Jim Morrison

Quem nunca fez um desvio para ver o túmulo de alguém importante (pelo menos aos olhos de cada qual)? Pois bem, não é comportamento de ave rara.

E não se trata de minimizar o valor da morte, mas antes de prestar homenagem ou, até, de tocar a história um pouco mais de perto. Isto se não se acabar a visita com selfies e quejandos a desrespeitar o repouso eterno, seja a tumba do maior facínora do universo, seja de uma estrela do showbiz.

Há até listas, daquelas com números, a elencar as mais visitadas. E porque é Halloween, ou, se preferirem, tempo de finados, olhemos então a que tipo de tumbas se peregrina por aí. Os adeptos do turismo obscuro (tradução livre de dark tourism) terão seguramente listas mais exaustivas. Fiquemos pela dos mais famosos, com base num ranking elaborado pela empresa de visitas guiadas Civitatis.

Elvis Presley (D.R.)

Elvis, o eterno Rei do Rock, é, naturalmente, um dos mais visitados em todo o Mundo. Elvis Aaron Presley Descansa em paz (alegadamente) em Graceland, a mansão que era lar do excêntrico artista que mudou a nossa forma de sentir a música rock.

Elvis Presley, falecido em 1977, aos 42 anos, foi sepultado no cemitério de Forest Hills, em Memphis, mas passados dois meses era transferido para o Jardim da Meditação de Graceland, depois uma tentativa de rouba do túmulo.

Calcula-se que 650 mil pessoas se recolham anualmente sobre a sua tumba, num fervor de homenagem que se transformou num maná financeiro. A cripta de Forest Hills continua a ser, ainda assim, um local de peregrinação de fãs.

Michael Jackson (D.R.)

Michael Jackson, outro Rei, mas do Pop, partiu quase tão cedo quanto Elvis, aos 51 anos, de forma não menos repentina e chocante. E apesar de todos os rumores sobre alegados abusos de crianças ao longo da carreira, o autor de Billie Jean não deixa de ser idolatrado por uma quantidade inimaginável de fãs.

Ao contrário de Elvis e apesar de ter tido a vida ligada a uma propriedade tão feérica quanto Graceland, o Rancho Neverland, Michael Jackson repousa no Forest Lawn Memorial Park, em Los Angeles. Mas fá-lo num túmulo de ouro, prata e mármore avaliado em 900 mil dólares…

Frank Sinatra (D.R.)

Continuemos no mundo da música. Frank Sinatra tinha como cognome The Voice (A Voz) sem ser rei de nada, mas sendo seguramente um dos intérpretes que mais marcou o Mundo.

Ao invés do anteriores, Sinatra teve uma vida longa, que meteu até rumores de ligações à máfia e terminou com uma série de ataques cardíacos aos 82 anos no Cedars-Sinai Medical Center de Los Angeles.

Reza a história que foi sepultado com uma garrafa de uísque Jack Daniels, um maço de cigarros Camel, um isqueiro Zippo e 10 dimes (dez moedas de dez centavos, que nunca largava porque, desde que lhe raptaram o filho pequeno, queria ter sempre a segurança de arranjar moedas para um telefonema). Não será por acaso que o epitáfio do túmulo no Desert Memorial Park de Cathedral City clama que “O melhor ainda está por vir”.

Bob Marley (D.R.)

Bob Marley – chamemos-lhe o Rei do Reggae, por que não – é outro falecido com visitas constantes. Repousa numa capela em Nine Mile, localidade onde nasceu e que transformou no sítio mais procurado de toda a Jamaica.

Marley faleceu aos 36 anos de doença prolongada e, diz-se, está sepultado com a sua guitarra. Ao Mundo deixou a incontornável “Redemption song”.

Jim Morrison (D.R.)

Para lá do túmulo de Jim Morrison, inesquecível voz e rosto dos Doors, a visita ao cemitério Père-Lachaise, em Paris, impõe-se para todos os amantes de arte funerária. A última morada do irreverente artista é até das mais simples do complexo, onde também repousam estrelas como Edith Piaf e Oscar Wilde.

O cemitério é um hino à passagem para o outro lado, o maior cemitério da capital francesa e um dos mais famosos do Mundo. Entre gatos, sombras e estátuas descansam ali um sem fim de filósofos, poetas, escritores, artistas, políticos…

William Shakespeare (D.R.)

Da música para o teatro, atentemos no túmulo de William Shakespeare, em Stratford-upon-Avon, onde o maior dramaturgo de todos os tempos nasceu e morreu, aos 52 anos (1564-1616).

Mais do que o túmulo no cemitério da Santíssima Trindade, Shakespeare deixou à pequena localidade nas margens do rio Avon todo um manancial turístico, da casa onde nasceu à sala onde estudou. Ao Mundo, deixou a mais bela das histórias de amor.

Diz-se que receava que o retirassem da última morada, pelo que deixou o seu prório epitáfio: “Bom amigo, por Jesus, abstém-te / de profanar o corpo aqui enterrado. / Bendito seja o homem que respeite estas pedras, / e maldito o que remover meus ossos.”

Bruce e Brandon Lee (D.R.)

Do teatro saltemos para a representação e procuremos Bruce Lee, o ator que democratizou as artes marciais. Nascido em San Francisco, cresceu na terra natal dos pais, Hong Kong (onde uma das maiores atrações é a estátua à sua imagem), antes de regressar aos Estados Unidos para a universidade, em Seattle.

Apesar de ter morrido em Hong Kong, com uns jovens 32 anos, provavelmente com uma reação alérgica a um medicamento, Lee foi sepultado em Seattle, no cemitério Lakeview, em Capitol Hill. Com ele está o filho, Brandon, morto acidentalmente aos 28 anos durante as filmagens do filme “O Corvo”.

Walt Disney (D.R.)

E porque falamos de cinema, voltemos a Forest Lawn Memorial Park, onde já visitámos Michael Jackson. É ali que descansam as cinzas de Walt Disney, o cineasta que alimentou os nossos sonhos de criança. Faleceu aos 65 anos.

John F. Kennedy e a mulher, Jacqueline Kennedy Onasis (D.R.)

Mas não só de gente das artes se faz a curiosidade tumular. A campa do presidente John F. Kennedy, no cemitério de Arlington, em Washington, é uma das mais visitadas do Mundo.

Além do democrata assassinado aos 46 anos e ainda hoje idolatrado por meio mundo, estão ali depositados os restos mortais de 400 mil soldados e veteranos, pelo que a visita ao maior cemitério militar do país é sobretudo uma homenagem aos heróis caídos pela pátria.

Poderíamos acrescentar reis, como os de Espanha ou de Marrocos, líderes dos vários quadrantes, como Mao Tse Tung, Yasser Arafat, Salvador Allende, ou Kemal Ataturk, e um sem fim de personagens. Fiquemos por aqui. É Halloween, vamos lá pedir doçuras ou travessuras…

 

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