O Rio de Janeiro é famoso pela comida de boteco (Carlos Ortega/Flickr)

O Brasil tem a diversidade de um continente e de toda a arte culinária ancestral trazida por quem fez dele o que ele é hoje: um país que não cabe no sol e na praia a que tanto os colam. E quer ser, por isso, o melhor destino gastronómico da América Latina.

Quem vai ao Peru sabe o que vai comer. Quem chega ao Brasil comerá aquilo que o lugar onde está tiver. Dizem-nos na Bolsa de Turismo de Lisboa, naquela que é a maior área de exposição entre os destinos internacionais. Atrás dela, o chef Guga Rocha, de Maceió, Alagoas, cozinha-nos uma moqueca com tucupi, vinagrete de manga, flor de jambu e farofa – porque “sem farofa não existe humanidade”.

Guga Rocha explica com as suas raízes aquilo que a agência de promoção do turismo do Brasil (Embratur) quer dizer a todos quantos visitam o stand do Brasil na FIL: não há ali um país. Há o Mundo. Da sua Alagoas traz o exemplo do Quilombo de Palmares, uma dos maiores concentrações de escravos rebelados no Brasil. Dali veio muita da África da comida do Nordeste. Dendê e outras delícias. E conta do pirão, essa iguaria “conversada” entre o funge africano e a polenta indígena. E conclui: “O Brasil é dos poucos povos do Mundo que pode dizer: a minha cozinha originou-se aqui”.

É este Brasil do sabor e do saber que a Embratur quer promover, explica Marcelo Freixo, presidente da agência. Dentro da mensagem para o Mundo – “O Brasil não é só sol e praia” – cabe a gastronomia, que cabe dentro da cultura e dentro da história e dentro, até, da Natureza.

“O Brasil tem seis biomas”, a “maior biodiversidade do Mundo”, com produtos nativos e outros trazidos pelos portugueses e outros migrantes. Rafael Tonon, jornalista e crítico de gastronomia, resume: “Adicionada a um caldo que já era muito bom, isto deu um caldo muito rico”.

Show cooking no expositor do Brasil, na BTL (DR)

Da carne dos gaúchos do sul à herança afro do norte, passando pela comida de boteco do Rio e terminando na mistura de tudo que é Minas, o Brasil apresenta-se, já, como um destino gastronómico, com empresas especializadas em roteiros do palato, como a Food Safaris, que começou com expedições no Pantanal.

E é, resto, essa a motivação referida por 25% dos portugueses que viajam até àquele país. Claro, 46% colocam à frente o sol e a praia, mas as tendências estão a mudar.

A aposta em Portugal vai no sentido de fazer crescer o mercado florescente: 180 mil portugueses viajaram até ao Brasil em 2023, contra 150 mil em 2022. Com 11 capitais de estado ligadas a Portugal pela TAP (80% das ligações Portugal-Brasil) e a previsão de aumento de voos no verão, a Embratur acredita poder contar já este ano com mais portugueses entre os seus visitantes. E vai voltar a abrir representação em Lisboa. Porque Portugal é o português, mas é também a porta de entrada e de saída do europeu para o Brasil, diz Marcelo Freixo.

A BTL abriu portas esta quarta-feira na FIL para um certame que se quer o maior de sempre. E contou já com visitas políticas. O presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, passeou pela feira e fez questão de parar uns minutos no Brasil.

A maior feira de turismo do país estende-se até domingo.

 

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