Tesouros da Turquia vistos pelo embaixador em Portugal Hasan Goğuş.

Texto de Leonídio Paulo Ferreira


Artigo publicado originalmente na edição de junho de 2018 da revista Volta ao Mundo, número 284.

«Istambul é uma das cidades mais antigas do mundo», relembra Hasan Goğuş, embaixador turco em Portugal que fala com orgulho de uma cidade que começou por ser Bizâncio logo no século VII a.C, depois no século IV d.C, já sob o nome de Constantinopla, se tornou capital do Império Romano do Oriente e, desde a conquista por Mehmet II, em 1453, ganhou o atual nome, tendo sido capital do Império Otomano até 1923. Hoje continua a ser a grande metrópole da Turquia, apesar de Mustafa Kemal Ataturk, o fundador da república, ter transferido a capital para Ancara.

Assinala o diplomata, desde finais de 2016 em Portugal, que a Istambul de hoje é uma das mais populosas cidades do mundo. «A população residente é de 15 milhões, mas durante o dia, com as pessoas que até ela se deslocam para trabalhar ou estudar, atinge os 18 milhões.» E a diversidade das suas gentes, até do ponto de vista étnico e de costumes, reflete bem como atrai pessoas de toda a Turquia. «No recenseamento não se pergunta a etnicidade, mas calculamos, por exemplo, que cinco milhões de curdos vivam em Istambul, o que faz dela a maior cidade curda», sublinha Hasan Goğuş, referindo-se a principal minoria nacional existente na Turquia. Também há comunidades albanesas, georgianas, bósnias, etc., e se as mesquitas predominam, são dezenas ainda as igrejas e as sinagogas.

Istambul é a única cidade do mundo que se situa em dois continentes, com bairros europeus e asiáticos separados pelo Bósforo, um dos dois estreitos, juntamente com o Dardanelos, que ligam os mares Mediterrâneo e Negro. «Um dia, pensando nessa posição única, Napoleão disse que se houvesse um só pais no mundo então Istambul teria de ser a sua capital», sublinha o diplomata, que já foi embaixador em Nova Deli, Atenas e Viena.

Antes de Lisboa, Hasan Goğuş foi embaixador em Nova Deli, Atenas e Viena. [Fotografia: Gerardo Santos/Global Imagens]

«Istambul e uma cidade próxima de tudo», sublinha Hasan Goğuş, que nasceu em Gaziantep em 1953, formou-se em Relações Internacionais na Universidade de Ancara e entrou para o ministério dos Negócios Estrangeiros há mais de quatro décadas. Acrescenta o veterano diplomata que a cidade está no máximo a cinco horas de voo de cerca de sessenta países. E que em outubro vai inaugurar o terceiro aeroporto, «o maior do mundo». «Tudo o que um turista procura pode encontrar em Istambul. Cultura, monumentos, bom clima, boa comida, lojas, entretimento», realça o embaixador, que admite que existem semelhanças entre a cidade turca e Lisboa, com as sete colinas, o rio Tejo a parecer o Bósforo, e até a Ponte 25 de Abril a dar ares de Ponte dos Mártires do 15 de Julho.

Além de Aya Sophya, da Mesquita Azul, do Palácio Topkapi, da Torre Gálata ou do Grande Bazar, aquilo que torna Istambul especialmente sedutora é a amabilidade das pessoas, nota Hasan Goğuş. Nada serve tanto para misturar-se com os istambuliotas como sentar-se a beber um café turco e a ver os gatos passar. Quem viu o documentário Gatos, da realizadora turca Ceyda Torun, perceberá muito bem.

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