Zona mais pitoresca da cidade, a Vieux Lille estende-se a partir da Grand Place (3), ou praça Général de Gaulle, nascido em 1890 na Rue Princesse nº 9, casa dos avós maternos, hoje transformada em museu. Além da incontornável catedral de Notre-Dame de la Treille (4) – cuja fachada foi concluída apenas em 1999 e é assinada por reconhecidos arquitetos e artistas – e da Vieille Bourse (5) – ou antiga Bolsa, que agora abriga um mercado de livros e aulas de tango, por exemplo – distingue-se pelos belos edifícios flamengos e ruas repletas de galerias, cafés, restaurantes e lojas tentadoras.
2. Lille futurista
lille3000.eu
Herdeira da Capital da Cultura de 2004 e pretendendo ser uma porta aberta para o futuro, a iniciativa Lille 3000 dá a conhecer propostas no âmbito da arte contemporânea.
3. Doces e ostras
meert.fr
auxmerveilleux.com
huitriere.fr
Depois de espreitar o Hôtel de Ville (7) (a câmara municipal) e a sua torre de 104 metros, Património Mundial da UNESCO, os passeios pelo centro de Lille podem e devem conduzir à Méert (8), mais antiga confeitaria e o mais bonito salão de chá da cidade; e Aux Merveilleux (9), incontestada líder na confeção dos irresistíveis bolinhos Merveilleux, quase sempre com fila à porta. Fãs de ostras e demais mariscos hão de preferir a Huîtrière (10), com uma bela fachada art déco.
4. Sonhos poéticos
clarancehotel.com
mercure.com
À porta de cada quarto do boutique hotel Clarance (11), que ocupa um edifício do século XVIII, há um poema de Baudelaire e esse é apenas um pormenor distintivo deste cinco estrelas situado na Vieux Lille, com um restaurante gastronómico que, assim o tempo o permita, se expande para o jardim (desde 190€). Diárias mais acessíveis estão disponíveis nos hotéis Mercure (12) na Vieux Lille ou na Grand Place (a partir de 80€).
5. Banho artístico
roubaix-lapiscine.com
Em Roubaix, a meia hora de metro (o primeiro do mundo sem condutor) de Lille, La Piscine, Musée d’Art et d'Industrie André Diligent é uma das boas surpresas desta escapadinha. Ocupando a piscina e banhos públicos concluídos em 1932, encerrados em 1985 devido à fragilidade da abóbada e reabilitados por Jean-Paul Philippon em 2001, apresenta exposições temporárias dedicadas a artistas como Chagall, além de uma interessante coleção permanente e uma área dedicada aos têxteis que, em tempos, foram a riqueza da cidade.
6. Arquitetura especial
villa-cavrois.fr
Perto de Roubaix, a Villa Cavrois abriu em junho e veio lembrar que o património arquitetónico francês está longe de se confinar aos châteaux ancestrais. Projetada pelo arquiteto Robert Mallet-Steven para o industrial Paul Cavrois, esta casa apalaçada modernista ficou concluída em 1932 e conseguiu ser odiada por quase todos, família do proprietário inclusive. Votada à ruína e ao vandalismo durante anos, foi recuperada pelo Centre des Monuments Nationaux e agora proporciona uma verdadeira lição sobre arquitetura. Aconselha- se visita guiada.
7. Louvre em Lens...
louvrelens.fr
O segundo Museu do Louvre, inaugurado em 2012, fica em Lens, a 28 quilómetros de Lille. Criado para mostrar a coleção fora de Paris, apresenta-a de uma forma verdadeiramente interessante: ao visitante é dada a possibilidade de apreciar peças de várias civilizações lado a lado, como que em diálogo (embora também possa ser percorrida numa perspetiva cronológica). Anualmente têm lugar mostras temporárias, com cerca de 10% de novas obras provenientes da casa-mãe.
8. …e Versailles em Arras
versaillesarras.com
Bastam 25 minutos de comboio para chegar a Arras. O melhor é começar por subir à torre do Hôtel de Ville – Património Mundial da UNESCO, tal como a Cidadela – para apreciar a bela vista. Custa imaginar que a paisagem esteve coberta de escombros durante a Primeira Guerra Mundial, quando Arras foi arrasada. Depois é rumar ao Museu de Belas Artes, que acolhe desde 2012 exposições do Château de Versailles. A atual, que destaca 100 obras-primas, prolonga-se até 20 de março.
Foie gras, mariscos e outras delícias são servidas no L’Ambassade, belo edifício do século xvii do centro de Arras, com uma sala na cave (para quem não se deixar influenciar pela frase “Deus observa-te, pecador” inscrita na parede). Em Lens, Le Pain de la Bouche é uma espécie de tasca decorada com brinquedos antigos, sítio certo para provar a comida tradicional da região, nomeadamente a faluche – prato à base de pão, com carne, peixe ou outros ingredientes –, beber uma cerveja Ch’ti e descobrir como de restos de pão se pode fazer a doce sobremesa chamada pain d'chien.
Não será fácil dar-se a conhecer ao mundo tendo Paris a uma hora de distância e Bruxelas a uns 35 minutos. Apesar disso, Lille soube afirmar-se e transformou-se num atrativo destino por mérito próprio, apontado como um dos lugares a descobrir em 2016.
Em tempos uma ilha definida pelo rio Deûle (e daí o seu nome, L’île), viveu um passado conturbado, envolvendo múltiplos domínios, do Condado da Flandres a Espanha, até se tornar francesa, em 1713. Importante polo industrial no século XIX, com a metalurgia e fábricas têxteis a sofrerem um devastador declínio nos anos 1970, reassumiu a vocação mercantil da Idade Média. Depois cresceu com obras de grandes arquitetos, como Rem Koolhaas e Jean Nouvel, autores de edifícios da Euralille (1), nova área da cidade inaugurada em 1994 em torno da estação do TGV, mas é o centro histórico, Vieux Lille, repleto de lojas e restaurantes charmosos, que conquista logo ao primeiro olhar.
Os voos diretos a partir de Lisboa convidam a uma escapadinha centrada em Lille, mas há muito mais para descobrir na região, de museus a estaminés, passando pela boa vida.
Terceira cidade universitária do país e, portanto, bastante animada à noite, sobretudo na Rue de La Soif (2) (ou Rua da Sede, oficialmente Rue Solferino), Lille distingue-se pela oferta cultural, comprovada desde a atribuição, em 2004, do título de Capital Europeia da Cultura e que se prolonga até hoje através da iniciativa Lille 3000. É também a cultura o principal motivo para descobrir a vizinhança: Roubaix, em tempos capital mundial do têxtil e agora mais famosa por La Piscine, Musée d’Art et d’Industrie André Diligent; Lens, antiga cidade mineira que acolhe o segundo Museu do Louvre; e Arras, cidade charmosa, com Património UNESCO e uma «delegação» do Château de Versailles. Todas ficam a curta distância e são facilmente visitáveis recorrendo a transportes públicos.
Entre visitas, conhecer mais sobre Nord-Pas de Calais e tagarelar sobre a inevitável influência belga sabe melhor à mesa de um estaminet (estaminé ou tasca), degustando pratos típicos acompanhados por uma cerveja Ch’ti, que rouba o nome aos naturais da região e respetivo dialeto. Para finalizar, o pain d’chien (ou pão do cão…) tornará ainda mais doce esta escapadinha apetitosa.
Saiba o que visitar em Lille, na fotogaleria acima.