Se há cem anos o mundo entrou numa década em que os horizontes se expandiram, no século XXI a tendência é a do obscurantismo movido pela ignorância e pelas mentiras partilhadas online. O que vai mudar no mundo das viagens? Novos comportamentos, o mesmo desejo de aventura e mais força à consciência ambiental.

Nos anos 1990, o exercício de imaginar o mundo em 2020 era ficção científica, mas já cá estamos. Entrámos numa década decisiva para o futuro do planeta e da humanidade. E viajar – e a forma como o fazemos – vai ser fundamental para saber até onde queremos chegar. Se é descrente da ciência, das mudanças climáticas ou adepto de teorias obscuras como a Terra plana ou o criacionismo, prepare-se para ficar cada vez mais isolado, por muito que as redes sociais, dominadas pela estupidificação e pelas notícias falsas, lhe digam o contrário. Isolado das pessoas que se preocupam com o futuro do planeta.

Capa da edição de janeiro de 2020 da revista Volta ao Mundo.

Este é o tempo da luz, não da escuridão, e isso vai refletir-se em todos os campos de ação. No mundo das viagens, há realidades como o turismo espacial (Virgin Galactic, Blue Origin, Space X, são as principais empresas) ou os aviões elétricos e livres de emissões. A Rolls Royce já tem planeado um voo de teste para este ano com uma aeronave que pode ultrapassar os 480 km/hora de velocidade e, para os próximos anos, já há outros voos experimentais marcados.

Pegada ecológica, comportamento e desenvolvimento sustentável vão ser exigências que os clientes e os fornecedores de serviços vão ter de estar preparados para assumir. Há um claro regresso às necessidades básicas de cada viajante. Exemplo disso é o aumento de praias, parques ou cruzeiros naturistas esperados para 2020. Os hotéis vegan são outra realidade a entrar-nos pela porta (um estudo da Sainsbury, em Inglaterra, aponta para que a população do Reino Unido tenha um quarto de vegetarianos ou vegans em 2025), tal como as férias movidas pelas raízes ancestrais de cada indivíduo. A plataforma Airbnb, por exemplo, já encoraja os seus clientes a viajar em busca do ADN familiar. Não só é uma boa forma de nos conhecermos, mas também de combater os nacionalismos e a xenofobia que cada vez mais – infelizmente – têm adeptos no mundo ocidental.

Dos loucos anos 20 do século passado chegámos agora aos loucos que nestes anos 20 tentam branquear a história, a ciência ou a política em seu favor. É nosso dever continuar a mostrar-lhes que a Terra é redonda e que as diferenças culturais só nos podem enriquecer. É por isso que continuamos a viajar. Pelo menos por mais 25 anos.

Boas viagens!

Percorra a fotogaleria acima para conhecer alguns dos destaques desta edição.

 Ricardo Santos, Editor

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