Saiba o que visitar em Zagreb nos slides seguintes
(1) Catedral
Praça de Kaptol, 31
A imponente Catedral de Zagreb, dedicada à Assunção da Abençoada Virgem Maria, ao rei Ladislau e a Santo Estevão, é um dos símbolos da capital da Croácia. De estilo neogótico, resultante da sua última reconstrução em finais do século XIX – devida à destruição provocada pelo terramoto de 1880 –, as suas origens remontam ao início do milénio: 1094, data de fundação da arquidiocese pelo rei húngaro Ladislau. As duas torres de 105 metros, autoria do arquiteto alemão Hermann Bollé, fazem deste monumento o edifício mais alto do país. Há anos que estão a ser restauradas, assim como toda a catedral. Mesmo para os não crentes, entrar, sobretudo se estiver a decorrer uma missa e a nave da igreja estiver cheia, é, sem dúvida, uma experiência arrebatadora.
(2) Igreja de São Marcos
Praça de São Marcos, 5
No alto da colina de Gradec está a Praça de São Marcos, onde se situa o edifício da antiga câmara municipal e a peculiar Igreja de São Marcos. Se Zagreb se distingue pelos telhados, sem dúvida que os desta igreja dão nas vistas. Não é raro, nesta praça, assistir à atuação de uma parada de homens trajados a rigor, tocando música tradicional croata.
(3) Kamenita Vrata
Rua Kamenita, 1
A Porta de Pedra é a única das quatro entradas medievais para a antiga Gradec, hoje parte alta da cidade de Zagreb, que se mantém preservada. Lugar de passagem e visita obrigatória, é também local de culto desde que ali foi erguido um altar à Virgem Maria, padroeira da capital croata, com uma representação de Nossa Senhora, que «milagrosamente » escapou ao grande incêndio de 1731.
(4) Museum of Broken Relationships
Ćirilometodska, 2
A ideia foi de Olinka Vištica e Dražen Grubišić: dedicar um museu às relações falhadas e aos corações partidos. E talvez tenham poupado muito dinheiro em terapia, tanto a «artistas» como a visitantes. As exposições são feitas a partir de contribuições de gente anónima de todo o mundo, gente que queira partilhar a sua história de amor frustrada, ilustrada por um objeto que a simbolize. Depois de uma digressão internacional, o museu assentou arraiais em Zagreb em 2010 e tornou-se a coqueluche dos passeios turísticos pela cidade. Além da exposição, desconcertante e surpreendente, o café e a loja do museu, com merchandising irresistível, valem a visita. Horário de inverno (de 1 de outubro a 31 de maio): todos os dias, das 09h00 às 21h00. Horário de verão (de 1 de junho a 30 de setembro): todos os dias, das 09h00 às 22h30 Preço: 4 euros.
(5) Rua Tkalciceva
Outrora leito do riacho Medvescak, que dividia as duas colinas de Zagreb, esta é talvez a rua mais colorida e pitoresca da cidade. Ali se concentram lojas gourmet e de artesanato, assim como esplanadas, cafés e restaurantes. Lugar para fazer compras, beber uma cerveja artesanal croata, almoçar, jantar ou simplesmente estar.
(6) Mercado Dolac
Os mercados de rua são uma tradição em Zagreb e o Dolac, perto da catedral e da Praça Ban Jelačić, é o mais famoso. Cheio de cores e cheiros, dos frutos frescos, dos legumes e das flores, mas também da carne e do peixe, assim como do artesanato local, é um lugar de passagem obrigatória para quem gosta de sentir o pulso à cidade. Também chamado de «barriga de Zagreb», ali podem provar-se vários petiscos tradicionais da Croácia.
(7) Praça Ban Jelačić
É a praça central de Zagreb. Deve o nome a um herói nacional, o mesmo que monta o cavalo no centro da praça e foi governador da cidade em meados do século xx, responsável pelas primeiras eleições para o Parlamento croata. Ponto de encontro, e de partida e de chegada, aqui bate o coração da cidade e saem as artérias que, a pé ou de elétrico, levam à descoberta tanto da parte alta como da baixa. Esplanadas, geladarias (os gelados são outra das coisas que a Croácia faz bem), lojas, sedes de bancos e empresas, há aqui de tudo.
(8) Restaurante Agava
Rua Tkalciceva, 39
Precisamente na rua que nos tempos medievais foi um riacho, a Tkalciceva, fica um dos melhores restaurantes da capital croata, o Agava. Simples e sofisticado (talvez porque a verdadeira sofisticação está na simplicidade), não dá nas vistas, mas lá dentro, no inverno, ou cá fora, no terraço, no verão, come-se e bebe-se muito bem. Com influências italianas, a cozinha é mediterrânea, a aparência é gourmet, o sabor é apurado e o empregado que me coube em sorte é um verdadeiro gentleman.
(9) Hotel Best Western Premier Astoria
Petrinjska ul. 71
Na parte baixa da cidade, entre a estação de comboios e a praça central Ban Jelacic, o Best Western Premier Astoria é um excelente ponto de partida para conhecer a cidade, a pé ou de transportes públicos. Não é um hotel de luxo, a decoração lembra os anos oitenta e os quartos são pequenos, mas confortáveis. No entanto, a simpatia dos funcionários e a localização compensam os pontos fracos. Afinal, quem é que parte para um city break para desfrutar somente do hotel?
(10) Marija Jurić Zagorka (1873-1957) –, a primeira jornalista croata e lutadora pela igualdade de direitos.
Zagreb é a casa de mais de um milhão de pessoas. Tem mais de 900 anos de história e é o ponto nevrálgico da economia croata.
De monumentos a museus, de restaurantes a mercados, passando por zonas de comércio e de lazer, a cidade tem muito para oferecer sem ser óbvia.
O sorriso despachado de Kosjenka – que diz, num português divertido, aprendido pela internet, que podemos chamar-lhe Maria porque até para os conterrâneos o seu nome, vindo de um conto tradicional croata de que a mãe gostava muito, é peculiar – apagou a má impressão que a noite anterior, a da chegada à capital da Croácia, tinha deixado dos zagrebinos.
Nessa noite, que era de sexta-feira, tinha sido missão quase impossível encontrar, no centro de Zagreb, um restaurante que servisse jantar às dez da noite. Impossível mesmo foi encontrar quem o fizesse com simpatia, e diante da nossa estranheza, um empregado de mesa mal-encarado explicou, num inglês arrevezado: «Estamos nos Balcãs.» O que, verdade seja dita, não explica nada, uma vez que era já o quinto dia na Croácia, com passagem por Opatija, Nin, Zadar, Trogir e Split, e foi a primeira vez que demos de caras com más energias. A digestão exigia um café, mas isso, depois das onze, só no multinacional McDonald’s.
A manhã, ajudada pela guia Kosjenka Firak, ou Maria, trouxe nova luz sobre Zagreb, mais de 900 anos de história, outrora dividida em duas colinas – a secular Gradec e a religiosa Kaptol, hoje, parte alta e parte baixa da cidade respetivamente – cuja fronteira era delimitada por um riacho que deu lugar a uma das ruas mais carismáticas da capital croata, a Tkalciceva. Mas lá chegaremos, para almoçar.
Antes, há que passar pela imponente catedral, seguir para o colorido mercado Dolac, onde frutas e flores pontuam entre as mais variadas mercadorias, passar por um beco chamado Krvavi, cuja tradução é qualquer coisa como Ponte Sangrenta, ligação entre as antigas Gradec e Kaptol e palco de lutas mais ou menos violentas entre as gentes de uma e outra colinas, para subir a íngreme Radićeva, que leva à única antiga porta preservada de acesso à antiga Gradec, a Porta de Pedra (Kamenita vrata), onde debaixo do arco uma representação da Virgem Maria, milagrosamente salva de um incêndio em 1731, é lugar de peregrinação e pedidos à ajuda divina.
Passado o portão, a mais antiga farmácia da cidade, em funcionamento contínuo desde 1355 e onde se diz ter trabalhado um bisneto de Dante Alighieri, e depois a Praça de São Marcos, onde uma igreja dedicada ao mesmo santo ostenta nos telhados os brasões do reino da Croácia, Dalmácia e Slavonia e da cidade de Zagreb.
Tudo a correr porque é quase meio-dia e a essa hora a Torre Lotrscak (13), ali perto, reserva uma surpresa aos incautos turistas. Um tiro de canhão impróprio para cardíacos faz-se ouvir todos os dias àquela hora. Passado o susto, e antes de entrar no moderno Museum of Broken Relationships, há que apreciar a vista que lá do alto se tem sobre a cidade baixa. A uns metros, o Strossmayer Promenade, um passeio que prometia, fica por fazer. Há um museu único no mundo por visitar.
Na cidade dos corações – um dos símbolos de Zagreb é um coração decorado, com um espelho no meio, para que quem o recebe veja o reflexo da pessoa amada por quem o deu –, abriu há seis anos um museu dedicado aos corações partidos. Lá dentro, histórias de relações que correram mal ilustradas por um objeto que as simboliza. Há quem chore, há quem se ria, mas não há quem resista a lá entrar.
Descemos finalmente à Tkalciceva, onde há tempo para beber uma cerveja croata, que ainda não é hora do almoço no restaurante Agava, um dos melhores da cidade, flanar pelas (muitas) lojas de recordações e encontrar a estátua de uma mulher – Marija Jurić Zagorka (1873-1957) (10) –, a primeira jornalista croata e lutadora pela igualdade de direitos.
A tarde livre e já sem guia levou-me sozinha a dar uma terceira oportunidade a Zagreb. A pé, da praça Ban Jelačić, centro da capital croata, até à estação de comboios (12), que chegou a ser paragem do Expresso do Oriente, e a liga às principais cidades croatas e europeias, passando pelo parque Zrinjevac (11), onde decorria um evento cultural que juntava música, artes e muita gente, e onde uma «coluna meteorológica» com mais de 100 anos prende a atenção e permite verificar a hora, a temperatura do ar, a pressão atmosférica e os níveis de humidade, e deambulando pelas ruas sem destino até o céu se acizentar e a chuva começar a cair, deu para sentir a cidade. E ter vontade de lá voltar. Com tempo.
Catarina Pires, jornalista
Editora da revista Notícias Magazine, viajou até à Croácia com a Volta ao Mundo. Entre Split, Zadar, Opatija, Trogir e Zagreb, por onde andou, escolheu começar pela capital, pelo desafio que foi decidir conhecê-la apesar de uma primeira má impressão. Neste mês escreve sobre Zagreb, mas promete voltar à Croácia noutras edições.
Agradecimentos
A Volta ao Mundo viajou a convite da Croatia Airlines e do Turismo da Croácia.