Embaixadora do Canadá, Lisa Rice Madan, fala com orgulho de um país que cada vez é mais multicultural e também onde homens e mulheres estão em plano de igualdade, como no atual governo.
Por Leonídio Paulo Ferreira
Mala diplomática publicada na edição de fevereiro de 2020 da revista Volta ao Mundo, número 304
Num país que vai já no segundo governo paritário em termos de homens e de mulheres (18 cada, depois da reeleição em 2019 do primeiro-ministro Justin Trudeau), e que além de ter a rainha Isabel II como chefe de Estado conta com uma governadora-geral, a astronauta Julie Payette, é natural que a embaixadora do Canadá em Portugal, Lisa Rice Madan, se sinta mobilizada pela igualdade de género, tema que quis destacar. E quando se lhe refere que Kingston, no Ontário, se impõe no conjunto do Canadá como a cidade onde a igualdade de género se aproxima mais do ideal, percebe-se que não fica surpreendida: «Tanto a minha licenciatura como o meu mestrado foram tirados em Kingston. Estudei lá na Queens University. E aquilo que vi, e que é comum a todo o Canadá, é que há uma fantástica igualdade de género no ensino superior. Aliás, mais de metade dos estudantes universitários são hoje mulheres.»
A diplomata, que assinala que Kingston foi capital do Canadá entre 1841 e 1844 (Montreal e depois Toronto juntamente com a Cidade do Quebeque seguiram-se, até que Otava acabou por ser a escolha, há mais de século e meio), sublinha que, apesar de o país ser enorme e de haver diferenças regionais, há muito em comum, e a igualdade de género é muito semelhante.
Acrescenta Lisa Rice Madan que também o multiculturalismo é uma marca do país, o segundo maior do mundo em área, mas com uma população que rondará quando muito os 38 milhões. «A diversidade cultural é regra. O Canadá mudou muito nos últimos 50 anos e temos imigrantes instalados por todas as províncias. Hoje um em cada cinco canadianos nasceu no estrangeiro. Claro que há cidades como Toronto ou Vancouver, as grandes cidades em geral, onde a percentagem de população imigrante é mais alta, mas isso não significa que o multiculturalismo não esteja presente em todo o país», declara a embaixadora, desde setembro de 2018 em Lisboa.
«Em Toronto, por exemplo, a comunidade portuguesa está muito presente e o português é umas das línguas mais faladas», com os idiomas dos imigrantes a coexistirem com as duas línguas oficiais, o inglês e o francês, nota Lisa Rice Madan, que trabalha para o Ministério dos Negócios Estrangeiros desde 1992 e que, no exterior, já representou o Canadá em Singapura e na Austrália.
Segundo ainda a embaixadora, a velocidade a que se integram os imigrantes e refugiados é bastante positiva, um processo que pode ser acelerado pela hospitalidade e o apoio das comunidades recetoras. E os já nascidos no Canadá «facilmente se adaptam às normas e aos valores do país, incluindo a igualdade entre os sexos, e participam na sociedade. Não é raro ver raparigas muçulmanas de 14 anos com lenço no cabelo a jogar futebol», nota esta mãe de três filhas.
Imagem de destaque: iStock
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