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É um dos destinos mais procurados por quem viaja para a América do Sul. E razões não faltam: Amazónia, Andes, gastronomia e cultura são bons motivos para visitar o Peru. Sem esquecer o impressionante Vale Sagrado, com Machu Picchu, no final, à nossa espera. E para que viaje em segurança, sem colocar a sua saúde em risco, deixamos alguns conselhos e dicas de quem sabe do assunto.

O rio Urubamba corre em força pelo vale. É assim desde que há memória. Estamos a cerca de trinta quilómetros de Cusco, a eterna capital do império dos incas. Do ano 1000 até ao ano 1400 este território com cerca de cem quilómetros de extensão foi fundamental para o surgimento, a sobrevivência, o desenvolvimento e o apogeu de uma das mais enigmáticas civilizações da humanidade. O Vale Sagrado dos Incas foi casa, fortaleza, laboratório e campo de cultivo de um império que continua a surpreender-nos. Todos os anos, cerca de milhão e meio de pessoas visitam esta região no Centro-Sul do Peru. Chegam com Machu Picchu na mente, mas pelo caminho vão percebendo que a felicidade se vai conquistando pelo caminho.

A viagem começa em Cusco, a histórica capital do império. Ali bem perto está Sacsayhuaman, a impressionante cidadela inca, cuja construção remonta a 1100, e onde ainda hoje se realizam cerimónias e festivais com dezenas de milhares de pessoas.

No caminho até Pisaq (meia hora de autocarro, um pouco mais dependendo dos camiões que se encontram na estrada), há uma curta paragem em Tambomachay, local também conhecido por El Baño del Inca, graças à série de aquedutos, canais e quedas-d’água construídas na rocha. Pode ter servido como sítio militar ou de lazer para a elite do império dos incas.

A paisagem torna-se mais adequada a uma região agrícola, apesar da presença constante das montanhas. Neste vale, há elevações até três mil metros e vistas para dois picos que metem respeito: Sahuasiray e Veronica, ambos acima dos 5800 metros de altitude. Pisaq é uma cidade pequena com cerca de dez mil habitantes e um mercado central onde apetece comer os produtos locais cozinhados na hora. É também um bom sítio para as primeiras compras da viagem.

Mas Pisaq é procurado por outra razão: o Parque Arqueológico. Combina a beleza da paisagem com a imponência e a excelente conservação das construções. Serviu de defesa da cidade, mas a sua função foi mais agrícola do que militar. Propriedade do inca Pachacutec, tem socalcos, casas, estruturas cerimoniais e aquedutos, além de uma extensa muralha, pontes, cemitério e túneis. Tire a manhã para uma visita, mas chegue cedo para evitar grandes aglomerações de pessoas.

Ali bem perto também está o Parque de la Papa, projeto que combina agricultura com integração das comunidades locais. Pode ficar a conhecer algumas das mais de três mil variedades de batatas existentes no Peru. Ainda em ligação direta às populações do vale, na aldeia de Amaru, poderá também ter uma pequena amostra de como é a vida nestas encostas e socalcos. O primeiro passo é vestir-se com trajes típicos, depois vem o chá de coca e um passeio pelos inclinados campos de cultivo. Mascar folhas de coca também faz parte do programa, tal como o almoço.

Depois da experiência pessoal e do impacto da natureza em redor, continuamos a viagem até Calca e ao Museu Inkariy, um projeto iniciado em 2002 e que já é um dos espaços museológicos mais visitados do Peru. No interior não vai encontrar relíquias ou artefactos valiosos, mas antes uma explicação – através de oito salas – de como o império dos incas chegou ao seu apogeu. Ideal para ficar a conhecer as civilizações pré-incas e a sua importância para o desenvolvimento social, intelectual e religioso da região. E é com essa bagagem suplementar de conhecimento que seguimos para Urubamba.

Esta é uma terra de histórias, credos e superstições. E muitas vezes todas se misturam em rituais praticados há séculos pelos habitantes locais. Um deles é o Pachamanca, que não está circunscrito a esta região, mas no Vale Sagrado tem peso especial. E tem que ver com comida. É feita uma fogueira num fosso na terra, são aquecidas pedras a altas temperaturas e depositadas porções generosas de carne – cordeiro, vaca, porco, frango e cuy – acompanhadas por diversos tipos de batata e milho. Os alimentos são cobertos com ervas e um cobertor de serapilheira, tapados novamente com terra e aguarda-se 45 minutos até estarem prontos. Depois, é só comer e homenagear a deusa da Terra, Pachamama.

Há restaurantes ao longo do caminho que revivem esta tradição para os viajantes. O Muña, em Urubamba, é um deles.

Ainda na cidade, nova oportunidade para compras. A Cerâmica Pablo Seminário, oficina, loja e ateliê do conceituado artista peruano, é o local perfeito para uma recordação única de arte nativa contemporânea. Os motivos são mágicos.

Magia é coisa que não falta à antiga fazenda colonial Yaravilca, atualmente Aranwa Sacred Valley Hotel & Wellness. Sim, porque a viagem é longa e convém descansar a meio. A hora e meia de Cusco, na margem do rio Vilcanota, vai encontrar mais do que quartos. Há spa, piscina, sala de cinema com sessões diárias (e pipocas à disposição), igreja, biblioteca, lojas e galeria de arte.

Para a Viagem ao Peru estão recomendadas as vacinas da Hepatite A, da febre Tifoide e da Febre Amarela. Informe-se antes de partir.

Com o cair da noite (e das temperaturas) acabamos por perceber melhor por que razão os incas acreditavam que este vale tinha uma ligação especial à Via Láctea. Basta olhar para o céu estrelado e ficar em silêncio. Este é um dos melhores locais do mundo para apreciar a galáxia espiral e os seus trezentos mil milhões de estrelas.

A surpresa continua no dia seguinte com a visita a Moray, provavelmente o primeiro laboratório em grande escala da história. São terraços concêntricos que funcionaram como estação agrícola experimental – as espécies eram plantadas nos diversos socalcos para se entender a sua reação à altitude. Vê-los desde o miradouro pode fazer-nos acreditar em influências extraterrestres, mas essa é outra história. A curta distância de carro (ou autocarro), cruzando planaltos impressionantes e vistas de montanha que não se esquecem, chegamos a outro local que é fenómeno da natureza: as salinas de Maras. Localizadas a três mil metros de altitude, são compostas por mais de três mil pequenos poços com cinco metros quadrados cada um, num vale majestoso. A água quente que sai da montanha e passa pela mina de sal sai quente em direção aos poços, de onde é retirado o famoso sal rosado. Cada embalagem pode ser comprada diretamente no local por menos de um euro.

Há que apressar o passo para chegar a Ollantaytambo, cidade e fantástico sítio arqueológico a 72 quilómetros de Cusco. Está a cerca de 2900 metros de altitude, foi propriedade e centro cerimonial do inca Pachacuti e é uma das grandes surpresas desta viagem. Pela imponência, pela localização, pela energia que se sente. E é daqui que parte o comboio para Aguas Calientes, ou Machu Picchu Pueblo, a porta de entrada no mais famoso sítio arqueológico do Peru. A cidade é caótica, repleta de hotéis, restaurantes, bares e lojas. É onde chegam os milhões de turistas, onde descansam depois das caminhadas pelos trilhos de montanha e onde se prepararam para ascender à cidade perdida. O local mais visitado do Peru é uma das Sete Maravilhas do Mundo. Ir ao Peru e não conhecer este local deveria ser considerado crime. O elevado número de visitantes faz que existam dois turnos de visita (de manhã e à tarde) e um percurso rígido a seguir. Dica preciosa: chegue cedo e lembre-se de que tem a possibilidade de sair e voltar a entrar apenas uma vez. E quando se pensa que a experiência não pode ser mais recompensadora – depois de o nevoeiro abrir e se ver Machu Picchu no seu místico esplendor – ainda há uma viagem de comboio de regresso às proximidades de Cusco. Não é um comboio qualquer, é o Belmond Hiram Bingham, que oferece um serviço de luxo com tudo incluído: jantar, animação e bar aberto. Não está ao alcance de todas as bolsas (e há outros comboios «normais» a fazer o percurso), mas se é para sonhar, que se sonhe sempre em grande. Como o inca.

O Vale Sagrado não o é por motivos religiosos, mas antes pela importância que a agricultura da região teve para o império dos incas.

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