Na Alemanha cada um paga exatamente o que consome. (Filip Singer / EPA)

A forma como se olha para o dinheiro é própria de cada cultura. Com diferenças abismais, até numa simples gorjeta. Seguem algumas dicas.

É daquelas coisas em que nem sempre pensamos quando metemos a mala num avião e fugimos para longe: do lado de lá da manga de acesso ao aeroporto, há muitas vezes um mundo diferente à nossa espera. Com pequenos pormenores cujo desconhecimento nos pode facilmente arruinar o dia. E um deles está nos hábitos financeiros dos povos. A compilação organizada pela plataforma financeira Revolut revela alguns segredos caricatos. Vamos lá ver o que nos dizem os nossos porta-moedas…

À mesa

Quando um polaco o/a convidar para jantar, é ele que paga a conta. Se for em Itália, é o homem que paga sempre à mulher, independentemente da nacionalidade. Na Alemanha, o país das boas contas, cada um paga o que consome (para desgraça dos funcionários que têm que fazer as contas e que já trazem a pergunta pronta no momento de pedir a dolorosa). No sul da Europa mais relaxado, reina a simplificação: a conta é rachada em partes iguais. Para noroeste, a Irlanda é o país das mãos largas, cada qual paga uma rodada (até cair para o lado).

No fim da festa, os polacos saem sem deixar gorjeta, os italianos e portugueses são igualmente forretas mas tentam disfarçar, brindando um outro funcionário. Saltando para a Ásia, a coisa muda totalmente de figura: deixar gratificação é tão pouco usual que chega a ser ofensivo e pode acabar por ter um funcionário a correr atrás de si para lhe entregar o dinheiro que esqueceu na mesa… Até porque os funcionários são responsáveis pelo acerto de contas e dinheiro a mais na caixa seria problemático numa nação onde nada sai do risco. Atravessando o Atlântico, estamos nos Estados Unidos, onde a gorjeta não só é tradição, como consta da conta. Sem meiguices: pode ir de 15 a 20%.

Regressando a Itália, é famoso o hábito do “café suspenso”. Trata-se de pagar dois cafés ao balcão, um para tomar e outro para quem não consiga pagar o seu… A tradição é de Nápoles e nasceu na II Guerra Mundial.

Dinheiro com petit-nom

Para os australianos, uma nota de cinco dólares é um prawn (camarão), porque é cor-de-rosa, a de 20, vermelha, é lobster (lagosta) e a de 50 dólares é pineapple (ananás) por ser amarela. “Empresta-me um ananás” é, portanto, algo possível de se ouvir na Austrália.

O Reino Unido também tem jogos de palavras associados a dinheiro: Archer são 2000 libras, Bag of Sand (saco de areia) são 1000, Monkey (macaco) são 500.

O dinheiro e a sorte. Ou não

Em Portugal dificilmente veremos uma senhora pousar uma mala no chão. Porque traz o terrível azar de afastar o dinheiro. Como nós pensam os espanhóis, os italianos e os lituanos. E os espanhóis gostam tanto de dinheiro que oferecem a planta dólar (Plectranthus verticillatus) a amigos e familiares por ser um sinal de abundância. Ou de azar se quem a tem a deixar morrer.

Outra mania mais ou menos espalhada é a de que encontrar uma moeda no chão dá sorte. Menos comum é a curiosa ideia britânica de colocar dinheiro nos bolsos de roupa nova para atrair sorte. Como também é muito curiosa a tradição de fazer chocalhar as moedas nos bolsos sempre que um cuco canta na Lituânia.

Candy-Saturday

E depois há esta maravilha sueca: as crianças recebem moedas aos sábados para comprar doces. É o “Candy-Saturday”, com que se pretende concentrar o consumo de doces num só dia e evitar o risco de cáries…

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