “Rota da Amendoeira em Flor” da CP volta aos carris para seis viagens até Vila Nova de Foz Côa nos fins de semana de 15 de fevereiro a 2 de março.
Estão como algodão doce nas encostas escuras do inverno duriense, cheirosas como fragrâncias sem preço, prenunciadoras de um futuro de sabor. E estão assim pelo escasso tempo de um anúncio: o da primavera que aí há de vir, perdida que estiver a flor.
São as amendoeiras como Van Gogh as pintou, rosadas e brancas, a despontar no lugar onde o rio Côa se lança nos braços do rio Douro e a chamar pelos curiosos pelo tempo de três curtas semanas. O tempo de vida das flores que as adornam.
E é o tempo de três fins de semana em que podemos ir mapa adentro, num comboio de janelas panorâmicas, do Porto até ao término da linha do Douro, no Pocinho, e subir até ao Museu do Côa para almoçar olhando-as, às flores.
O programa que une a CP e a Câmara Municipal de Vila Nova de Foz Côa cumpre-se mais uma vez a partir do próximo sábado, 15 de fevereiro, com viagens aos sábados e domingos até ao dia 2 de março.
A iniciativa coincide com a 43ª Festa da Amendoeira em Flor e procura atrair mais pessoas à região, usando o turismo para “alavancar a sustentabilidade do território”, justifica o presidente da Câmara de Foz Côa, João Paulo Sousa.
Rota turística mais antiga da CP
Do seu lado, a CP volta a propor a sua “rota turística mais antiga”, já na 71ª edição, acrescentando-lhe, pela primeira vez, a possibilidade de tomar o pequeno-almoço a bordo das carruagens que dedicará à Rota das Amendoeiras no comboio InterRegional que sai de Campanhã, no Porto, pelas 7.15 da manhã.
Ainda que façam o serviço regular, as carruagens em causa ficam reservadas para a ocasião. Trata-se de carruagens Schindler com janelas panorâmicas, abertas sobre a paisagem da mais bela linha de Portugal, que acompanha o rio Douro. Este ano, soma-se-lhes uma carruagem Sorefame recentemente recuperada para funcionar como restaurante.
A associação com a autarquia fozcoense traduz-se na disponibilização de autocarros para levar os passageiros da estação do Pocinho a Vila Nova de Foz Côa, para visita guiada ao Museu do Côa, onde se pode saber mais sobre a arte rupestre, e almoço no local para quem escolher essa opção.
O programa inclui ainda um passeio até Castelo Melhor, com visita guiada ao amendoal, com visita guiada. Os passageiros terão ainda oportunidade de passear pelos stands da Festa da Amendoeira em Flor, antes de voltar ao Pocinho para provar um bolo almendrado e embarcar no comboio de regresso.
A CP propõe dois programas, com ou sem almoço, a custar, respetivamente, 76 euros e 51 euros por adulto (39 e 26 por criança). Os bilhetes podem ser adquiridos nas bilheteiras ou no site da CP, onde encontrará todas as informações.
A flor da amendoeira como marca de Foz Côa
Com um aumento de 68% do número de alojamentos desde 2020, para os atuais 193, o concelho entende ter capacidade para capitalizar a atração exercida pela floração das amendoeiras, num território com dois patrimónios da Humanidade – as gravuras do Côa e o Douro Vinhateiro.
A “festa das festas” estende-se de 14 de fevereiro a 2 de março e engloba mais de 40 atividades, entre concertos, animações, feiras, eventos coletivos e desportivos e desfile etnográfico.
A flor da amendoeira passa, de resto, a ser a imagem de Foz Côa, com cada uma das cinco pétalas a simbolizar marcas da identidade do concelho: os castelos, os rios, os trilhos e passadiços, as gravuras e as amendoeiras.
Apelos à reabertura da linha do Douro até Barca D’Alva
O lançamento da Rota das Amendoeiras foi oportunidade para o autarca fozcoense insistir junto do presidente da CP, Pedro Moreira, com a necessidade de reabrir a ligação ferroviária até Barca D’Alva, no concelho vizinho de Figueira de Castelo Rodrigo. João Paulo Sousa acredita que a decisão depende exclusivamente de vontade política.
Pedro Moreira admitiu o potencial turístico da reabertura do troço de 23 quilómetros, que não exigiria investimento em material circulante, na medida em que bastaria prolongar a viagem que termina no Pocinho, obrigando apenas reajustes de escalas de tripulação.
O mais recente estudo sobre o tema concluiu que seria necessário um fluxo mínimo de 255 passageiros por dia para justificar a reabertura. “Isso são três carruagens Schindler cheias, Basta ver a lotação da linha do Douro no verão: ultrapassaríamos isso largamente”, explicou Pedro Moreira.