Tesouros da Espanha pela embaixadora em Portugal, Marta Betanzos.
Texto de Leonídio Paulo Ferreira
A verdade é que é muito difícil para a embaixadora de um país tão plural do ponto de vista cultural e paisagístico como é a Espanha ter de escolher um tesouro nacional. Teria de escolher pelo menos 17, que são as comunidades autónomas, e nas quais se reflete a enorme riqueza artística, natural, linguística e cultural dos povos de Espanha», diz Marta Betanzos, usando a arte da diplomacia em resposta ao desafio da Volta ao Mundo. Mais pragmaticamente, aponta a Semana Santa, «uma das expressões espirituais e artísticas que, pela sua extensão em toda a Península, alcança no meu país uma profundidade especial, e, talvez por isso possa causar uma impressão intensa pela sua singularidade nos nossos visitantes».
A embaixadora, desde 2018 acreditada em Lisboa, tem raízes galegas, mas nasceu nas ilhas Canárias e sublinha que «desde pequena tenho gravadas as imagens da Semana Santa, que estão enraizadas nos costumes da quase totalidade dos povoados de Espanha, desde os mais populosos até à última aldeia, e têm recebido o reconhecimento do turismo internacional». Acrescenta ainda que esta tradição católica da Semana Santa, partilhada com Portugal e com o Brasil, é também vivida nos países que estiveram ligados à coroa espanhola, como os da América Latina e as Filipinas.
«São notáveis na Semana Santa as esculturas, a tradição de vestir as imagens, passeá-las, acompanhá-las com música, que deram um imaginário que já faz parte central do nosso património cultural», nota a diplomata, que antes de Portugal foi embaixadora no Mali. Marta Betanzos destaca ainda como a tradição da Semana Santa ajudou a desenvolver a escultura, com nomes como Alonso Berruguete, ou formas musicais, como a saeta, um canto espontâneo que surge ao passar das procissões. E a isto deve somar-se a gastronomia, que vai das «torrijas às monas de pascua, passando pelas empanadas ou as frituras maiorquinas».
A embaixadora espanhola convida os portugueses a visitarem já neste ano essa diversidade espanhola, tão evidente também nas formas de celebrar a Semana Santa, com «o esplendor das velas, o soar dos tambores, o arrastar dos passos, os capuzes, o cheiro a incenso, o silêncio contido e a emoção das irmandades, em resumo todo um ritual impressionante que com maior ou menor intensidade se vive um pouco por toda a Espanha».
Imagem de destaque: Sevilha, e todo o sul de Espanha, vive de forma efusiva esta festividade. © CRISTINA QUICLER
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