Tesouros de Cuba vistos pela embaixadora em Portugal Mercedes Martinez Valdés
Texto de Leonídio Paulo Ferreira
Artigo publicado originalmente na edição de setembro de 2018 da revista Volta ao Mundo, número 287.
Nascida três anos depois do triunfo da Revolução Cubana, Mercedes Martinez Valdés destaca o sistema de saúde do país como um verdadeiro tesouro. «O sistema de saúde cubano parte do princípio de que a saúde é gratuita e universal e, tendo em conta os princípios humanistas, também tenta ajudar outros povos», afirma a embaixadora em Lisboa. E a verdade é que, nas quase seis décadas de existência, o regime comunista fundado por Fidel Castro conseguiu que a ilha atingisse em termos de saúde índices semelhantes aos dos países desenvolvidos, com a diplomata a realçar a mortalidade infantil, que «em 2017, com uma taxa de 3,9 por mil, foi a mais baixa da história de Cuba».
Pela segunda vez colocada em Portugal, depois de uma primeira passagem entre 2002 e 2006 como conselheira, Mercedes Martinez Valdés relembra que cada vez mais Cuba consegue tirar dividendos do investimento na saúde, atraindo até o turismo de «pessoas que vêm de férias e aproveitam para fazer uma operação, por exemplo, aos olhos».
«Sempre apostámos na prevenção. É a melhor forma de assegurar a saúde do povo», acrescenta Mercedes Martinez Valdés, nascida a 19 de outubro de 1962 em Matanzas e que se formou em Relações Internacionais em Kiev, então capital da Ucrânia integrada na União Soviética. Desde 1986 está ao serviço do Ministério dos Negócios Estrangeiros, com estadas em Moscovo (na época em que passou de capital da União Soviética a capital da Rússia), em Kiev, em Oslo, em Lisboa e em Belgrado. O atual posto é o segundo como embaixadora, depois da Sérvia.
Como cubana orgulha-se muito dos êxitos da investigação médica em Cuba, «desde a vacina contra o cancro do pulmão, que retarda a doença, até tratamentos para doenças como o pé diabético, que evita a amputação». E como diplomata esse orgulho é redobrado pela capacidade do país em prestar assistência médica, seja a título gratuito, em nações pobres, seja através de programas como o que existe com o governo português, que faz que haja médicos cubanos a trabalhar cá em permanência e outros que vêm de três em três meses para cirurgias oftalmológicas.
Mercedes Martinez Valdés gosta de destacar a brigada de voluntários criada por Fidel Castro, o comandante, que está sempre pronta para apoiar onde quer que seja necessário. E recorda-se de como em 2005, quando estava em Lisboa, o pessoal da embaixada teve de percorrer todas as lojas de desporto para «comprar equipamento quente de montanha para os nossos médicos que faziam escala e iam para o Paquistão», onde um sismo matara quase cem mil pessoas. «Foi um desafio não só pela natureza como também pelas diferenças culturais, pois é uma sociedade muçulmana. Mas é vocação dos cubanos ajudar os outros povos», nota a diplomata.
[Imagem de destaque: Hotel Nacional em Havana, um dos símbolos da ilha © Jorge Amaral/GI]
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