Javed Jalil Khattak destaca a arquitetura e o estilo de vida da segunda maior cidade do Paquistão.
Por Leonídio Paulo Ferreira
Mala diplomática publicada na edição de dezembro de 2019 da revista Volta ao Mundo, número 302.
«Algumas das memórias mais antigas que tenho, ainda criança muito pequena, são de Lahore. Comecei a ir à escola em Lahore, num sítio chamado Cavalry Ground, que agora é um bairro. A imagem que tenho é de uma casa no meio de um terreno enorme e uma escola onde eu ia. Ficava num quartel, pois o meu pai era militar», conta o embaixador do Paquistão em Portugal, Javed Jalil Khattak. «Teria na época quatro ou cinco anos», acrescenta o diplomata, que chegou a Lisboa em meados deste ano.
Nascido em Khyber Pakhtunkhwa, a antiga Província da Fronteira do Noroeste, junto ao Afeganistão, o embaixador representa um país nascido em 1947 da partição da Índia Britânica e que surgiu para ser a pátria dos muçulmanos do subcontinente. Lahore fica na parte oriental, a menos de vinte quilómetros da fronteira com a Índia, na província do Punjabe e destaca-se pela sua beleza arquitetural.
«Como o meu pai era militar, a família acabou por conhecer todo o Paquistão. Cheguei, mesmo, ainda antes de Lahore, a viver em Daca, hoje capital do Bangladesh, mas que era parte do Paquistão Oriental. E por isso fui acumulando memórias de muitos sítios. Mas Lahore é especial. É uma cidade tão maravilhosa que se lhe pode atribuir muitas qualidades. Eu diria que, além da beleza da arquitetura, aquilo que a torna especial são as pessoas, amáveis, cheias de vida, com muita vontade de se divertirem, hospitaleiras. E quem a visita sente estar entre gente que adora a vida. E que adora a comida, encontrando-se por isso tanta variedade de restaurantes tradicionais, mas hoje também aquelas cadeias de fast-food de que os jovens gostam muito como McDonalds ou Dunkin’ Donuts», relata o embaixador.
O espírito liberal da cidade que é a segunda maior do país, depois de Carachi, expressa-se igualmente por acolher várias indústrias modernas, como a têxtil, e por isso, nota Javed Jalil Khattak, existe uma tradição de criação, e até uma reputada escola de design de moda. Aliás, é uma cidade conhecida por alojar muitas universidades.
Cidade muito antiga, Lahore tem grande beleza arquitetural, com o embaixador a relembrar que os imperadores mogóis, muçulmanos vindos da Ásia Central e que dominaram durante séculos toda a Índia, criaram «os Jardins de Shalimar, o Túmulo de Jahangir, a Mesquita Badshahi, o Forte de Lahore. E o positivo é que esta cidade antiga, dentro de muralhas, está não só a ser preservada, como recuperada. Ir ali é viajar no tempo». E se os turistas paquistaneses são habituais, atraídos também pelo bulício do Bazar Anarkali, os estrangeiros ainda são poucos a conhecer estas maravilhas, admite o diplomata, que os convida a visitar esta cidade, mistura de história e modernidade, onde também estudou na Academia de Serviço Público.
Imagem de destaque: Das mesquitas aos Jardins de Shalimar,
é grande o legado mogol em Lahore. © iStock
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