Centenas de invasores espanhóis capturados na localidade azteca de Tecoaque em 1520 terão sido sacrificados e devorados pelos indígenas.
O episódio motivou um posterior massacre ordenado pelo espanhol Hernan Cortés (1485-1547), segundo novas investigações arqueológicas.
Um estudo publicado pelo Instituto Nacional de Antropologia e História do México, resultado de vários anos de escavações na localidade de Tecoaque – cujo nome, no dialeto indígena Nahuatl, significa “o lugar onde os comeram” – indica que em 1520 os habitantes locais aprisionaram um destacamento espanhol composto por 15 homens espanhóis, 50 mulheres e 10 crianças, e ainda 45 soldados rasos, entre os quais cubanos de ascendência africana ou indígena, e 350 aliados indígenas.
Todos terão sido aprisionados e sacrificados no espaço de poucos meses, tendo as escavações revelado incisões nos ossos que indicam que a carne terá sido cortada.
Os indígenas também devoraram os cavalos dos invasores, mas, curiosamente, não comeram os suínos, animal que desconheciam, e que os espanhóis transportavam para alimentação.
O destacamento, que seguia para a capital azteca, Tenochtitlan, terá sido enviado de Cuba depois de um primeiro, liderado pelo comandante das forças espanholas, Hernan Cortés, em 1519.
Em 1521, quando estava a combater uma sublevação próximo do que é hoje a Cidade do México, Cortes tomou conhecimento do sucedido e ordenou a Gonzalo de Sandoval que destruísse a localidade azteca como retaliação.
De acordo com o arqueólogo Enrique Martinez Vargas, os habitantes de Tecoaque terão sabido da aproximação das forças espanholas e esconderam em poços rasos os ossos das vítimas, alguns dos quais tinham sido usados para fazer troféus.
Vencida pelos invasores a resistência dos guerreiros aztecas, restaram as mulheres e crianças, que foram as principais vítimas do massacre que se seguiu.
Cortés viria a arrasar a capital azteca mais tarde nesse mesmo ano, concluindo a conquista da nação indígena sul-americana.