Ride That Monkey (DR)

Chama-se André Sousa, tem 26 anos e uma farta dose de aventureirismo. Saiu de Avis numa minimoto com a pandemia no pico, há dois anos e um mês, mais coisa menos coisa, para uma volta ao Mundo. Segunda-feira pisará Timor-Leste. Com um prémio.

O jovem natural de Oliveira de Azeméis cavalga uma Honda Monkey 125 de nove cavalos e 70 centímetros de altura há mais de 55 mil quilómetros. Já passou 40 países, numa aventura que conta no Instagram @ride_that_monkey e que o colocou há dias em Darwin, na Austrália.

Foi aí que conheceu dois advogados das Nações Unidas com anos de trabalho em Díli e a circunstância de terem privado com José Ramos Horta, Nobel da Paz (1996) e atual Presidente de Timor-Leste.

Interessaram-se pela viagem de André e entenderam que Ramos Horta também se interessaria, conta o motociclista à Lusa, desde Darwin. E arranjaram-lhes um encontro para terça-feira, dia 23.

“Esse casal amigo tratou de tudo, pôs-nos em contacto e agora está combinado com o assessor do Ramos Horta que me vou encontrar com o Presidente no dia 23 de agosto, embora sem a moto, que só sai de barco da Austrália no dia 24 e não vai chegar a tempo de aparecer na fotografia…”

André deixou Portugal em 12 de julho de 2020 atrás de um recorde mundial. O projeto “Ride That Monkey” não incluía Timor. “A ideia era ir logo da Europa para a Ásia, mas tive que alterar o sentido da viagem e começar pelas Américas”, para contornar o facto de a maioria das fronteiras internacionais estar fechada pela pandemia ou haver sérias limitações de mobilidade.

“Por isso é que agora, estando na Austrália e tão perto de Timor, fiz mesmo questão de passar por lá e pela Indonésia antes de seguir para a Malásia e a Tailândia”, explica o aventureiro.

“Mal percebei que podia passar por Timor, isso passou a ser um sonho. Queria conhecer o país, que foi uma antiga colónia portuguesa, e queria sobretudo conhecer Ramos Horta, por tudo o que ele fez pela independência daquela terra”.

Myanmar, Índia, Paquistão, Irão, Turquia e “alguns países do Norte de África” são os destinos seguintes, para que a viagem atravesse efetivamente “todos os continentes” antes do regresso a Portugal, previsto para maio ou junho de 2023.

Em Darwin, André tem estado a tratar lesões com que ficou nas costas depois de ter sido abalroado por um camião na Califórnia, nos EUA, onde fora forçado a parar dois meses. Fisioterapia e medicação ajudaram-no a seguir viagem, mas um longo trecho de deserto australiano intensificou o problema.

Depois de viajar vários dias consecutivos ao longo de 2500 quilómetros de deserto entre Cairns e Darwin, foi obrigado a uma imobilização total durante uma semana. “Agora estou a ser acompanhado por um quiroprático, que já me ofereceu três consultas de 110 dólares cada, como forma de apoiar o projeto”, conta o viajante.

Na Austrália (Ride That Monkey / DR)

A viagem tem ficado “bem mais cara do que o previsto”, por força da pandemia e de imprevistos de saúde. O acidente implicou dois meses de alojamento em Beverly Hills, onde “o hambúrguer mais básico não custava menos de 10 euros”. E o transporte da minimoto desde Santiago do Chile até Sidney ficou por 6000, fora as despesas em documentação exigida pelas autoridades australianas para seguir para Timor.

Os patrocinadores do projeto e os “donativos e apoios de muita gente diferente, de todo o Mundo” têm sido fundamentais para concretizar a viagem. Tem 40 seguidores de vários países que lhe doaram 50 ou 100 euros em troca de terem o seu nome gravado no tanque de combustível da Monkey. E agora, por exemplo, está alojado em casa de uma família portuguesa em Darwin.

Para poupar, vai tentar circular mais por zonas onde haja comunidades lusodescendentes que o possam acolher. Tem sido recebido sobretudo por estrangeiros, mas não esconde a preferência: “Gosto sempre mais de ficar com portugueses. Eles fazem de tudo para me ajudar e facilitar a vida, e, quando estamos juntos, é como regressar a casa um bocadinho”.

 

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