Hong Kong é conhecida pelas enormes multidões, autênticos amontoados de pessoas que parecem perder-se num horizonte feito selva de pedra. Mas é também onde as superstições encontram destinatário comum.
A BBC foi à procura de alguns dos pontos de Hong Kong onde superstição e tradição se encontram. E são muitos. Wong Tai Sin, por exemplo, onde diariamente estacionam milhares de pessoas em busca de sorte na vida. Abanam tiras de bambu numeradas de um a cem, cada uma com uma história diferente, e esperam a primeira a cair no solo. Depois, leem o seu destino.
“Wong Tai Si nunca me falhou. Acerta sempre”, orgulha-se a financeira Wai Li à BBC, ela que não falha passagem regular pelo templo. Ela e cerca de outros 10 mil habitantes de Hong Kong de segunda-feira a domingo.
Outros templos comuns são os dedicados a Tu Di Gong. Espalhados por toda a cidade, é lá que se procura afastar energias negativas e fantasmas que estejam a atrapalhar o desenrolar dos dias.
E há o Feng Shui, que em Hong Kong igualmente é acreditado como chamariz de sorte grande. Tanto assim que prédios de escritórios se adaptam a esta prática milenar, tal como sucede na maioria dos lares privados.
Também na conceção dos edifícios de habitação é possível encontrar sinais evidentes de que as questões de superstição são levadas muito a sério no território chinês até 1997 possessão britânica. Há arranha-céus que interrompem a contagem de andares entre o 39º e o 49º piso e só a retomam ao 50º. A razão é simples: os números intermédios são considerados de azar porque incluem o algarismo quatro, símbolo de pouca sorte. Por isso é ainda comum encontrar casas sem o quarto andar ou qualquer menção a símbolo tão negativamente especial.
“As pessoas são supersticiosas porque sentem que dessa forma têm controlo sobre as próprias vidas, o que lhes reduz a ansiedade”, explica Yan Zhang, professor e investigador da Universidade Nacional de Singapura. “Como Hong Kong não é uma cidade particularmente religiosa, os locais agarram-se a outro tipo de ações para se sentirem bem”, acrescenta.
Hong Kong é uma das Regiões Administrativas Especiais da China, a outra é Macau. Possui uma área de 2,755 quilómetros quadrados, qualquer coisa como a Área Metropolitana de Lisboa, e uma população de 7,5 milhões de pessoas. É uma das cidades mais caras do Mundo.
